27. Não é o conto de fadas da sua mãe.

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Raven estava aproveitando o silêncio. Centenas de espectadores estavam congelados, alguns em pé, apontando para ela, com os rostos em meio ao grito. Outros estavam sentados, confusos. Alguns com expressões de surpresa ou até mesmo de gratidão. E lá estava Maddie, sorrindo para ela.

Raven enviou um raio amarelo de magia, e Maddie se mexeu.

"Uau!" disse Maddie. "Um dos seus feitiços finalmente funcionou direito!"

Raven sentiu um sorriso inesperado nos lábios. "Eu sei... É uma sensação boa."

Maddie subiu os degraus e se posicionou ao lado de Raven, olhando para as estátuas selvagens da plateia.

"Você foi muito corajosa hoje. Estou me sentindo tão esperta por ter te escolhido como amiga."

"Obrigada, Maddie."

"Então... você vai descongelar todo mundo?"

"Eu acho que vou ter que fazer isso," disse Raven. "Eventualmente. As coisas vão ficar ainda mais loucas agora, não é?"

"Com certeza, como um picles em um chapéu!" disse Maddie. "Mas vai dar certo. Histórias sempre acabam dando certo. E você sabe quais histórias eu mais gosto? As novas, as engraçadas, as inesperadas onde eu não sei o que vai acontecer a seguir, mas não vejo a hora de virar a página e descobrir."

"É," disse Raven. "Seria incrível se nossas vidas pudessem ser como essas histórias."

Maddie deu um abraço em Raven.

E com isso, Raven achou que estava pronta para enfrentar as consequências.

Mas com o descongelamento veio o grito contínuo. Tantos gritos. E raiva e medo. E era tudo culpa dela. Era assim que se sentia ser a Rainha Má?

Ninguém parecia notar quando Raven lançou um Feitiço de Névoa Negra. Ela pretendia apenas tentar sair discretamente. Afinal, Baba Yaga poderia estar esperando nas proximidades com um borrifador. Mas, naturalmente, o feitiço deu errado e catapultou Raven para o ar. Ela gritou, sentindo simpatia pelos repolhos de Dexter.

Ela parecia subir, subir, subir por um longo tempo, mas a parte de subir não poderia durar para sempre. Ela estava tão alta agora, que a multidão na varanda era apenas uma mancha marrom borrada. Sua subida desacelerou, depois parou. E então começou a descida. Para baixo, para baixo, para baixo— Garras enormes agarraram o colar prateado de sua capa. Asas batiam enquanto ela subia.

"Nevermore, seu anjo escamoso!" disse Raven.

Nevermore cochichou, soando como uma pomba monstruosa. Ela não havia assinado. E ainda assim Nevermore ainda era seu animal de estimação. Isso não significava algo?

Uma torre da escola estava se aproximando.

"É melhor me deixar aqui," disse Raven. Se o Diretor Grimm viesse atrás dela, ela queria estar sozinha quando fosse encontrada. Ela não queria que Nevermore se metesse em problemas também.

Nevermore gemia, mas obedeceu. Raven estendeu a mão e agarrou o mastro da bandeira da torre. Ela se arrastou até o telhado de telhas e se agarrou. Ninguém a procuraria ali. Ela acenou adeus a Nevermore. O dragão fez um barulho e voou de volta para a floresta, deixando Raven sozinha. "O que eu fiz?" Raven perguntou ao vento. Ele agitou a bandeira vermelha que brotava do telhado da torre, mas não disse nada útil.

Um sabiá pousou em uma telha a poucos centímetros da mão de Raven, usando o bico para coçar sob a asa. "Oi," sussurrou Raven.

O sabiá virou um olho para ela. Raven prendeu a respiração. O pássaro piou duas vezes. Raven cantou duas notas em resposta. O pássaro não voou embora.

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