O Encontro

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A Rotina de Michiru

A rotina de Michiru era, aos olhos dos outros, bastante mundana. Ela acordava cedo, preparava um cappuccino e se acomodava em frente ao computador. Como programadora freelance, seu trabalho não exigia uma presença física constante no escritório. A maior parte de seus dias era passada em cafés e bibliotecas, onde ela se sentia mais produtiva e menos solitária.

Naquela manhã, Michiru escolheu um pequeno café no centro da cidade, um local acolhedor com luz suave e aroma de grãos de café recém moídos. A barista já conhecia seu pedido: cappuccino com chantili e um croissant de chocolate. Michiru se acomodou em uma mesa próxima à janela, de onde podia observar o movimento da rua enquanto trabalhava.

Cada dia era uma luta para manter sua verdadeira identidade escondida. Michiru não era apenas uma programadora talentosa, mas também uma hacker e espiã altamente treinada, vivendo uma vida dupla repleta de segredos. A tensão de manter essa fachada era constante, mas ela havia se acostumado a ela, fazendo dela uma mestre em equilibrar suas duas vidas.

Haruto, por sua vez, tinha uma rotina igualmente estruturada, mas por razões diferentes. Como detetive, ele passava a maior parte do tempo investigando casos, analisando evidências e entrevistando testemunhas. Aquela manhã, entretanto, ele decidiu que precisava de um tempo para pensar longe da agitação do escritório. O café no centro da cidade parecia o lugar perfeito.

Ao entrar, Haruto notou imediatamente Michiru sentada perto da janela. Havia algo intrigante nela, uma aura de mistério que ele não conseguia ignorar. Ele pediu um café preto e, com o olhar disfarçadamente curioso, escolheu uma mesa ao lado da dela.

Haruto era conhecido por seu instinto apurado e sua habilidade em ler pessoas. Algo sobre Michiru capturou sua atenção, e ele decidiu que queria saber mais sobre ela. Talvez fosse o modo como ela parecia tão absorta em seu trabalho, ou talvez fosse apenas um pressentimento.

Michiru estava profundamente concentrada em seu trabalho, os dedos voando pelo teclado enquanto ela escrevia linhas de código com precisão. De vez em quando, seus olhos escaneavam a tela em busca de erros ou inconsistências. O som suave das teclas era quase hipnotizante.

Haruto, sentado ao lado, observava-a com interesse. Ele notou a forma como ela franzia ligeiramente a testa quando encontrava um problema e como relaxava quando o resolvia. Havia algo fascinante na sua dedicação e foco.

Decidindo que precisava quebrar o gelo, Haruto deu uma olhada em seu próprio laptop antes de se virar ligeiramente em direção a Michiru. "Desculpe-me," ele começou, tentando parecer casual, "você sabe se o Wi-Fi aqui é bom? Estou tentando conectar, mas parece um pouco lento."

Michiru levantou os olhos brevemente, avaliando-o. Haruto parecia inofensivo, com um sorriso amigável e uma expressão genuinamente curiosa. Mesmo assim, ela manteve sua resposta breve. "O Wi-Fi aqui é geralmente bom. Talvez seja um problema temporário."

"Entendi," disse Haruto, agradecendo com um aceno de cabeça. Ele sentiu que Michiru estava relutante em prolongar a conversa, mas algo nele o impelia a tentar novamente. "Você parece bastante ocupada. É programadora?"

Michiru hesitou antes de responder. "Sim, algo assim," disse ela, seus olhos voltando rapidamente para a tela.

Para Michiru, cada interação era uma possível ameaça. Como espiã e hacker, ela estava constantemente consciente dos riscos de exposição. A vida que levava estava repleta de segredos, e cada conversa com estranhos era um jogo de cautela. Haruto, com sua abordagem amigável, despertou um leve alarme em sua mente.

Haruto, no entanto, não estava disposto a desistir tão facilmente. Ele podia sentir a barreira de desconfiança de Michiru, mas também via uma oportunidade de aprender mais sobre essa mulher intrigante. "Eu sou Haruto, a propósito," disse ele, estendendo a mão.

Sobre as sombras de TóquioOnde histórias criam vida. Descubra agora