POV S/N SANTORO
Cheguei ao hospital quase sem fôlego. A volta para casa depois do acidente parecia uma tortura interminável. Cada solavanco do carro fazia a dor no lado esquerdo do peito explodir como uma onda de agonia, arrancando gemidos involuntários de mim. Respirar era uma luta constante, como se uma mão invisível estivesse apertando meus pulmões, cada inspiração um punhal cravado entre minhas costelas.
As luzes fluorescentes e o cheiro de antisséptico me deram uma sensação de déjà vu, como se eu já tivesse estado ali muitas vezes antes. No entanto, hoje era diferente. Era como se uma sombra negra tivesse se abatido sobre mim, obscurecendo qualquer raio de esperança.
O Dr. Kim entrou com uma expressão grave após os exames. Seus olhos eram uma mistura de preocupação e profissionalismo, e ele parecia pesar cada palavra antes de pronunciá-la.
— Você tem uma fratura de costela. Vai precisar de repouso absoluto por algumas semanas — disse ele, a voz firme, mas o olhar suavizando ao encontrar o meu.
Repouso absoluto. Aquela expressão ecoou na minha mente como uma sentença de morte para meus sonhos. A ideia de ficar deitada, incapaz de treinar e competir, era uma tortura mental mais severa do que qualquer dor física que eu estivesse sentindo. Sentada na maca, tentei mudar de posição e uma dor lancinante percorreu meu corpo, me fazendo soltar um grito abafado. Era como se cada movimento fosse uma prova cruel de que minha vida estava em ruínas.
Olhei para o meu pai, que estava ao meu lado, visivelmente preocupado. Seu rosto era um misto de alívio por eu estar viva e tristeza pelo sofrimento que eu estava passando.
— Eu deveria ter sido mais cuidadosa — disse, com a voz trêmula. Cada palavra parecia rasgar minha garganta, a dor no peito intensificando-se a cada sílaba. A sensação de fracasso era avassaladora, uma tempestade que varria todas as minhas conquistas anteriores.
— O importante é que você está bem, filha. Vamos superar isso juntos. — Papà segurou minha mão com firmeza, sua expressão uma combinação de alívio e preocupação. Suas palavras eram um bálsamo, mas não consegui evitar o sentimento de fracasso que me envolvia. Era como se eu estivesse afundando em um abismo de auto-reprovação.
Enquanto estava deitada na cama do hospital, cada movimento, cada pequeno ajuste na posição do meu corpo, fazia a dor latejante no peito gritar em protesto. Cada vez que tentava respirar profundamente, era como se o ar estivesse em falta, o que intensificava o medo e a frustração que me consumiam.
Peguei o celular para verificar as mensagens. As notificações não paravam de chegar. Amigos, colegas, até conhecidos distantes queriam saber o que tinha acontecido. "Você está bem?", "Vi as notícias, foi grave?", eram as perguntas mais comuns. Mas as perguntas não ofereciam respostas, apenas um lembrete constante de que minha vida estava sendo invadida pela curiosidade alheia.
Abri um dos sites de fofoca, e lá estava a manchete sensacionalista:
"Ferrari Girl perde o controle na pista! Será que S/N Santoro ainda tem o que é preciso para vencer o Grande Prêmio deste ano?"
A imagem do meu carro danificado acompanhava a manchete. O título parecia um golpe direto à minha identidade e ao meu valor como piloto. Fechei os olhos e suspirei profundamente, desligando o celular. A avalanche de procupações ameaçava me afogar. A dor física parecia a menor das minhas preocupações agora.
Será que eles estão certos? Será que eu perdi o toque? As dúvidas começaram a me consumir, como uma maré negra que invadia minha mente. Cada vitória, cada conquista parecia insignificante frente a essa falha devastadora. As críticas e a sensação de inadequação me sufocavam, tornando o presente ainda mais sombrio.
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A Velocidade do Amor. | Imagine Rosé
FanfictionS/N Santoro é uma piloto destemida da Fórmula 1, determinada a conquistar vitórias nas pistas mais desafiadoras do mundo. No entanto, seu coração acelera não apenas pelo ronco dos motores, mas também pela presença magnética de Rosé, uma cantora e íc...