“Call my mother
call my mother now
I'm laying on the couch
like I am six feet underDeitado no sofá, praticamente jogado, João mexe no celular, olhando publicações de pessoas que odeia, em redes sociais. Tudo está tão perdido, inclusive ele, que já não sabe mais o que fazer com a própria vida sem ele. Ao escutar batidas na porta, uma esperança tomou conta de seu coração. Será que Pedro teria mudado de ideia?
— Entra — disse com certa empolgação
A porta de seu apartamento foi aberta, mas não era quem o cantor esperava que fosse
— Ah, é você… — deixou escapar
— Que foi? Não gosta da minha humilde presença?
— Não é isso, só esperava que fosse outra pessoa — disse desanimado
— Sei bem que você esperava que fosse
Renan, um de seus melhores amigos — e único, agora — entra e deixa sua mochila em cima da mesinha de centro da sala
— Vim te chamar pra sair
— Sair pra onde? — desligou o celular
— Sei lá, andar no meio da rua. Já fazem semanas que você tá trancado em casa, daqui a pouco você vai se fundir nesse sofá
— Só ligando pra minha mãe — resmungou, virando-se de lado
— Quê?
— Só ligando pra minha mãe agora pra eu sair, porque nem ela me obriga. Não quero, não vou
— João, você precisa sair um pouco de casa, eu sei que tá difícil, que tá doendo, mas você não pode viver assim pra sempre — se aproximou de onde o garoto está deitado e se sentou ao lado dele
Não ouviu ele dizer outra coisa
— Eu só quero o seu bem, a gente não precisa ir pra muito longe, pode ser só uma volta aqui no bairro mesmo, se você não se sentir confortável de jeito nenhum, a gente volta pra cá
Viu o outro virar-se para si
— Se eu não gostar, a gente volta?
— Sim, voltamos — uma esperança acendeu em si
— Mesmo assim — virou-se novamente —. Não vou
— Por favor, João, você precisa sair um pouco de casa, espairecer pelo menos por 5 minutos
— Tô sem energia
— Você não vai correr uma maratona, vai dar só uma volta na rua, tomar um ar fresco
— Tá bom tá bom, eu vou, não aguento mais você tagarelando aqui — se sentou no estofado, bufando derrotado
— Aeee, muito bem. Então vamos — levantou-se e pegou sua mochila, vendo o amigo ir em direção à cozinha —. ‘Cê vai fazer o que?
Não obteve resposta, mas entendeu quando o cacheado voltou com uma garrafa de vodka na mão
— Não, eu não acredito que você vai beber agora, justamente quando vamos sair
— Mas eu não vou beber agora, isso é pra depois
— Você não deveria ficar se entupindo de bebida, vai fazer mal
— Eu não me entupi de bebida — negou — E se eu não puder levar, não vou
— Então leva, pelo menos você vai sair de casa— não estava satisfeito com a atitude do amigo, mas se isso o vai tirar de casa um pouco, iria deixar
E então pegaram suas coisas e saíram. Ao dar de cara com a rua movimentada, João já quer voltar para casa e se enfiar em seu sofá novamente, mas antes que pudesse tomar alguma atitude, Renan já foi o puxando para um dos lados, ambos caminhando sem rumo pelas ruas povoadas de São PauloI see you
everywhere now
in every billboard, every corner
i tiptoe at the edge of a cliff
‘cause i see your face in the waterPor onde andam, há outdoors em prédios comerciais, com propagandas de sabe-se lá o que, porque o cacheado não está nem um pouco focado nisso, apenas se sentindo angustiado, vendo seu ex em todos os lugares, em qualquer pessoa que pareça minimamente com ele. Já está ficando louco, esse término definitivamente não está fazendo bem para ele, tudo o faz lembrar de Pedro: os lugares que costumavam ir juntos, os endereços mais ocultos possíveis, o cheiro do perfume que ele usa, — ou usava, quando ainda estavam juntos — em outras pessoas… tudo
Mas seu ápice foi quando os dois amigos estavam passando em uma pequena ponte, com um lago raso embaixo e jurou ver o reflexo de Tófani na água, de relance e correu até lá, se pendurando na ponte
— João, o que você tá fazendo? Porque saiu correndo daquele jeito?! — questionou ao se aproximar do escorpiano, debruçado sobre a construção lateral
— Eu… juro que vi ele, aqui. No reflexo da água… — respondeu ainda tentando processar o que viu — ou achou que tivesse visto —
— Você ainda tá muito afetado com tudo isso, tenta pelo menos espairecer um pouco, sem pensar tanto nesses últimos dias — disse com uma voz calma e compreensiva
— Eu não consigo, Renan, tudo me lembra o Pedro, cada canto dessa cidade insiste em me lembrar de tudo que a gente viveu juntos
— Entendo como deve estar sendo difícil, não vai deixar de doer de uma hora pra outra, mas eu tô aqui com você, vai dar tudo certo, você vai ver
O Romania apenas assentiu positivamente com a cabeça, ainda encarando o próprio reflexo, com o rosto inchado, os olhos meio fundos e os cachos bagunçados. Está realmente tão desgastado fisicamente ou o mundo que não é gentil com ele? Talvez seja a primeira opção mesmo
— Vamos continuar?
— Hmrm — balbuciou, já de desencostando das estacas firmes da ponte
Então voltaram a andar, meio sem rumo, mas o cacheado sabe para onde quer ir e é pra lá que está se dirigindo. Milagrosamente, com Renan o seguindo sem questionar

VOCÊ ESTÁ LENDO
Versos e acordes: um compilado de sentimentos (Pejao)
Fanfic- Um compilado de oneshots individuais Pejão - Sem nsfw - Nada do que é escrito aqui é real - Isto é apenas para entretenimento público, não tenho a intenção de ofender ngm!!!! - História de minha autoria 🥇Compilado 2024 ⚠️ PLÁGIO É CRIME ⚠️