Lótus

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Uma mensagem, uma porta aberta, um rapaz saindo para o lado de fora.

Era a primeira vez que se viam, desde a péssima notícia.

Não sabiam muito bem como se cumprimentar na última vez, umas duas semanas atrás, mas agora era diferente.

Logo que Sungho saiu, teve seu pescoço torneado pelos braços do rapaz em um abraço forte.

Era uma merda como apesar do susto ele não tinha nem a oportunidade de levar isso como um gesto romântico, ou não estaria nessa condição atual.

Qualquer outro o faria sorrir com tal gesto desesperado, mas Park não precisava confortar Jaehyun, o conforto era estar perto e ver com seus próprios olhos.

Então se abraçaram de tal forma, que ambos transbordavam. Manchavam as blusas um do outro, não importava, estavam juntos no fim das contas.

Naquele abraço Sungho pôde ver um futuro em que os dois eram felizes, que caminhavam de mãos dadas, se molhavam com água brincando com seus filhos e até beijavam um ao outro.

Aquela não era a verdade, mas pareceu por milésimos.

— Me desculpa — Pediu sem cortar o contato

— Não, Jae — Disse com a voz fraca, ludibriado pelo cheiro forte que ele tinha, tal qual as flores que cuspia.

Até que se soltassem para sentar na calçada ao lado de fora levou algum tempo, já que convidá-lo para entrar era uma opção incogitável.

Digamos que ver o malfeitor e descobrir que ele era bonzinho não estava na lista de coisas favoritas dos Myung, mas não o proibiram de nada, então tecnicamente podiam estar ali.

— Quer saber que flor é?

— É meio contraditório, não sei se quero.

— Me disseram que são tulipas, vermelho escuro, talvez por conta do meu sangue, ainda não dá pra saber.

— Deve ser uma droga ouvir isso, mas são as flores mais bonitas que eu já vi.

— Obrigado, eu acho? — Disse Sungho os fazendo rir finalmente.

— Qual é a sua flor favorita?

— Acho que cravos e gosto de roxo, então cravos roxos — Deixou as palavras pairarem no ar.

— Eu queria muito sair com você, tipo um encontro, só que…

— Com você sabendo? — Interrompeu quando o viu travar.

— É…

Sungho parecia distante, pensava mais do que falava, não sentia mais borboletas no estômago, sentia um carinho gigante e sabia que se pudesse o pediria para ficar ao seu lado.

Só que era justo?

Via um caminhão barulhento levar embora seus pensamentos, e só então voltou a encará-lo.

Já trocavam mensagens diariamente, se ligavam vez ou outra, tinham até piadas internas, se nada disso tinha feito ele se apaixonar, talvez não fosse pra ser.

Então tudo que ele pedia aos céus, era que quem é que o correspondesse considerasse com carinho a existência desse contato.

Que pudesse fazer tudo o que ele sonha em fazer, que durma e acorde ao lado dele se sentindo a pessoa mais sortuda do mundo.

Que puxe sua cintura pra perto só pra encostar as testas quentes e sentir que estão vivos.

Que beije cada cantinho daquele rosto tristonho.

Lapsos De Nossas PétalasOnde histórias criam vida. Descubra agora