1| Où es-tu?

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     Ele sentiu sua consciência voltar aos poucos. No começo, ele entrava e saia, pegando pedaços de conversas, mas não conseguindo as entender por completas.

     A primeira coisa que notou foi o bip constante em algum lugar de seu lado esquerdo e passos distantes. A segunda, foi o cheiro de antisséptico.

     Quando abriu os olhos deu de cara com um teto branco. Um hospital então.

     Ele tentou se sentar, mas a lateral de seu corpo começou a doer.

     — Cuidado, Forever! – uma segunda voz disse, uma que ele não reconheceu, e um desconhecido o colocou de volta em sua posição deitada.

     — O que aconteceu? – sua voz estava rouca e o homem o deu um copo de água.

     — Você caiu e bateu a cabeça num poste. – Forever lambeu seus lábios.

     — Brunim está bem? – perguntou colocando o copo na mesa ao lado da cama.

     — Não sei de quem está falando. – Forever o encarou.

     — Meu marido. – isso fez o outro homem rir.

     — Você não é casado. – antes que ele pudesse dizer algo, a porta se abriu, revelando um garotinho de cabelos cacheados e, atrás dele tinha outro homem.

     O garoto correu pelo quarto, se jogando em cima de Forever, fazendo-o ofegar de dor, que fez a criança se desculpar profusamente.

     Ele se virou para o homem de mecha branca, mas ele havia saído do seu lado para conversar com o homem na porta, o deixando sozinho com a criança desconhecida.

     Inseguro, ele colocou a mão na cabeça cacheada ganhado um sorriso com um dente faltando.

     "A gente ficou muito preocupado com você pai!" pai? "A tia Bagi faltou escalar as paredes.", apesar de ser linguagem de sinais, ele se pehou entendendo.

     — Pai? O que está acontecendo? Eu não me lembro de ter um filho! – a criança se afastou confusa e magoada. :— Vocês entraram aqui e agem como se me conhecessem.

     "Pai, não se lembra da gente?"

     — Eu deveria? Eu só quero saber onde meu marido está! – isso chamou a atenção dos dois homens na porta.

     — Richas, vem aqui, deixe seu pa-Forever em paz. O médico está aqui.

     Então Forever foi deixado sozinho com um homem de longos cabelos rosa e olhos azuis.

     — Fico feliz que esteja acordado, Miguel, deixou muita gente preocupada. – Forever franziu o cenho, mas não queria o interromper. :— Você sofreu algumas queimaduras nos braços e nas pernas e uma costela fratura pela queda; mas estávamos mais preocupados com sua cabeça, que bateu em uma barreira na rodovia. – o homem levantou os olhos de sua prancheta. :— Você está se sentindo tonto ou com dor de cabeça. – ele negou com a cabeça. :— Bom... Você deve ficar alguns dias de observação. Boa recuperação, Miguel!

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     Os próximos dois dias foram cheios de enfermeiros indo e vindo para check-up; pelo menos o homem de mecha branca, Rafael - ou Cellbit - o deixou com seu telefone.

     E... Não era nada com o que estava esperando. 7 anos, 1 mês e 4 dias. Esse foi o tempo que ele perdeu. Foi quanto tempo ele não tinha seu marido. Foi quanto tempo Brunim estava morto.

     Seu médico, Ellijah, disse que era comum lapsos de memória após um evento traumatico como esse e que ele poderia voltar a ter as memórias dos últimos sete anos.

     Mas... Talvez ele não quisesse realmente se lembrar desses anos. Não quando leu suas mensagens.

     Ele sabia que o luto poderia mudar as pessoas, mas não esperava que ele se tornasse uma prostituta. Sério, ele dava em cima de um cara comprometido - não querendo dar razão a atitude errada de seu outro eu, ele podia entender o porquê da insistência ao ver a foto do cara.

     Mas também havia coisas que ele queria lembrar. Como seu aparente filho - ele e Brunim planejavam adotar, tinham até uma linda garotinha em mente -, sua nova família e como ele se reconectou com sua irmã de sangue, Baghera.

     Eles perderam o contato quando Forever foi estudar no Brasil e Baghera fugiu para a Suíça.

     Pelo menos Cellbit aceitou de bom grado o contar sobre essa época, sendo uma das poucas pessoas que ele deixava o visitar.

     Achou graça quando Cellbit o contou que eles namoraram por um tempo, ele não acha que os dois daria um bom casal, era uma relação muito fraternal. E ficou surpreso ao saber que seus antigos colegas, Pac e Mike, também eram co-pais de Richarlyson - como descobriu como se chamava seu filho -, assim como alguém chamado Felps. Também havia Bagi, irmã gêmea de Cellbit, que era tia e mãe de Richarlyson.

     Sua nova família parecia bastante caótica, mas parecia feliz - muito diferente da família com que cresceu.

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     Ele ficou mais cinco dias no hospital, tanto pelos seus ferimentos, mas também pela sua perda de memória. Ellijah estava bastante confiante de que ele poderia recuperar elas, mas também havia aquela chance de ele nunca o fazer, então ele tinha uma reunião marcada para daqui a um mês.

     Durante seu tempo de cura, ele ficaria na casa de Cellbit, que ele dividia com o noivo, Roier. Cellbit o ajudariaa se acostumar com sua nova vida e seu processo de cura.

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     Ele acenou para o garoto cacheado antes de voltar para dentro do carro. Ele deu um sorriso cansado para Cellbit e se reencostou no banco.

     — Os outros estão nos esperando no seu apartamento. – Forever assentiu, fechando os olhos. :— Você pode ficar se quiser, depois que acabar, ou voltar comigo, é sua decisão.

     Fazia três dias que havia saído do hospital e estava ficando na casa de Cellbit como o combinado, hoje seria a primeira vez que iria interagir com as pessoas de seu passado que não fossem Cellbit, Roier e Richarlyson.

     Ele abriu os olhos, observando a paisagem pela janela do carro. Eles pararam em um lugar perto de uma praia, o que o fez sorrir. Mais um sonho dele e de Brunim realizados.

     Forever se escorou no carro, levantando com dificuldade, mas rejeitando a ajuda de Cellbit. Felizmente, seu prédio tinha elevador e ele não precisou subir oito lances de escadas.

     Uma sobrancelha foi arqueada em curiosidade quando, ao entrar na sala, viu duas pessoas que ele reconhecia vagamente sendo repreendidos por uma mulher muito parecida com Cellbit.

     — Forever, que bom que está bem! – uma voz desconhecida chamou a atenção de todos na sala.

     — Oi. – ele acenou, desconfortável com toda a atenção.

     A única mulher na sala venho até ele, um enorme sorriso no rosto, mas parou no caminho.

     — Eu sou Gabriela, mas pode me chamar de Bagi, sou a gêmea do Cellbit! Esses são Mike, Pac... – ela apontou para os dois no sofá. Ah, ele os conhecia! :— ... E Felps. – apontou para o cara atrás do balcão da cozinha.

     — É um prazer conhecê-los! – ele entrou mais na sala. :— Sei que vocês já sabem sobre minha amnésia!

     — Não nos importamos de ajudar com isso. – Pac levantou do sofá em um pulo, mas um olhar de Bagi o fez se sentar novamente.

     — Obrigado! – um apito chamou sua atenção para a cozinha.

     — Comida! – Felps exclamou.

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