Capítulo 1 - Cidade nova, vida nova

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Havia ido dormir tarde por conta da ansiedade do dia seguinte

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Havia ido dormir tarde por conta da ansiedade do dia seguinte.

E pelo mesmo motivo estava bem cedo de pé, já a preparar seu café e de seu colega de quarto; um tauren que roncava ao ponto de tremer os itens de vidro.

Resolve então sair mais cedo, pondo seus costumeiros fones caminhando tranquilamente lembrando das conversas que teve com Eros sobre como eram as coisas na empresa, enquanto caminhava nas longas ruas daquela cidade nova e inexplorada.

Tentava espantar o porquê de estar ali.

Os fantasmas em sua mente atiçavam suas inseguranças, mas não havia razão para isso. O emprego já era seu, não apenas por causa do Elfo que precisou tratar sua licantropia, mas principalmente graças ao seu próprio esforço. Ele se mudou para esse novo lugar, ajudou a tocar e organizar a banda de seu colega de quarto e, assim, chamou a atenção de Eros.

Foi esforço, não sorte.

Parou em frente a um café, a lojas e tudo mais que não existia em sua cidade natal. Sentiu vontade de fotografar como um turista, mas se conteve. Isso o faria chamar alguma atenção.

E por fim chegou a empresa, onde logo a bela recepcionista lhe sorriu com lábios carnudos e dentes de piranha, um lindo e gentil sorriso de sereia.

— S-sou Kael S-Suasuna. — a fala lhe sai travada pelo nervoso, e este aperta os lábios fazendo a doce atendente esboçar um sorriso ainda mais gentil.

— Thalos está ansioso e curioso em lhe conhecer. — diz ao lhe entregar o crachá para a entrada. — Ele é um amor de pessoa, um doce. Nada haver com suas garras e armadura de escamas. — brinca por saber a fama de cada raça tinha; sendo das dos draconatos semelhante a dos draconianos e dragões por comparação física, em simples aparência até os pobres reptilianos entravam no jogo.

E o sátiro albino apenas engoli em seco desconfortável pelo comentário que deveria ser divertido, entretanto para ele entoa de outra forma, acenando com a cabeça e saindo.

Antes de entrar na sala, olha as horas em um relógio de pulso que ganhou da melhor amiga; vendo ter tempo de surtar no banheiro em paz.

Se debruça contra o espelho checando cada detalhe, retira o capuz da jaqueta a fim de passar uma melhor impressão; jaqueta essa escolhida tal qual todas as suas roupas por sua amiga de infância viciada em moda. Por tanto tentava confiar que estava apresentável.

Fechou os zíperes comuns em gorros feitos para raças com cornos ou chifres, e jogou uma água no rosto. Era uma nova vida ali, ele seria outra pessoa a partir do momento que pegou a chave de seu apartamento.

Observou a sala elegante com um grande quadro que lhe tomava o foco, uma arte moderna sem personagens ou paisagens, um amontoado de formas e rabiscos que não conseguia chamar de arte ou de quadro; mas que a cada dia tomavam o lugar das verdadeiras pinturas.

E logo um draconato cinza chumbo adentra a sala, montado em um elegante terno de quase mesmo tom o fez lembrar de um colega de escola, um gárgula que havia se mudado para essa cidade anos antes dele; por conta das cores monocromáticas. Mas diferente de seu colega de escola, o draconato possuía uma pele reluzente como se tivesse superfícies reflexivas de metal, diferente da pele de pedra de uma gárgula.

— Prazer em conhecê-lo sou Thalos — ele sorri como se fosse incapaz de esconder suas presas afiadas, e o mesmo se pergunta se ele não seria um mestiço por conta da forma de seu focinho ser mais voltado a um mamífero do que ao réptil assim como as asas que pareciam de um morcego. — Eros falou muito bem de você, me mostrou algumas mixagens e fiquei bem impressionado.

— Muito obrigado. — se aliviou por não gaguejar de nervoso novamente e lhe fez uma mesura, estranhando que o homem à sua frente não lhe disse seu sobrenome.

Entretanto, os olhos azuis do draconato eram sagazes, e Eros possuía o nome de um deus do amor e não era atoa. O currículo de emprego não foi a única coisa que ele havia dito ao chefe antes de indicar o jovem.

 Thalos tinha plena noção de que o rapaz havia vindo de uma cidade pequena e rural, era tímido e retraído; e aparentemente hetero. Trabalhador, planejando bem seu futuro e com bons valores apesar da raça trazer certo preconceito, Eros deixou bem claro que ele não parecia um pervertido como o esperado de Sátiros.

Mas ainda havia algo que lhe deixava curioso.

— Hoje é apenas uma formalidade, já fizemos toda a contratação de forma virtual com o R.H. Venha. — diz ao guiá-lo pelo prédio a fim de fazer um tour pelas acomodações, enquanto conversava o mínimo tentando mais uma vez orquestrar "seu plano maligno".

E desta forma logo a vê trabalhando tão compenetrada que o próprio satiro acaba por se perder em sua atuação, vendo o interesse na moça o draconato sorri.

Kael achava a dublagem uma atuação incrível, dar vida a personagens ou trazer acessibilidade a outros povos para um novo idioma. Logicamente que ria quando eram mal feitas, e nunca se imaginou vendo por trás das cortinas como aquilo era feito; os gestos caras e bocas.

Cobriu os lábios para não rir de toda a ovação no final. Aquilo não deveria ser normal? Não faziam todos os dias? Que ridículo essa pagação de pau.

NÃO!

Não estava ali para mal julgar ninguém, não deveria pensar neste tipo de coisa pela alegria de outras pessoas.

— Com licença. — diz ao se afastar vendo que Thalos ia até a Ninfa.

Mais uma vez joga uma água no rosto, sentindo sua transformação fraquejar pucha o corro sobre os cabelos brancos platinados.

Por que tinha de ser assim?

Esse instinto cruel de desejar o mal, de ser sádico com nada?

Por que não pode nascer em uma raça livre, que pudesse pensar e ser como desejava. Mas será que alguma raça realmente era assim? Sem estar presa a seus instintos?

Precisava... conseguir ser outra pessoa.

 Continua...

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