A voz do meu silencio

Capítulo 12

Se poderia piora claro que poderia, a neve começou a cair separando tudo e congelando as feridas.

A neve começava a cair, pintando a floresta de branco e deixando o ar gélido e cortante. Lívia, Daryl e Beth estavam juntos, separados do resto do grupo após a queda da prisão. Eles andavam lentamente, os olhos atentos ao redor, procurando sinais dos outros sobreviventes.

Daryl estava na frente, seu rosto endurecido pela perda recente, mas ainda determinado a seguir em frente. Beth caminhava ao seu lado, os olhos vermelhos de tanto chorar, mas tentando manter a esperança. Lívia seguia um pouco atrás, os pensamentos turvos e confusos.

Beth suspirou, tentando aliviar a tensão. - Daryl, o que vamos fazer agora? Não sei se posso... se consigo lidar com tudo isso, - , a voz quebrada pela tristeza.

Daryl parou por um momento, virando-se para ela. -A gente vai continuar. Encontrar os outros. Sobreviver, - tentando soar confiante, mas havia um peso evidente em suas palavras.

Beth assentiu, mas era claro que ela estava lutando contra suas próprias emoções. - Talvez... talvez eu devesse beber alguma coisa, sabe? Pra ser mais fodona, como você, - tentando esboçar um sorriso.

Daryl soltou um suspiro, balançando a cabeça. - Beth, beber não vai resolver nada. Só vai te deixar mais vulnerável.

Lívia observava tudo à distância, sentindo-se como uma espectadora em sua própria vida. Cada interação entre Beth e Daryl parecia um golpe em seu coração. Ela viu Beth se aproximar mais de Daryl, buscando conforto e apoio. O laço entre os dois estava se fortalecendo, e Lívia se sentia cada vez mais deslocada.

Beth olhou para Lívia, percebendo seu silêncio. -Lívia, você está bem? Sei que tudo isso é difícil...

Lívia forçou um sorriso, mas não conseguiu esconder a dor em seus olhos. "Estou... estou bem," tudo que fez foi sorrir de leve acreditando em suas próprias palavras.

Enquanto continuavam a caminhar, a neve começava a se acumular no chão, tornando a caminhada mais difícil. Daryl parou de repente, levantando a mão para sinalizar que eles deviam parar. Ele olhou ao redor, os sentidos aguçados.

- Vamos acampar aqui por um tempo. A neve está piorando, - ele disse, começando a preparar um pequeno acampamento.

Beth começou a ajudar, tentando manter a mente ocupada. Lívia, no entanto, se afastou um pouco, olhando para a floresta ao redor. Ela se sentia sozinha, mesmo estando com os dois. A dor de ver Daryl e Beth se aproximando era quase insuportável.

Quando o acampamento estava pronto, Beth se aproximou de Daryl novamente, os dois sentados perto do fogo. Lívia estava do outro lado, observando silenciosamente. Ela queria se sentir parte daquele momento, mas a barreira emocional era forte demais.

Beth pegou uma garrafa de álcool que encontrara em um dos esconderijos. - Talvez só um gole, Daryl. Só pra aquecer um pouco,- como se isso justificar.

Daryl hesitou, mas acabou cedendo. - Só um gole, então.

Beth deu um pequeno gole e fez uma careta ao sentir o gosto forte. - Não sei como você consegue, Daryl,- rindo um pouco.

Daryl sorriu levemente. - A prática ajuda.

Lívia observava a interação, sentindo-se cada vez mais deslocada. Ela não sabia como se inserir naquele momento, como quebrar a barreira que sentia entre ela e Daryl. A conexão entre Daryl e Beth parecia crescer a cada segundo, enquanto ela se sentia cada vez mais invisível.

Finalmente, Beth olhou para Lívia novamente. - Quer um gole, Lívia? Pode ajudar a esquentar.

Lívia balançou a cabeça. "Não, obrigada."