𝟎𝟑

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Já é noite do outro dia, e Aemond não voltou até agora, de acordo com meu irmão ele iria apenas acordar algo com o Lorde Baratheon. Mas até agora ele não voltou. Estamos eu, Alicent e Helaena jantando. Aegon sumiu desde que o dia escureceu, provavelmente está em alguma casa de prazeres comendo uma puta, tomara que continue assim, longe de mim. Sir Otto está em uma reunião com os conselheiros do rei, já que Aegon não consegue cumprir com seu papel direito.

O jantar sempre é silencioso, eu estava apenas ouvindo o barulho de minha respiração.

— Tem noticias de Aemond? — pergunto para Alicent.

— Até agora não. Nenhum corvo. — e foi isso. A primeira e última conversa.

Helaena se mantinha quieta, sem expressar reações a respeito da conversa sobre seu marido.

O jantar acaba e todas nós vamos para seus aposentos. Pedi para Amara preparar um banho morno com pétalas para mim, não tinha sensação melhor do que sentir o cheiro de pétalas vermelhas.

Me despido de todos os tecidos que envolviam meu corpo e apertavam até minha alma e entro na banheira morna e cheirosa. Novamente meus pensamentos se concentram apenas em Jacaerys Velaryon. Penso como está o relacionamento dele com Baela, acho que eles ainda não se casaram nem tiveram filhos, se não seria mais perigoso para nós, com possibilidade da linhagem de Rhaenyra subir ao trono, ou seja, Otto já teria comentado. Ainda ando magoada com essa noticia, desde ontem esperava que o jovem de cabelos negros viesse me buscar algum dia. Mas mesmo assim, acredito que Rhaenyra ou Daemon nunca aprovariam uma relação entre nós dois, então seria melhor mantermos a distância.

De repente minha porta é aberta com toda força, DE NOVO. Eu não aguentava mais isso, se fosse Aegon bêbado novamente eu o mataria ali mesmo. Levanto da banheira, mesmo totalmente nua, eu já estava estressada o suficiente para ligar para minhas roupas.

Meu corpo está todo fora da banheira, quando olho para frente vejo Aemond com um rosto pálido e preocupado. O loiro vem rapidamente em minha direção, segurando minha cintura e me encostando para um abraço. Seu braço me envolve minhas curvas com força, o mesmo estava me apertando tanto que meus seios já estavam doendo.

— Deixe pelo menos eu me enrolar em um pano, Aemond. Sua roupa ficará encharcada, e você está me machucando.

— Eu matei Lucerys Velaryon.

Eu não acredito nisso.

Já estamos na sala do conselho real. Eu, Aemond, Aegon, Alicent e Otto reunidos por culpa da insolência de Aemond por matar um dos filhos de Rhaenyra. Agora realmente é uma guerra.

Assim que Aemond me contou sobre a sua burrice catastrófica o larguei e fui vestir algo depressa, tanto é que estou usando um pijama com algo por cima, não sabia se era um manto ou toalha. Mandei ele ir para sala do conselho e chamei todos para uma conversa urgente.

— Você perdeu um olho mas parece estar totalmente cego. — diz Otto gritando. — Como pode ser tão burro, Aemond?

Aemond se manteve a todo o momento calado, mas seu rosto não mostra arrependimento, para falar a verdade, não mostra nada.

— Que a mãe nos proteja. — diz Alicent com uma cara preocupada, e com sua voz falha.

Aegon estava tão bêbado que nem acordado estava. Ainda penso como Alicent pode colocar uma filha sua para casar com alguém tão porco.

— Aegon nem ao menos está acordado. — digo com uma voz de desprezo. — O que faremos, Sir Otto?

— Alicent, mande um corvo para Rhaenyra, diga-a que foi um acidente da parte de Aemond.

Nesse momento só ouvimos uma risada sarcástica da boca de Aemond, ele está brincando com fogo agora. Sir Otto não diz mais nenhuma palavra e apenas se levanta de pressa, era óbvio que o velho estaria a um passo de esganar Aemond se continuasse ali. Alicent se levanta logo depois de seu pai, também calada.

