Sombras do Desespero

5 1 15
                                    

Após a devastadora descoberta de que Akihiko, o irmão mais novo de Michiru, estava desaparecido, Haruto e Michiru voltaram ao quarto de Akihiko, na esperança de encontrar algum sinal que revelasse seu paradeiro.

O apartamento estava mergulhado em um silêncio tenso, quase palpável. Michiru e Haruto, após o choque inicial de encontrar o quarto de Akihiko em desordem, voltaram ao cômodo, com os corações pesados pela ausência do garoto. O quarto, antes um refúgio de segurança e inocência, agora parecia um campo de batalha emocional. Os brinquedos estavam espalhados e os móveis, deslocados, testemunhas mudas de uma luta que Michiru não conseguia imaginar sem ser tomada por uma onda de angústia.

Cada detalhe no quarto amplificava o vazio deixado por Akihiko. A cama desfeita, com os lençóis retorcidos, e as cortinas dançando ao vento que entrava pela janela entreaberta, sugeriam uma presença perturbadora que havia passado por ali. Michiru sentia o ar ficar mais pesado, como se uma mão invisível apertasse seu peito, intensificando a sensação de perda.

Haruto, apesar do próprio choque, notou algo diferente. No chão, perto da cabeceira da cama, havia uma folha de papel, parcialmente escondida sob um travesseiro jogado. Ele se abaixou, pegou o papel com dedos cuidadosos e sentiu seu estômago revirar ao ver o nome de Takeshi Yamamoto escrito na parte externa.

"Michiru..." A voz de Haruto era um fio tenso, carregado com o peso do que ele sabia que estava prestes a revelar. Ele estendeu a carta para ela, seus olhos refletindo a gravidade da situação.

Michiru pegou a carta com mãos trêmulas, quase incapaz de abri-la. Quando finalmente desenrolou o papel e começou a ler, as palavras de Takeshi entraram em sua mente como um veneno lento, inflamando seus pensamentos e corroendo qualquer resquício de calma que ainda restava.

"Querida Michiru,

Achei que deveria saber que seu irmãozinho agora está em boas mãos. Não se preocupe, ele está vivo... por enquanto. Se você quer vê-lo novamente, terá que seguir minhas condições. Ah, e não pense que pode fugir. Estou observando você. Faça qualquer movimento errado, e Akihiko pagará o preço.

Nos vemos em breve.

Takeshi Yamamoto"

Cada palavra era um golpe direto em sua alma, mas ao contrário de antes, o desespero que inicialmente a paralisou deu lugar a algo muito mais sombrio e poderoso: a raiva. Michiru sentiu uma onda de calor subir por seu corpo, um fogo que queimava em suas veias, alimentado pela injustiça e pela crueldade das palavras de Takeshi.

Seus olhos, antes cheios de lágrimas, agora se estreitaram com uma fúria intensa. O papel em suas mãos começou a amassar sob a pressão de seus dedos enquanto ela lia e relia as palavras, cada vez mais convencida de que Takeshi pagaria caro por cada ameaça feita.

A carta escorregou de suas mãos, caindo no chão, mas ao invés de cair de joelhos em desespero como antes, Michiru ficou imóvel, seus punhos cerrados ao lado do corpo, tremendo de raiva. Ela sentia a necessidade de agir, de fazer algo para retaliar, para garantir que Takeshi sentisse o mesmo medo e desespero que ela estava sentindo naquele momento.

"Eu vou destruir ele..." A voz de Michiru era baixa, mas carregada de uma determinação mortal. Seus olhos estavam fixos em um ponto qualquer, mas sua mente já estava muito além daquele quarto, planejando a vingança que faria com que Takeshi se arrependesse amargamente de ter tocado em Akihiko.

Haruto, percebendo a mudança abrupta em Michiru, se aproximou lentamente, sentindo a tensão em cada músculo do corpo dela. Quando ele chegou perto o suficiente, ele a envolveu em seus braços, abraçando-a por trás. Sentiu o corpo dela rígido, como se estivesse tentando conter a explosão de emoções que fervilhavam dentro dela.

Sobre as sombras de TóquioOnde histórias criam vida. Descubra agora