IX - Nós, sem Máscaras.

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Certa vez, fui eu.

A última vez que eu vi Grace, foi quando eu a expulsei. Ainda me lembro do seu cabelo escuro esvoaçante sobre as costas cobertas de um tecido pesado pelo frio, mesmo que, pela tempestuosidade do momento (era inverno) fossem incapazes de proteger aquela pequena da gelidão.

Era incapaz de reconhece-la, mesmo que parecia ser uma frequentadora assídua. Deduzi isso, porque, as vezes tenho relapso de memórias incompletas, nas quais, eu não sei se é verdade ou não.

Era estranho afirmar que eu a conhecia, mesmo que fosse a primeira vez que cruzasse meu olhar com o dela.

O que a fez, Grace?

O que fez, você, vim aqui, se perder em uma rua, no frio de inverno e justamente perto de uma biblioteca esquecida?

Decidiu chorar aos pés do livro?

Ou se esconder de que?

Se foi ela, não foi, acho que não.

Grace era excêntrica, ao ponto de ser uma pessoa exibida (em um bom sentido) e marcante. Era solitária, e majestosa.

Ao menos, foi a primeira impressão que eu tive, quando uma garotinha perdida acaba de desmaiar e acorda de maneira desesperada e agressiva.

Isso é natural.

Natural para quem? Para ela não era. Eu não vi assombro em seus olhos. Eu vi terror. Eu vi mãos a sufocando.

Ela estava presa em algo ou alguém.

Eu estava tão irritado, que a afastei de mim.

que eu fosse para o inferno, e queimasse em sua profundezas mais cruéis.

Este foi eu, no meu mais invariável mundo, no meu mundo mais cruel e complexo, no meu mundo mais pesaroso e sombrio. Na minha crua essência de egoísmo.

Este sou eu, na minha pior versão.

Prazer, Tim.

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