Ao ouvir seu nome ser chamado por um dos garçons no microfone, João Vitor caminhou animadamente até o pequeno palco, pegou seu violão e passou o cinto que o segurava, por seu corpo, de modo que o instrumento ficasse pendurado em si. Ajustou a altura do tripé a sua frente e começou a tocar as primeiras notas
— Filhos da noite, vida sem rumo… — as pessoas que estavam ali próximo, sentadas nas pequenas mesas do bar, vibraram e já aplaudiram apenas pela primeira frase
— Eu adoro essa música, é uma das que eu mais gosto! — Renan exclamou, assistindo à performance de “A rua”
— É muito boa, mas eu também amo “Lindo demais” — Giovana comentou, dançante em meio a melodia animada
A voz afinada e bem estruturada de Jão preenchia o ambiente, todos ali se mantinham entretidos com a música, batendo palmas ou até mesmo cantando juntos. Ao finalizar a primeira da noite, o cantor já seguiu com mais uma
— Você me ama bem mais, eu me distraio um pouco…
E mais uma vez, os clientes vibraram, essa é de fato uma das músicas que mais têm sucesso, “Vou morrer sozinho” é de fato um ícone, justamente por bastante gente ali se identificar com ela
— Ai meu Deeeeus eu vou morrer sozinho… — Maria Luisa berrou o refrão, já bêbada pelas cervejas e coquetéis que tomara
— Fala isso pra todos os caras que vivem correndo atrás de ti — Pedro disse, a olhando
Ela nem deu bola, apenas continuou cantando e bebendo. Não demorou para que essa música se encerrasse e João segurar o microfone, começando a dizer:
— Bem… Essa próxima música eu dedico a uma pessoa que eu gosto muito, não só gosto, mas que… é muito especial pra mim, talvez ela nem saiba que é pra ela, mas espero que pelo menos goste — sorriu
O escorpiano segurou seu violão mais uma vez e fez um som alto com as cordas
— Porra, a gente se ama, isso é lindo demais…
A forma como ele canta a canção, com tanta vontade e confiança, é perceptível por qualquer um que esteja ali, mesmo que não o conheça. João Vitor sempre teve talento para música e seus amigos sabem disso, fazendo questão de insistirem na ideia de que ele deveria investir em uma carreira musical. E estão tentando, é um tiro no escuro, pode dar muito certo ou dar muito errado, mas nunca iriam deixar de tentar
Ao longo das melodias, o cantor encarava Tófani, que mantinha o olhar fixo nele, aquela música era inspirada neles dois, está literalmente escrito o quanto o cacheado ama aquele garoto, fez várias músicas apenas para ele, mas que nunca cantou para ninguém. Talvez o acastanhado também o amasse, mas Romania não tinha certeza disso
Pedro sentia seus batimentos cardíacos acelerados, um calor em seu corpo e uma perda de fôlego todas as vezes em que recebia um olhar de Jão
Mais algumas canções foram cantadas e logo o show chegou ao fim, o escorpiano foi muito aplaudido, todos gostaram de sua apresentação e haviam apenas elogios. Voltou para mesa em que estava com seus amigos, com um sorriso de orelha a orelha, os olhos enrugados e diversos suspiros, como se uma boa dose de serotonina tivesse sido liberada em seus vasos sanguíneos
— Aeee João! Nosso cantor fazendo sucesso! — Malu exclamou ao vê-lo se sentando na cadeira fazia, em sua diagonal
— Cê canta muito, garoto, eu falei! — Renan também complementou
— Sério, eu fiquei toda arrepiada naquele falsete de “Me beija com raiva”, foi incrível demais. Você arrasa, primo, tô orgulhosa — Gio o abraçou carinhosamente, o vendo sorrir e rir
— Obrigado, gente, de verdade
— Você cantou muito bem, todo mundo gostou, foi perfeito! — Tófani sorriu também, observando o cacheado ao seu lado
— É tão bom saber que o pessoal gostou, tipo, é o meu trabalho e ninguém reclamou e… Ai, vou chorar — baixou a cabeça, tentando se conter, rindo e sorrindo ao mesmo tempo
— Chora não, que hoje é dia de comemorar — Maria Luisa impôs, já enchendo o pequeno copo na frente de seu amigo
Cada um segurou seu copo/taça/lata e brindaram, gritando em conjunto e dando um gole em suas respectivas bebidas. O resto da noite se seguiu animada, com fofocas, bebidas, histórias de vida sendo contadas, muitos risos, alguns choros e acima de tudo: comemoração11:20 p.m
— Eu vou pedir aqui no meu pra levar elas — Renan disse para Pedro —, ‘cê leva o João?
— Levo sim
Então ambos abriram o celular e pediram um uber, na verdade dois, pois o sócio vai levar Giovana e Maria Luisa para suas casas e Tófani levará João, já que apenas eles dois são os que estão mais “sóbrios”, ou melhor, menos bêbados. Um carro parou em frente ao bar, esperando alguém
— Ah, chegou — guardou o celular no bolso —, pode me ajudar a levar elas?
