𝐈𝐒𝐀𝐁𝐄𝐋𝐀 𝐏𝐈𝐓𝐎𝐍
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— ISA PARA COM isso — Júlia disse, pela milésima vez no dia — você tá me enlouquecendo junto com você.
E eu estava enlouquecendo mesmo, já podia sentir o suor escorrer pelas minhas costas.
Nunca gostei de sair do meu cronograma.
Não gostava de fazer às coisas por impulso. Nunca fui de fazer isso. Eu sempre gostei de planejar tudo. Cada mínimo detalhe.
Justamente para que nada de errado aconteça. Como hoje.
Fim das férias, o que significa que a boa vida acabou.
Chega de festinhas todos os dias, chega de curar a ressaca com mais cachaça, e principalmente, chega de casa das mamães.
E eu não me importava muito com isso, é óbvio que eu amava passar um tempo com elas e em casa, mas eu sentia saudade do meu trabalho.
Mas eu odiava essa sensação, odiava não saber o que eu podia esperar, sentia como se eu não estivesse no controle da minha própria vida.
E é isso que me deixa doida.
Eu nunca quis tanto ser desprezada por alguém.
Nunca gostei de estar fora da minha zona de conforto, tudo que é novo demais me tira para fora da casinha.
Me enlouquece.
Me perturba.
E isso é muito fora da minha zona de conforto.
Eu já evitei sair com a galera desse mundo — futebolístico — o resto das férias inteira, especialmente para que eu não acabasse esbarrando com ele por uma balada ou outra.
Porque eu não iria saber como reagir.
Na verdade, eu iria fazer o que eu sempre faço: me fazer de maluca. Fingir que nada aconteceu e seguir minha vida normalmente.
Mas é impossível quando é em um ambiente de trabalho.
Não acho que só eu pense dessa forma.
Como trabalha assim? Sério mesmo, como as pessoas conseguem?
Porra. Isso tava me deixando louca mesmo.
Eu estava me sentindo uma adolescente que acabou de perder a virgindade e está obcecada pelo seu primeiro amor.
Mas não é isso. Não mesmo.
Eu só não consigo lidar com isso tudo, todas essas coisas juntas. Porque não suporto a ideia de ter transado com ele e ter que conviver com ele todos os dias.