Versos e acordes: um compilado de sentimentos (Pejao)

chocolate quente

01:20 p.m

  A passos curtos e poucos sonolentos, João anda até a cozinha, a fim de preparar algo que o faça dormir, a insônia já lhe tirou precisas horas de sono, mas ele já sabe exatamente o que irá fazer: chocolate quente. Afinal, nada como uma boa bebida quente para cair num sono. Ao abrir os armários e pegar tudo que irá usar, começou a preparar a bebida.
  Misturou o leite com o chocolate, o amido de milho e um pouco de açúcar e diluiu tudo, logo levando ao fogo e mexendo bem com uma espátula de silicone.
  O cheiro já se faz presente no ar, o cantor já pode se imaginar bebendo uma boa caneca de chocolate quente — que seria ainda melhor se tivesse marshmallows, mas esqueceu de comprar, então o jeito é fazer com o que tem — e relaxando depois do dia demasiadamente cansativo, ainda mais depois da discussão com…
— Pedro? O que você tá fazendo acordado a essa hora? — perguntou ainda mexendo seu pequeno lanche, enquanto o diretor pega um copo no armário
— Eu que te pergunto… — espiou a pequena panela — Chocolate quente?
— É, eu não tava conseguindo dormir, aí como chocolate quente sempre acaba me dando mais sono, resolvi preparar uma caneca
— Ahh sim — foi na geladeira e encheu seu copo com água, depois se encostou no balcão, começando a beber
— Ainda não respondeu minha pergunta — comentou
— Vim beber água, acordei com sede. E com esse seu chocolate aí, o cheiro já chegou lá no quarto, sabia?
  Jão riu com a última parte
— Que bom então, significa que vai ficar gostoso — sorriu, satisfeito consigo mesmo
  Pedro não deixou de notar a pia limpa, que está bem perceptível, de onde ele está
— Ah você… Lavou a louça? — perguntou indo até a mesma e ligando a torneira, passando água no copo para guardá-lo depois
— Sim, lavei — desligou o fogo e abriu a ponta da pequena caixa de creme de leite, despejando na panela e mexendo novamente
— Que bom que você prestou atenção no que eu disse, pelo menos
— Só tava cansado de brigar por causa daquilo, aí lavei logo
— Sei — o acastanhado voltou a se escorar no balcão, observando o que seu namorado está fazendo —, só assim pra você fazer as coisas…
  Ele viu João Vitor respirar fundo
— A gente já conversou sobre isso, foi culpa nossa
— Nossa uma vírgula, foi sua, que esqueceu que era o seu dia de lavar a louça
— Nós vamos mesmo voltar nisso? — o encarou após pegar uma caneca de “Naruto” do armário e fechá-lo
  Pedro apenas fechou a cara e virou o rosto. Jão começou a despejar a bebida na caneca
— Incrível isso, você começa as brigas e depois que já me deixou mal, não quer mais discutir — o diretor bufou
— Eu só não quero continuar brigando, mas você não se contenta de isso já ter passado — começou a raspar o fundo da panela
— Eu só fico indignado com você querendo me culpar pelas coisas
— EU te culpar?! — o olhou fixamente — Pedro, tudo que acontece aqui nessa casa, você coloca a culpa em mim, nada é você, se não sou eu, são os gatos, mas nunca você, né?! — disse com certa indignação
— Eu reconheço quando eu erro, não fico te acusando sem provas — se defendeu
— Fica sim — deixou o copo na bancada e levou a louça para a pia, começando a lavar —. Você pode até reconhecer erros de vez em quando, mas o seu primeiro reflexo é me acusar, sempre. Já parou pra se colocar no meu lugar um pouco?
— Eu me coloco no seu lugar muitas vezes, João, mas você fica querendo achar justificativa pra tudo! Você reclama que eu não aceito as coisas, mas é você que não aceita, aí a gente só acaba brigando ainda mais
  Viu o cantor respirar fundo
— Se você fosse um pouco mais compreensivo, a gente não estaria brigando agora
— Ah, eu que não sou compreensivo, n… — sua fala foi cortada pelo namorado
— Para, Pedro! — elevou um pouco mais sua voz, mas sem gritar — Porra, eu já cansei! Sou sempre eu que tenho que ficar aguentando tudo, eu te entendendo tantas vezes, tento ser o mais compreensivo possível porque sei que você trabalha muito e é difícil, mas às vezes parece que você não faz o mesmo por mim. Eu tô cansado de sempre levar a culpa por tudo porque você não sabe assumir os próprios erros e ao invés disso, só fica achando justificativas e desculpas igual uma criança! — disse olhando para ele, com certa raiva em sua voz, logo voltando a fazer o que estava fazendo
  Um silêncio ensurdecedor se fez ali naquela cozinha, daqueles que até se escuta um apito de fundo. Tudo o que João disse ecoa na cabeça do diretor, ele não sabe bem o que dizer depois de ter ouvido tudo isso. Conforme o silêncio se estica pelos segundos, o escorpiano pensa se pegou pesado demais nas palavras. Talvez não, Pedro precisava ouvir o que ouviu