— Aham, vamos
Os dois foram em direção a mesa, Gio estava acordada, conversando com seu primo, não queria ir embora, mas foi convencida pelo aquariano
— Olha… Você é um amigo chato, nem o Leo me tratava assim — ela cambaleava até o carro, dizendo a frase com uma voz embriagada
— Quem é Leo? — perguntou, tentando entender algo
— Eu também não sei — ela riu alto
— Ahh Giovana… Vai embora — ela entrou no veículo, sentando no banco de trás
Pedro virou o rosto, avistando sua outra amiga quase desacordada, andando ao lado de Renan, com seu auxílio
— Eu sabia que ela iria encher a cara hoje, amanhã vai ter uma ressaca desgraçada — o acastanhado comentou, assistindo seu amigo a colocando no banco, ao lado da Romania
— Eu avisei, mas ela não me ouve — fechou a porta e abriu a da frente, se sentando no banco do carona —, preciso dormir, tô com sono… Tchau, Pedro, boa sorte aí com o seu cantor cachaceiro
— Meu? — corou
— É, eu sei que você gosta dele, você disfarça muito mal — ele falou meio risonho, com um toque de embriaguez em sua voz
— N-Não, sai pra lá, Renan
— Enfim, até amanhã. Ah, não esquece de usar camisinha
— Ah, vai se fuder! — seu rosto ganhou uma coloração bem avermelhada
O vidro foi fechado e Pedro observou o carro tomando distância, até não conseguir mais vê-lo
— Será que tá tão nítido assim? — perguntou para si mesmo e virou o rosto, avistando Jão com a cabeça e os braços na mesa, aparentemente, estava dormindo
Andou até ele e verificou o próprio celular, vendo que o motorista não demoraria a chegar, então sacudiu o Romania levemente
— João, acorda, a gente precisa ir pra casa
O observou levantar a cabeça e olhar ao redor
— Não quero… — deitou novamente entre os braços
— A gente precisa ir, o bar já tá fechando e o motorista jajá vai chegar!
— Motorista? — murmurou
— Sim, eu chamei um uber
Então com bastante esforço, o moreno se levantou, tentando se manter de pé com a ajuda de seu amigo
— Você vai me levar em casa… — riu — Por acaso sou sua esposa? — riu bêbado
— Isso é uma mera caridade… eu poderia te deixar largado nesse bar, mas sou uma pessoa boa — cambaleou
Então mais um carro parou em frente ao local e os dois entraram no veículo, ficando juntos no banco de trás
— Ainda bem que eu já pago no cartão, tô nem conseguindo contar dinheiro — comentou baixo
Durante o trajeto, o cantor apagou mais uma vez, deitando a cabeça no ombro do aquariano, é incrível como mesmo depois de cantar, suar e beber horrores, João ainda consegue ser cheiroso, isso é uma das coisas que mais chama a atenção de Pedro
Sem muita demora, chegaram na pequena casa que o cacheado havia alugado há pouco mais de seis meses. Depois de muita insistência, o escorpiano foi acordado novamente e tirado do carro, com seu braço apoiado no ombro do de cabelos castanhos. O carro tomou distância deles, até desaparecer nas ruas vazias, se aproximaram da calçada até ficarem de frente para a casa de João Vitor
— Cadê sua chave?
— No meu bolso
Tófani ficou esperando o momento em que o outro colocaria a mão no próprio bolso e lhe entregaria a chave, o que não aconteceu, então ele mesmo teve de buscar o objeto para terem um teto para dormir. Assim que conseguiu e começou a destrancar a porta, Pedro ouviu seu nome ser chamado de forma arrastada e baixa pelo amigo
— O que foi, João?
— Eu tô enjoado… — murmurou
— É nisso que dá encher a cara de cachaça
— Não foi cachaça… E você também tomou! — apontou para ele
— Mas eu sou mais responsável, não bebi tanto assim — balançou a cabeça com os olhos fechados, a fim de melhorar o embaço em sua visão
— Eu… — sua frase foi cortada por um grunhido pouco alto e todo o álcool que havia bebido, voltou de repente, o fazendo vomitar praticamente em cima de Pedro
— Puta merda, João Vitor! — abriu a porta da casa, entrando junto com ele
— Foi mal…
Andaram até a pequena sala, onde o aquariano deixou o amigo no sofá, que se acomodou de imediato
— Como eu vou fazer agora? — pensou alto
— Usa uma roupa minha — o cacheado murmurou
— Uma roupa sua…?
— É, não tenho só essa roupa, se você não sabe
O acastanhado olhou a hora em seu celular, já era quase meia-noite
— Eu preciso ir casa… — tentou andar na direção da porta, mas sentiu seu pulso ser segurado, o que lhe impediu
— Fica aqui comigo, Pepê, por favor. Já tá tarde pra você voltar — João o olhou com a típica cara de cachorrinho abandonado
A cabeça de Tófani já começava a doer até para pensar direito, então apenas aceitou que realmente estava tarde e teria de ficar ali até o dia seguinte
— Tudo bem, eu fico. — suspirou derrotado — Mas preciso de um banho, pra tirar esse seu vômito
O cacheado apontou para a direção em que ficava o banheiro — que Pedro já sabia bem, por frequentar a casa dele — e disse:
— Pode pegar o que você quiser no meu guarda roupa
— Vou tomar um banho primeiro
O cantor apenas fez um joinha com a mão e enfiou a cara no sofá. O acastanhado foi até o quarto alheio — o único da casa, por sinal — e se direcionou ao armário, o abrindo e procurando uma toalha para que pudesse se lavar
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Versos e acordes: um compilado de sentimentos (Pejao)
Fanfiction- Um compilado de oneshots individuais Pejão - Sem nsfw - Nada do que é escrito aqui é real - Isto é apenas para entretenimento público, não tenho a intenção de ofender ngm!!!! - História de minha autoria ⚠️ PLÁGIO É CRIME ⚠️