2. Extraterrestre

47 9 22
                                    


Não toque em nada. Não se aproxime, pode ser perigoso — a voz da inteligência artificial Stay o advertiu. — As autoridades responsáveis cuidarão de tudo.

Minho estava ciente de que o que Stay dizia sempre era para o seu bem, e como a própria definição sugeria: "inteligência artificial", suas colocações eram perspicazes e sensatas. Aproximar-se do desconhecido sem cautela não era muito sábio de sua parte, mas... ele era um homem muito curioso.

E um arqueólogo deveras corajoso e empenhado para perder o possível furo jornalístico científico do século. Ele sabia que seu trabalho em essência era estudar o passado, não o presente, mas havia sempre as vertentes alternativas que ele podia escolher em sua carreira. Aquela descoberta poderia ser um marco histórico para a humanidade, ele não podia deixar de almejar com seu arqueólogo interior.

— Eu sei, mas... e se for algum pobre animal que foi ferido na queda do meteorito?

Tinha isso também, além de sua ganância no trabalho, seu coração apertava-se com a possibilidade de ignorar um serzinho fofo ferido precisando dele.

— As autoridades só estão interessadas no material extraterrestre para pesquisa. Se for um gato ou outro animal, eles só vão afastá-lo e o deixar a própria sorte.

— Você tem razão. Ainda assim, devo alertá-lo sobre os riscos...

— Os scanners, medidores de radiação, de gases perigosos e tudo o mais disseram que a área é segura.

— Sim, mas o ser vivo pode ser agressivo. Ou estar contaminado.

Ele hesitou por um momento, seus pensamentos variando entre a curiosidade e o instinto de autopreservação. Minho sentia o coração bater nos ouvidos, sua boca estava seca enquanto ele engolia e respirava fundo. Após um breve conflito interno, ele finalmente decidiu seguir em frente.

— Está tudo bem, Stay. Eu vou ficar bem, caso algo aconteça, contate as autoridades.

— Como quiser, Lino. Boa sorte! — a voz desejou docemente.

Seus passos eram cautelosos, movimentos calculados para não alertar a presença do ser vivo que ali estava. Ele só precisava se certificar de que não era um filhotinho ou animal ferido, do resto as autoridades competentes cuidariam. E se fosse... bem... ele o ajudaria como pudesse e depois o deixaria em um lugar seguro. Se ele fosse forte e não fizesse contato visual, ele conseguiria resistir à tentação de não o levar para casa consigo, certo?

Minho manteve os olhos na areia, nos destroços, nas pedras, tudo para evitar possíveis olhinhos de filhote abandonado.

O problema era que o serzinho era meio grande demais para que ele pudesse não olhar.

(Oh... O que...? É tão... lindo).

A pele oliva tinha discretas partículas de brilho reluzindo sob os intensos raios solares, era absolutamente lisa e perfeita, sem manchas ou cicatrizes. Absolutamente uniforme e leitosa sob o corpo humanoide esguio e bem torneado.

(Um... humano?)

Não poderia ser. Não haviam pegadas nas proximidades, seus dispositivos não o alertaram sobre a presença de mais nenhum outro homem e... o que ele estaria fazendo ali? No centro da destruição?

Minho deveria ficar longe, mas ele parecia tão pequeno e vulnerável agachado abraçando os joelhos. Ele possuía longos cabelos prateados, tão claros quanto a neve, que emolduravam uma mandíbula redonda, as pontas das madeixas cobrindo seus braços como um véu de seda. Sua cabeça estava virada para o chão, mas o Lee viu cílios prateados incomuns em seus olhos fechados.

Celestial Lover | MinSung (em hiatus)Onde histórias criam vida. Descubra agora