Ashes | Min Yoongi

Capítulo Vinte

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×°×

Médicos com atestados médicos, eram raros no hospital. Mas foi a saída que Yunah encontrou para não encarar ninguém na manhã seguinte.

O peso que carregava em sua consciência, era o suficiente para ir até uma clínica queixando enxaqueca fortíssima e sair de lá com um atestado de 2 dias.
As olheiras de ter passado a noite acordada e os olhos nebulosos de culpa - se é que esse era o
sentimento em seu peito - fizeram o médico se preocupar com o que havia acontecido.

"Um caminhão, doutor. Um caminhão passou por cima de mim. Um caminhão com mãos enormes e a boca mais macia que eu já experimentei.", pensava enquanto o médico perguntava os sintomas.

Era loucura pensar o que havia acontecido. Principalmente, quando havia gostado tanto.
Tentava atribuir todos os sentimentos conflituosos dentro de si, à falta de ter alguém tão intimamente quanto no dia anterior.
Mas era difícil sustentar esse argumento, quando se lembrava de suas últimas vezes. Nem quando era mais adolescente, quando o fogo está queimando por novidades e a vida parece que não terá fim, havia se sentido dessa forma.

Era estranho como seu coração se acelerava e sua pele se arrepiava com a simples lembrança das mãos do homem passeando por seu corpo e lhe fazendo sentir o que jamais havia sentido.

Os banhos frios que tomou enquanto estava afastada, para tentar esfriar a cabeça e afastar a confusão de pensamentos, eram inúteis.
A cada minuto, sua memória a fazia lembrar e isso já estava a deixando frustrada.

Estaria ficando louca?
Com toda certeza, sim!
Não conseguia entender o quanto esteve inebriada a ponto de concordar em falarem no dia seguinte.

Após o ato na noite anterior, já vestidos, sua mente começou a calcular o que havia acontecido e, finalmente, passou a mostrar para ela o quanto aquilo havia sido errado.

Notando seu semblante um tanto desconfortável e perdido, Yoongi se aproximou novamente, segurando seu rosto entre as duas palmas e falando, bem de perto para que pudesse usar um tom baixo e ameno, para que ela não se preocupasse tanto, mas que queria conversar com ela no dia seguinte.

Ainda envolvida no momento, a médica concordou.
Porém, agora, se encontrava em sua casa, escondida de seu paciente, pois havia ido longe demais com ele e não sabia como reagir a partir dali.

Em todos os anos de faculdade, jamais pensou que passaria por isso.
Muito menos que, parte da sua consciência, não se arrependeria nem um pouco pelo ato.
Talvez tivesse sido pelo perigo ou pela devoção que o homem transmitiu a todo momento... Não era possível dizer, mas sentia que teria problemas em se esquecer da última noite.

Parecia que sua mente a transportava a todo momento para aquela sala e, então, a ideia de passar o dia em casa, sem nada para fazer, já não era mais tão boa assim.

Decidiu ligar para seu amigo Taehyung para tentar antecipar a conversa que haviam marcado. Por sorte, ele estava de folga e pode encontrá-la no parque próximo a sua casa.
Após conversarem sobre as novidades, andarem um pouco e pararem para tomar um sorvete, Taehyung percebeu a amiga um tanto agoniada.

- O que aconteceu pra me ligar, huh? Mais algum namorado para eu rastrear? - Perguntou, brincalhão, fazendo Yunah rir junto.

- Dessa vez, não.- Descartou o papel do sorvete que tinha em mão e respirou fundo, se virando para o amigo, tentando se concentrar em como explicaria toda a história. - Eu tenho um paciente lá no hospital... O caso dele é meio complicado, envolveu um crime, um assassinato na realidade, e ele não se lembra muito do que houve ou como fez isso. O que temos são basicamente os laudos liberados pelos envolvidos na polícia, advogados e médicos da época. Mas nenhuma das informações e comportamentos que foram laudados, se repetiram.- Seu amigo a olhava, com o cenho franzido, sem entender muito bem onde ela queria chegar. - Antes de mim, ele foi atendido por anos por outra médica e ela também não registrou nenhum comportamento de dissociação como foi diagnosticado no início.