Capítulo 03

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A porta preta se abriu lentamente, e uma mulher alta entrou após receber permissão da dona da sala. O olhar de Yanin, que estava concentrado na tela de seu computador, desviou-se para a visitante. A mulher, vestindo um terno escuro, era alguém que Yanin não conhecia pessoalmente, mas cujo rosto lhe parecia vagamente familiar. Seus olhos escuros se estreitaram por um momento, enquanto ela tentava lembrar de onde conhecia a figura à sua frente, até que, de repente, a memória lhe veio.

Isso fez com que a agente olhasse rapidamente para o calendário sobre a mesa e confirmasse que, de fato, era o dia em que Suchada, a diretora da unidade, havia marcado para a nova "recomendada" se apresentar e iniciar seu primeiro dia de trabalho.

— Boa tarde — disse a recém-chegada em um tom grave e firme — Agente Yanin

Yanin se levantou, encontrando os olhos escuros e penetrantes da mulher à sua frente, antes de analisá-la da cabeça aos pés. A aparência da nova integrante não diferia muito da foto que Yanin havia visto no dossiê: cabelos longos e negros que caíam até o meio das costas, olhos escuros que combinavam com o rosto anguloso, o nariz ligeiramente arrebitado e lábios cheios.

Foi graças à irritação que sentira ao revisar aquele dossiê que Yanin pôde se recordar dela tão facilmente.

— Por favor, sente-se, Khun Nistha — convidou Yanin com formalidade. Embora não estivesse nada contente com o fato de essa mulher ter sido recomendada e inserida na equipe sem qualquer aviso, Yanin sabia que não havia nada que pudesse fazer. Optou por não deixar que a situação influenciasse seu humor.

O peso das responsabilidades do trabalho era bem maior do que qualquer insatisfação pessoal. A recém-chegada fez o que lhe fora indicado. Na verdade, não era tão nova assim, afinal, a mulher tinha a mesma idade que Yanin. Ainda que não soubesse ao certo por que havia sido transferida para a equipe de operações especiais, imaginava que, em outra situação, Nistha já poderia ocupar um cargo de chefia ou, se suas habilidades fossem realmente boas, até mesmo um posto de agente sênior, como o dela.

Iniciar um trabalho novo aos trinta e poucos anos certamente não devia ser fácil, especialmente em uma função tão arriscada como essa. Ela se moveu para procurar o dossiê que, dias antes, deixara jogado de qualquer jeito e quase esquecido. De fato, parecia que Yanin quase se esquecera completamente do arquivo até ver a própria Nistha em sua frente.

— Khun Nistha — começou ela, ao abrir o dossiê — Experiência em proteção de personalidades de alto escalão — disse ela, erguendo os olhos para encarar a mulher, que foi parte de uma equipe de segurança pessoal, ou, simplificando, uma guarda-costas. Embora o dossiê não especificasse exatamente qual nível de autoridade ela havia protegido, a possibilidade de transferências entre unidades sugeria que provavelmente tivera experiência com figuras importantes.

— Eu me formei em uma academia privada de segurança pessoal — respondeu Nistha.

A outra mulher na sala respondeu em um tom neutro.

— No dossiê, não consta onde foi essa formação no setor privado — comentou Yanin — Então, você não veio pelo caminho do serviço público? — perguntou, levantando a sobrancelha — Bem interessante

— Não, não vim pelo serviço público — respondeu Vie Nistha, como ela mesma se apresentou. — Eu... sou do setor privado

Yanin sabia que agentes de proteção do setor privado ou treinados em outras instituições não diferiam muito dos seguranças terceirizados, pelo que ouvira até então.

— Depois de me formar, entrei pro Escritório Nacional de Segurança — completou Nistha.

— Ah, é mesmo? — Yanin arqueou a sobrancelha, mostrando interesse. A Agência Nacional de Segurança era uma organização de âmbito nacional, especializada em proteção de figuras importantes.

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