Cap. 5 - Chegamos ao nosso destino agora é desfrutar

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Cruzando mais duas cidades ao som de uma música que pode ser resumida apenas como "anos 2000".

─ Nossa... Quantos anos têm esse velhote?! ─ suspiro tampando meus ouvidos.

─ Até que eu estou curtindo. ─ contraria Tales se mexendo no ritmo das batidas frenéticas e letra estranha que sempre emenda em um rap mal feito.

Reviro os olhos, mas deixo o garoto se divertir. Puxo o óculos virtual, que roubei na semana passada, fui direto no app de mapa online, nós estamos quase no lugar em que precisávamos estar, só mais um quarteirão.

─ Hora de saltarmos Tales. ─ guardo "nossas" coisas na mochila.

─ Ahh... ─ ele lamenta. ─ Eu estava gostando dessa carona. ─ rapidamente ele se joga no meu colo.

─ E você acha que eu também não gosto de comer, beber e ainda dormir confortavelmente nas custas dos outros?! Mas assim que ele chegar no posto de gasolina nós seguimos por outro caminho.

─ "Outro caminho"? ─ ele ergue uma sobrancelha, desconfiado.

─ Não se preocupe eu tenho um plano. ─ bagunço seu cabelo, mesmo assim ele continua fazendo biquinho. ─ Não me olha assim carinha, qual é?! Nós estamos andando juntos já tem quase dois meses, no fundo você sabe que eu não te meteria em nenhuma enrascada.

─ Eu ainda estou achando penas nas minhas roupas por causa da sua última ideia "genial" da semana retrasada. ─ ele continua desconfiado.

─ Como eu ia saber que aqueles caras transportavam galinhas gigantes carnívoras?

─ Eu disse que estava com um mal pressentimento. ─ bufa, cruzando os bracinhos.

─ Oh igual o seu "mal pressentimento" sobre aquela garagem extremamente confortável que nos livrou de ser pegos pelos policiais na semana passada. ─ uso o mesmo tom acusador.

─ Eu me enganei! Mas foi só uma vez. ─ ele continua emburrado.

─ Então eu também, agora para de reclamar que já estamos quase chegando.

Nosso transporte parou, saltei para fora com Tales em meu colo nós seguimos para a o ponto de ônibus mais próximo. Era inacreditável como New York era tão grande e ainda conseguia ser sufocante, mesmo com as mais altas tecnologias tudo continuava sendo difícil para nós, meros aproveitadores do sistema falho. Usando um cartão magnético "bugamos" o ônibus para conseguir nossas passagens, a viagem foi relativamente tranquila, mas havia um sabor amargo em minha boca, acho que não fui o único com essa sensação. Tales continuou abraçado comigo a viagem inteira, desembarcamos na última parada, seguimos para o meio de um matagal extenso por uma trilha estreita. A mata ia se fechando atrás de nós, o cheiro de floresta impregnava nossas narinas. Meus pés inquietos queriam acelerar, mas continuei resistindo aos impulsos. Depois de todas essas semanas a ideia de me despedir de Tales me assusta, ainda mais porque não sei o que nos aguarda no alto dessa colina. Paro a poucos centímetros de um aro enorme com letreiro em linguagem antiga entalhado no alto de um aro de construção clássica grega, "Acampamento Meio-Sangue".

Minhas pernas congelaram, então esse era o fim de nossa jornada. Desci Tales de meu colo, mas logo ele correu para se agarrar em minhas pernas.

— Aqui... — diz apreensivo. — Tem algo se aproximando de nós.

Um galopar forte vem em nossa direção do alto desce até nós um corcel metade humano. Alto, com olhar de professor alguns anos antes da aposentadoria, barba e cabelos quase grisalhos e ainda vestindo uma jaqueta de couro bem mais estilosa do que as daquelas velhotas que encontramos algumas semanas atrás.

As crônicas de Aquiles Green: O Legado EsquecidoWhere stories live. Discover now