— Ok… — Tófani disse por fim, quebrando o silêncio — Já entendi, sou uma criança mimada, né? Que não sabe fazer nada direito, muito menos reconhecer uma atitude que é minha
  É, talvez João Vitor tenha exagerado um pouco no que disse
— Não tô dizendo que você é — deu ênfase nessa letra — uma criança mimada, só disse que você tem algumas atitudes de uma e isso é chato, porque parece que você não me entende e isso acaba machucando
— Eu sei disso… — disse baixo, encarando o chão
  Mais alguns torturantes segundos de silêncio naquele ambiente e o diretor já não aguenta mais. Ele vê seu namorado terminar com a louça com uma calma impressionante, sabe que o escorpiano está certo, mas nem sempre gosta de admitir que ele mesmo, Pedro, está errado. Isso é do próprio ser humano, de seu próprio egoísmo. Todo mundo quer ter razão, mas é importante que se saiba lidar quando não tiver, algo que Tófani ainda precisa aprender dentro desse relacionamento, pelo visto
— Bom, acho melhor eu ir deitar, hoje o dia vai ser longo — começou a andar em direção ao corredor, a fim de ir logo para o quarto que divide com o cantor
— Não quero dormir brigado com você — disse depois de uma pausa
  Ouvir aquilo fez o aquariano parar imediatamente, mas ainda na mesma posição
— E acredito que você também não queira, eu te conheço
  Pedro virou-se, vendo seu namorado meio debruçado no balcão, dando um gole em sua bebida após falar e o olhando
— Como que você pretende resolver isso, então? — o loiro questionou
— Não sei, sou sempre eu que tenho que resolver tudo aqui? — perguntou irônico e bebeu mais um pouco
  O aquariano começou a pensar um pouco, a fim de encontrar uma forma de resolver o conflito
— A gente pode… Anotar no celular? O que cada um tem que fazer no dia?
— Pode ser. Você acha que essa é uma boa ideia?
— Ah… Acho que pode funcionar — disse meio inseguro
— Tudo bem então — deu mais um gole no chocolate
  Mais um silêncio foi feito ali, João está calmo, bem mais relaxado do que Tófani achava que estaria, então logo tratou de falar algo. Tirar uma dúvida, na verdade
— Você me desculpa por não ter te ouvido e ter colocado a culpa em você? Não só dessa vez, todas as outras
— Desculpo sim e me desculpa também, pela forma como eu falei com você
— Tudo bem, acontece. Vou melhorar com a gente — sorriu tímido
  Mais um pouco de silêncio e novamente, o acastanhado tratou de quebrá-lo
— Então… Estamos de bem?
— Sim
  Um sorriso se fez nos lábios de Pedro, o alívio por toda aquela tensão ter chegado ao fim, consumiu seu corpo e ele pôde finalmente se sentir bem
— Que bom, agora me dá um gole desse chocolate aí — pediu enquanto andava na direção de João e se escorou no balcão à frente dele
  O outro riu com a ação inesperada, mas entregou a caneca à ele, que deu um gole e fechou os olhos em apreciação
— Nossa, isso ficou muito bom!
— Claro, fui eu que fiz — viu o diretor dar mais um gole, dessa vez mais longo
— Fazia tempo que você não fazia um chocolate quente tão bom assim!
— Tá dizendo que eu não sei cozinhar, é? — dramatizou
— Só tô dizendo que faz tempo, os outros não eram como esse — o cantor viu ele beber mais um pouco
— Ei, deixa pra mim também, viu? — brincou
— Toma — entregou a caneca de volta após beber o quanto queria
  Após conversas, beijos por cima do balcão e muitas risadas, decidiram voltar para o quarto e continuar dormindo, senão passariam o dia com sono e sem conseguir trabalhar bem.
  Deitaram-se e Pedro começou a fazer cafuné nos cachos loiros do namorado, enquanto conversavam mais
— Tá bom, melhor a gente ir dormir, senão mais tarde nem eu nem você vamos conseguir trabalhar direito
— Aff, queria ficar mais com você — João reclamou
— Eu não fugir, quando a gente acordar eu ainda vou estar aqui pra gente continuar vivendo juntos
— Tá bom, senhor Pedro Tófani
  O outro riu
— Boa noite, amor
— Boa noite, Pepê
  Deram um selinho de boa noite e se ajeitaram mais uma vez, o que os deixou mais confortáveis para dormir.
  E não demorou muito para que pegassem num sono, abraçados e de bem novamente, sem brigas, desconfortos ou tensões, claramente a fase que mais gostam no próprio relacionamento e não trocariam por nada, muito menos uma briga 

Nota da autora:
Oi oiiie, gente, como vcs estão? Espero muito que estejam bem e que tenham gostado do capítulo de hj. De antemão, já peço desculpas por esse ter sido mais curto e não tão bom quanto os outros, novamente tô passando por um luto e tá difícil por aqui, mas vai dar certo
Se cuidem, bebam água e não esqueçam minha estrelinha, tá? Fiquem bem,

Até a próxima!!! 😊💗