5. Metaverso

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A voz não falou com ele de novo, mas entender Han já não era mais tão difícil. Ele aprendeu a sinalizar muito bem e mostrou ter ciência superficialmente de conceitos humanos mais subjetivos, como sentimentos. Embora fosse apenas alegria, tristeza e raiva.

Quando ele gostava de algo, mencionava o sujeito ou objeto em questão e adicionava "alegre", como: "Gatos. Alegre", com seus sinais. Se não gostava, usava a tristeza: "Aspirador de pó. Triste". Porque ele sugou o pirulito de Han que estava no tapete e ele nunca mais pôde saboreá-lo.

Ele achava assustador que aquela criatura do vácuo circulasse livremente assim! Os gatos não concordavam com ele dessa vez, Soonie gostava de se sentar em cima do robô aspirador e ser conduzido pela casa como um rei. Até onde Han sabia, aquele monstro poderia sugar Soonie para o além, mas Lino descartava suas preocupações.

Uma vez, ele até se arrastou até a cama do Lee, lutando bravamente contra o ar, em completo desespero, desconcentrando-o de suas pesquisas do trabalho para avisar que o objeto maligno havia deixado os gatos na miséria.

Fazendo tudo o que podia para cuidar deles, não sossegou até Minho o seguir até a sala, onde ele apontou para o aspirador, o pote de ração, imitou-se engolindo o nada e depois os gatos, que estavam tão confusos quanto o Lee.

— Você quis dizer que o aspirador engoliu a ração dos gatos?

Han assentiu assiduamente, preocupado, mas o humano riu.

— Está tudo bem, há muito mais ração, ninguém vai morrer de fome — assegurou, mas o ET desconfiava que ele não entendia a gravidade da situação.

Minho era muito inocente!

De qualquer maneira, ele manteria um olho naquele vilão e protegeria o Lee e os gatos dele sozinho, era a única opção que tinha, já que ninguém uniria forças a ele.

De volta a compreensão das emoções, "raiva" era um sentimento que Han só usava sobre terceiros, nunca partia dele. Era sempre um questionamento sobre Lino ou os gatos estarem com raiva de algo, nunca Hannie estando furioso.

Até porque, ele sabia muito bem abstrair qualquer sensação negativa. Bastava sentar-se no colo do Lee, enfiar o rosto em seu pescoço e esfregar as bochechas nele. Com o carinho que ganhava no cabelo e as risadas gostosas que ouvia, não havia como continuar chateado com nada.

Han só tinha momentos ruins quando Lino saía para estudar as ruínas na cidade fantasma e o deixava sozinho o dia todo. Depois de muito investigar a casa e seus perigos, assistia aos vídeos fornecidos por Stay, ouvia música — o ET se cansou de procurar onde estavam aquelas pessoas e se permitiu aproveitar a melodia —, se deixava ser lambido por Soonie, Doongie ou Dori — este último mordia, ele não podia se descuidar —, cochilava por aí e comia até sua barriga ficar estufada, mas nem o extraterrestre estava livre do tédio.

Foi assim que ele descobriu o metaverso, sucessor da internet, ao encontrar um retângulo de vidro que dobrava como uma roupa. Era transparente como um cubo de gelo, mas não gelado ao toque; na verdade, quando os dedos do alienígena tatearam o material ele se desdobrou duas vezes e ficou grande como um espelho de mesa. O vidro mágico virou uma tela com luz cheia de ícones de aplicativos, que Stay o ajudava controlar.

Era difícil dominá-lo sozinho, já que o aparelho não entendia bem seus sinais e o ET não sabia como formar palavras escritas — ou digitadas, mas com o auxílio e a tutela da IA da casa de Minho, ele estava aprendendo rápido.

Ele não sabia que haviam humanos tão pequenos que cabiam lá dentro, ou porque eles repetiam tudo o que falavam infinitamente, se assim pedisse a Stay, sem perder a paciência, como Lino fazia às vezes. Han não entendia como no espelho mágico o dia podia clarear ou escurecer a qualquer instante, e nem como as aparências dos humaninhos podiam ser tão diferentes entre si. Também descobriu que haviam muitos animais além de gatos, que podiam ser reais ou desenhados — ele achou muito legal e pensou em tentar rabiscar algum dia.

Celestial Lover | MinSung (em hiatus)Onde histórias criam vida. Descubra agora