— Eu te falei. Eu te falei para não se meter em encrenca, e agora olha o que você faz. — pela primeira vez aumentei meu tom de voz com meu irmão gêmeo. — Me fale, você fez de propósito? Você matou Lucerys de propósito?

— Aemond você fez certo... — calo Aegon com um tapa em sua cara.

— Alyssa cuidado. — Aemond fala algo pela primeira vez na noite.

— Esse rei desgraçado está tão bêbado que não lembra nem seu nome. — digo já explodindo. — Eu falei. Eu avisei. Agora vamos sofrer nossas consequências.

Eu pensei, e pensei muito. Resolvi mandar um corvo para Jacaerys.

Estava pensando, se eu desse um sinal de vida para ele, será que ele me responderia. Tanto faz. Eu queria que ele soubesse que não estou envolvida na morte de seu irmão, então é a melhor coisa que tenho a fazer. Procuro qualquer pedaço de papel em meu quarto e minha pena, quando acho, começo a escrever rapidamente.

Jacaerys,

Estou mandando esse corvo para saber como você está. Fiquei sabendo da morte de Luke, e queria pedir desculpa apenas a você, mas em nome da nossa família, e gostaria de dizer que não existe outro culpado sem ser Aemond, eu juro pelos Deuses. Além disso, na verdade principalmente, queria mandar minhas condolências para vocês, Luke era um menino muito gracioso. Peço que mantenha esse corvo em segredo.

Alyssa Targaryen.

Eu tenho a breve sensação de que ele com toda certeza não me responderia, mas eu precisava ao menos tentar. Daqui a 2 dias me casarei com Aegon, e também mandei essa mensagem para ele lembrar que eu existo e vê se ele lembra de sua promessa, humilhante. Mas também mandei para ver se ele se confortava com minhas palavras, Luke era um menino incrível, não merecia esse final.

Corro pelos corredores do castelo, mas sorrateiramente, até encontrar o corvo mais próximo. Nenhum soldado poderia me ver agora, seria extremamente arriscado, pegariam minha carta.

— Aqui corvinho. — prendo o pequeno bilhete em sua patinha. — Entregue isso com segurança.

O corvo parte e fico parada observando a noite e o luar. Eu não consigo nem pensar como seria minha vida daqui em diante, casada com Aegon. Isso martela tanto na minha cabeça que já está enjoativo, mas sinceramente, é impossível esquecer disso.

— O que a princesa Alyssa faz uma hora dessas da noite aqui. Sozinha.— diz Cole parado atrás de mim.

— Por que a curiosidade, Sir Cole? — respondo com uma voz calma, para não parecer culpada.

— Muito pelo contrário, princesa. Mas creio que isso não é horário para minha princesa estar acordada.

Eu precisava contornar essa situação. Me aproximo devagar de Criston, com os passos leves, ficando 1 centímetro de distancia de seus lábios.

— Pode ficar tranquilo, Criston. Eu te chamarei se for necessário.

Agora era torcer para o mesmo não comentar com ninguém, principalmente Otto. Viro minhas costas para Cole e sigo em direção para meu quarto. Eu queria olhar para trás para ver sua feição.

Chego em meu quarto e acendo uma velinha em homenagem a Luke, ele sempre foi atencioso comigo e Helaena, inclusive na ultima vez que veio em Porto Real trouxe duas flores, uma para mim e outra para minha irmã. Rhaenyra também não merecia isso, seu filho morreu de uma forma certamente trágica, eu realmente gosto dela, espero que eles não me culpem por algo que não fiz.

𝗧𝗛𝗘 𝗗𝗔𝗨𝗚𝗛𝗧𝗘𝗥 𝗢𝗙 𝗗𝗥𝗔𝗚𝗢𝗡𝗦; 𝗁𝗈𝗎𝗌𝖾 𝗈𝖿 𝗍𝗁𝖾 𝖽𝗋𝖺𝗀𝗈𝗇𝗌Onde histórias criam vida. Descubra agora