Capítulo 5 - "Belzebu, A gula."

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Lily ficou muito tempo focada naquele livro, na verdade entendeu muitas coisas lendo, principalmente o tal de Belzebu, a gula.

O livro parecia ter sido escrito por alguém que estudou aquele demônio e tinha algumas frases que pareciam do próprio Belzebu, todo livro tinha uma textura crespa que agoniava ao passar a mão, dava medo que a cada página algo insinuando que quem estivesse lendo seria condenado ao sofrimento eterno daquele demônio... como se fosse um aviso de quem escreveu, as marcas nas evidentes eram com certeza sangue, parecia que naquele estudo a pessoa que escreveu foi possuída do meio para o final, porque tinha uma discrepância muito grande no livro.

Na verdade lendo sobre parecia uma coisa surreal de se enfrentar, já que tinha poderes como possessão, hipnose, controle daqueles que o servia, como hordas de moscas, baratas, larvas e até ratos e diziam que todos eram carnívoros, além especificava que a verdadeira forma era incrivelmente repulsiva e ninguem conseguia encarar, mas apesar da forma grotesca ficava disfarçado como humano para fazer você abaixar a guarda e depois te consumir, como se saboreasse um prato devagar, mastigando aos poucos.

Pensar na descrição da aparência e o jeito exato que Belzebu iria te matar foi muita coisa, na verdade não conseguia ler tudo de uma vez, porque estava assustada, principalmente imaginando se aquilo poderia realmente acontecer... a ideia dele rasgando a pele de suas vítimas aos poucos e as imagens explícitas no livro, eram coisas que não dava para esquecer, Lily começava a sentir um terror compreensivo só por causa daquele livro.

Afinal que criança não teria medo de um monstro tão detalhado e as mortes desenhadas sem nenhuma censura? Ainda não sabia disso, mas saber de tudo aquilo estava afetando o psicológico dela até demais.

Em meio aquilo tudo segurou o proprio braço para parar o tremor do proprio corpo, tentando acalmar a si mesma e falhando inútilmente, tentando focar aonde ficou mais interessada, que foi a parte da hipnose, dizia que podia fazer as pessoas sentirem um desejo ou compulsão irracional, quase como uma lavagem cerebral para serem atraídas para alguma comida... ou seja enganava seu cérebro para que ficasse faminto e te atraia com fascínio para uma armadilha... isso lembrou como ficou praticamente encantada por aquele doce cor de rosa de um jeito inexplicável... Naquela hora tinha mexido com todo seu ser e fez até o corpo dela caminhar institivamente para perto...Tudo fazia sentido, tinha sido um alvo, uma vítima de uma trama, o demônio fez aquilo de proposito! Foi ele que a trouxe.

Isso dava uma sensação amarga, pois estava com medo e agora que sabia ser seu alvo se sentis tensa, não conseguindo ficar quieta, antes se sentia mãos segura naquela mansão, mas agora estava incrivelmente paranoica... não queria ser devorada igual as imagens mostravam, isso a fez chorar, tampou a própria boca, mesmo sabendo que se Kally ouvisse provavelmente não ligaria.

Sentia falta do abraço caloroso da mãe dela, do pai que a fazia sorrir e a protegia... tentou parar de chorar, porque naquele momento isso não ajudaria, mas mesmo limpando as lágrimas aquele sentimentos não desapareciam, com o tempo parou de chorar e voltou a focar.

Tinha caído na armadilha, por isso em algum momento se sentiu uma presa... precisava ir embora e encontrar seus pais... tinha que ir embora de qualquer jeito, pensar nisso a fez se tocar de uma coisa.. e aquele gato...? No livro não explicava nada sobre Belzebu dando pesadelos ou virando um gato... aquele não era ele? Se não era... o que foi aquela outra coisa? Lembrava nitidamente quando a mão daquele ser segurou o coração dela... Talvez devesse contar aquele pesadelo para Kally? Ele deveria saber de alguma coisa pelo menos, mas se fosse uma coisa tão ruim que ele a expulsasse daquele local e a colocasse lá fora? Bem, ele disse que não era tão frio, mas sinceramente duvidava do caráter dele pelo modo que agia.

Com essas perguntas parou de ler e verificou as portas daquele lugar, agora ficava sempre naquele canto da mansão encolhida de frente para as portas enquanto lia com pavor que realmente o demônio aparecesse atrevessando a porta e a pegaria, por mais que Kally falasse que era um lugar seguro.

Lily: "No Caminho para Casa"Onde histórias criam vida. Descubra agora