Confissão

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O Peso da Verdade

Depois da revelação de Ichiro, Haruto estava emocionalmente exausto. A magnitude das informações o abalou profundamente, mas também fortaleceu sua determinação. Michiru, percebendo seu estado, decidiu que seria melhor oferecer um pouco de conforto e normalidade em meio ao caos.

"Haruto, por que você não fica aqui esta noite?" Michiru sugeriu, sua voz suave e convidativa. "Pode ser bom para nós dois descansarmos um pouco e discutirmos o que faremos a seguir."

Haruto hesitou por um momento, mas a gentileza no olhar de Michiru e o cansaço que pesava sobre ele o convenceram. "Obrigado, Michiru. Eu aceito."

A casa de Ichiro era acolhedora, uma mistura de tradição e modernidade, refletindo a personalidade do homem que tão carinhosamente cuidava de Michiru e Akihiko. A casa tinha um ar de serenidade, com móveis de madeira escura e painéis de papel de arroz nas portas deslizantes. As paredes estavam adornadas com pinturas tradicionais japonesas, mostrando paisagens serenas e cenas de natureza. Cada detalhe da casa refletia o cuidado e a dedicação de Ichiro em criar um ambiente seguro e acolhedor para seus filhos adotivos.

O quarto que Ichiro preparou para Haruto tinha um tatami no chão, oferecendo um toque de tradição que trazia conforto imediato. A cama futon estava cuidadosamente disposta, com lençóis limpos e macios, e uma janela de shoji deixava entrar uma luz suave e filtrada da lua. Pequenos detalhes, como um vaso com flores frescas e uma estante com livros, mostravam a hospitalidade de Ichiro.

"Descanse bem, Haruto," disse Ichiro, sua voz cheia de preocupação genuína. "Amanhã, podemos pensar em como proceder."

Haruto agradeceu e se dirigiu ao quarto que lhe foi designado. A cama parecia um oásis depois de tantos dias de tensão e perigo. Ele se deitou, sentindo o peso do mundo lentamente se dissipar enquanto observava o teto de madeira.

Mais tarde naquela noite, Michiru bateu suavemente à porta do quarto de Haruto. Ele estava sentado na cama, perdido em pensamentos. O quarto era simples, mas acolhedor, com estantes embutidas que guardavam livros antigos e uma pequena mesa de chá ao lado da janela.

"Posso entrar?" Michiru perguntou, sua voz baixa.

"Claro," respondeu Haruto, fazendo um gesto para que ela se sentasse ao seu lado.

Michiru entrou e sentou-se, a proximidade trazendo um conforto silencioso. "Sei que foi um dia difícil," começou ela. "E eu queria... falar sobre algo."

Haruto olhou para Michiru, seus olhos refletindo a intensidade do momento. "O que foi, Michiru?"

Ela respirou fundo, tentando reunir coragem. "Desde que começamos essa jornada juntos, Haruto, eu senti algo diferente. Algo mais profundo do que apenas amizade ou parceria."

Haruto franziu a testa ligeiramente, tentando entender onde ela queria chegar. "O que você quer dizer?"

Michiru olhou para baixo, suas mãos torcendo nervosamente. Ela estava envergonhada e com medo da reação de Haruto, mas sabia que precisava ser honesta. "Eu... eu sinto algo forte por você, Haruto. Algo que vai além da amizade. E eu precisava dizer isso, mesmo que seja arriscado ou difícil de entender agora."

Haruto sentiu uma onda de emoções varrer sobre ele. As palavras de Michiru ressoaram em seu coração, trazendo à tona sentimentos que ele tentava ignorar. "Michiru... eu também sinto isso. Desde o começo, houve algo entre nós que eu não conseguia ignorar."

Os dois ficaram em silêncio por um momento, a gravidade de suas confissões pairando no ar. Finalmente, Haruto tomou a mão de Michiru, apertando-a gentilmente. "Eu não sei o que o futuro nos reserva, Michiru, mas sei que não quero enfrentá-lo sem você ao meu lado."

Sobre as sombras de TóquioOnde histórias criam vida. Descubra agora