Ameaça Crescente

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O sol começava a se pôr, banhando a cidade com um brilho suave e dourado que parecia zombar do caos que se aproximava. Após uma noite sem descanso e um dia cheio de incertezas, Haruto e Michiru estavam exaustos, mas a necessidade de segurança os mantinha alertas. O apartamento de Michiru, antes um santuário de paz, agora parecia carregado de uma inquietação silenciosa.Quando Michiru abriu a porta de seu apartamento, um desconforto imediato tomou conta de seu corpo. Ela sentia algo errado no ar, uma sensação de que algo estava profundamente fora do lugar. A chave na mão dela parecia mais pesada, e cada passo dentro do apartamento fazia seu coração acelerar um pouco mais."Akihiko?" Michiru chamou com a voz trêmula, esperando, rezando para que seu irmão mais novo respondesse. O silêncio que se seguiu foi como um soco no estômago, deixando-a sem ar.A preocupação de Haruto cresceu ao ver a mudança na expressão de Michiru. Ele seguiu atrás dela, cada passo seu carregando a ansiedade que o oprimia. O apartamento estava exatamente como Michiru havia deixado, mas algo estava errado, e ela sabia disso."Akihiko?" ela chamou novamente, sua voz agora mais alta, mas ainda sem resposta.Com o coração acelerado, Michiru se aproximou do quarto de Akihiko. O medo começou a tomar conta dela, apertando seu peito como uma mão invisível. Ao abrir a porta do quarto do irmão, a visão que se revelou diante dela a fez congelar. O quarto estava em completa desordem. O chão estava coberto de livros espalhados, brinquedos quebrados, e a cadeira da escrivaninha estava tombada. As cortinas estavam rasgadas, pendendo de um lado como se alguém tivesse se agarrado a elas desesperadamente. A cama desfeita e as marcas estranhas no chão contavam uma história de violência e desespero.Michiru sentiu o chão desaparecer sob seus pés. O pânico começou a se infiltrar em suas veias como veneno. Ela cambaleou, sua mente incapaz de processar o que via. O quarto que costumava ser um refúgio seguro para Akihiko agora era uma cena de pesadelo."Não... Não, por favor..." Michiru murmurou, sua voz quebrada pelo terror que crescia dentro dela. Seus olhos se encheram de lágrimas, e o mundo ao seu redor começou a girar. Ela caiu de joelhos ao lado da cama, o desespero a consumindo."Akihiko!" Michiru gritou com toda a força de seus pulmões, sua voz carregada de uma angústia tão profunda que parecia rasgar o ar ao seu redor. O grito ecoou pelo apartamento, ressoando com a dor de uma irmã que acabara de perceber que seu irmão estava em perigo.O grito de Michiru atravessou as paredes, alcançando Haruto como um raio que perfura o céu. O som reverberou dentro dele, cada nota carregada de desespero e medo. Ele correu em direção ao quarto de Akihiko, seu coração martelando no peito.Quando chegou à porta, encontrou Michiru de joelhos no chão, soluçando descontroladamente. A visão dela, tão quebrada e vulnerável, fez o coração de Haruto se partir. Ele sentiu uma onda de dor e impotência ao vê-la assim.Sem pensar duas vezes, Haruto se aproximou e a envolveu em um abraço firme por trás, puxando-a para perto de seu corpo. Michiru desabou completamente em seus braços, deixando as lágrimas fluírem livremente. O choro dela era cheio de desespero, cada soluço uma expressão do terror que a consumia."Akihiko... Eu não posso perdê-lo... Eu não posso..." Michiru sussurrou entre os soluços, sua voz embargada pela dor. O medo de perder seu irmão era esmagador, e ela se sentia impotente, como se o mundo estivesse desmoronando ao seu redor.Haruto a segurou ainda mais forte, tentando transmitir toda a força e apoio que pudesse. Ele queria absorver toda a dor dela, protegê-la de qualquer sofrimento, mas sabia que não poderia. Tudo o que podia fazer era estar ali, ser uma âncora para ela em meio à tempestade que os envolvia."Michiru..." Haruto sussurrou em seu ouvido, sua voz tremendo enquanto tentava manter a calma. "Nós vamos encontrar Akihiko, eu prometo. Não vamos descansar até trazê-lo de volta, são e salvo."As palavras de Haruto eram como um bálsamo para o coração de Michiru, mas o pânico ainda a consumia. Ela agarrou os braços de Haruto, como se eles fossem a única coisa que a mantinha ancorada à realidade. As lágrimas continuavam a rolar por seu rosto, cada gota um reflexo do medo que sentia pelo destino de Akihiko.Depois de um tempo, Michiru conseguiu recuperar um pouco do controle, embora o pânico ainda estivesse visível em seus olhos. Haruto, sentindo a força dela retornando, afrouxou um pouco o abraço, mas não a soltou completamente. Ele sabia que ela ainda precisava de apoio."Vamos sair daqui," disse Haruto suavemente, ajudando Michiru a se levantar. "Precisamos descobrir quem fez isso e onde levaram Akihiko. Não podemos correr riscos ficando aqui."Michiru assentiu, embora o medo ainda estivesse estampado em seu rosto. Cada segundo sem seu irmão parecia uma eternidade, e o terror do que poderia ter acontecido com Akihiko a corroía por dentro.Enquanto eles tentavam formular um plano, o telefone de Haruto vibrou em seu bolso. Era Hiroshi. Ele atendeu, tentando manter a calma."Haruto, algo terrível aconteceu," Hiroshi disse, sua voz grave e carregada de tensão. "Aiko... ela está desaparecida. Eu fui verificar o local onde ela deveria estar, mas não há sinal dela. Parece que houve uma luta, mas não sei para onde a levaram."O mundo de Haruto pareceu desmoronar ao ouvir aquelas palavras. Seu mentor e sua irmã estavam em perigo, e agora Michiru também estava sofrendo com a perda de seu irmão. As sombras que pairavam sobre eles se tornaram mais densas, e a ameaça que enfrentavam crescia a cada instante.Michiru ouviu a conversa de Haruto e sentiu seu desespero se intensificar. O pânico voltou com força total, e ela se agarrou a Haruto, como se ele fosse sua última esperança de trazer Akihiko de volta.O mistério envolvia-os, e as perguntas sem resposta assombravam suas mentes. Quem estava por trás desses sequestros? O que eles queriam? E, acima de tudo, seriam eles capazes de salvar aqueles que amavam antes que fosse tarde demais?O dia terminava com Haruto e Michiru de pé no meio da rua, a noite caindo ao seu redor, enquanto a incerteza e o medo se agarravam a eles como um manto sufocante. A única coisa que sabiam com certeza era que a batalha estava apenas começando, e que o perigo que enfrentavam estava longe de terminar.

Sobre as sombras de TóquioOnde histórias criam vida. Descubra agora