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Filipe.
O sol da manhã já invadia o confortável quarto de pousada, pelas frestas das cortinas. A temperatura aconchegante do quarto revelava o ar fresco de primavera do arquipélago Pernambucano, que adentrava o ambiente através de uma suave brisa que, lentamente, movimentava o tecido mais fino da cortina, da porta balcão que levava à sacada do quarto.
Observando a intensidade dos raios de sol que desenhavam o quarto, em feixes, silenciosamente sorri concluindo que os planos feitos no início da madrugada — de observar a primeira golden hour do dia, acompanhando o sol nascer do alto da trilha para a Cacimba — tinham falhado miseravelmente.
Dou um leve suspiro e, antes que meus pensamentos pudessem seguir em frente, senti-me mais uma vez inebriado pelo aroma frutal do corpo aninhado ao meu. Movi, delicadamente, a cabeça no sentido dos cabelos que se enroscavam em minha barba e cheirando-os devagar deixei-me cair numa espécie de vertigem, um torpor delicioso que há muito ela me causava.
Como quem tenta guardar uma sensação, eu me permiti fechar os olhos e sorri mais uma vez. Estreitando-a ainda mais em meus braços e ainda de olhos fechados, comecei a me lembrar do passeio do dia anterior: do som de sua gargalhada ao avistar vários golfinhos nadando à nossa volta; de como ela estava linda com o nariz e os lábios corados pelo sol que ardia sobre nossas cabeças.
Voltei meus olhos pra ela, assim que a senti se espreguiçar sem se desvencilhar do meu corpo. Nesse momento, o perfume delicioso de sua pele quente inundava todo o quarto. Sorri quando aquele par de olhos âmbar, finalmente, me alcançaram acompanhados de um sorriso insinuante, nos lábios que eu imediatamente alcancei. Ali, me dei conta de que eu poderia acordar o dia inteira diante da sua imagem, que ainda assim eu não ia me acostumar, sempre parece que é a primeira vez que eu me apaixono pela Rayssa.
Movi meu corpo em sua direção, para poder trazê-la para ainda mais junto de mim, quando senti o espaço vazio na cama e despertei.
Ainda desnorteado pelo efeito do sonho sobre mim, fui acostumando os olhos à penumbra do quarto. Depois de tantos dias fora, dormindo em hotel, pousada, casa de amigos, avião, a tarefa de me localizar ao acordar já estava fazendo parte da minha rotina mental diária.
Estou em Porto Alegre e vou sair com o meu pai no primeiro avião com destino a São Paulo. Lá minha mãe e a Luiza estarão nos aguardando, pois passaremos o dia no salão do automóvel, falando da minha experiência com os carros, no estande da marca.
Desde que cheguei a Bagé, para filmar o curta do meu pai, já me sinto mais à vontade. O coração vem dia-a-dia se aquietando e só de saber que daqui a pouco estarei com minha mãe e minha irmã já me sinto quase em casa. Quase!
Vejo a hora no celular: 05:10, não vale a pena voltar a dormir. Resolvo ligar pro seu João que está no quarto ao lado:
— Hum? — grunhiu atendendo o telefone.
— Tá dormindo pai? — perguntei já contando com o esporro.
— Não Filipe, tô costurando um vestido pra Luiza! — respondeu com o seu humor matutino habitual, pondo o nome da minha irmã no meio da história. — Aconteceu alguma coisa? — prosseguiu em tom mais sério?
— Não, tá tudo certo. É que eu perdi o sono e resolvi te chamar pra dar uma corrida...
— Às cinco horas da manhã, Fipo? — me interrompeu em tom sarcástico.
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Aliança.
FanfictionTudo que sabemos sobre o amor é paradoxal, mutável e diverso. É possível se apaixonar perdidamente por uma pessoa que já "pertence" a outra pessoa? Mais do que isso, é possível entender o turbilhão de sentimentos e emoções que permeiam nossas mentes...