Desafios em Saquarema

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A primeira semana da VNL no Rio de Janeiro foi um sucesso para a seleção brasileira de vôlei feminino. Com três vitórias consecutivas, a equipe se destacava, mostrando um desempenho impecável. As jogadoras estavam radiantes, e a energia no ginásio era eletrizante. Torcedores vibravam, famílias apoiavam e todos acreditavam na força do time. Carol, apesar de sua gravidez, conseguiu se manter estável e bem durante os primeiros jogos. Suas habilidades e determinação eram inegáveis, e ela provava a cada partida que ainda tinha muito a oferecer no auge dos seus trinta e nove anos. Rosamaria, por outro lado, se esforçava para manter o foco.

Entretanto, a pressão pós primeira semana invictas estava cada vez mais intensa no centro de treinamento em Saquarema. O técnico e a comissão técnica não davam trégua, exigindo cada vez mais da equipe. Cada treino parecia um teste de resistência, tanto física quanto mental. As meninas sentiam o peso das expectativas, não apenas dos treinadores, mas também delas mesmas. Cada erro era motivo de autocrítica severa, cada acerto vinha com a sensação de que ainda não era suficiente. Rosa, em particular, parecia estar sofrendo mais que as outras. Normalmente se mostrava concentrada e dedicada, mas agora se encontrava distraída e nervosa. Durante os treinos, seus pensamentos pareciam vagar, e os erros começaram a se acumular. As cobranças internas e externas a estavam deixando à beira de um colapso. Além disso, a mais nova começou a se isolar das outras meninas, preferindo passar o tempo sozinha, longe do grupo.

"Rosamaria! O que está acontecendo com você hoje?" gritou Zé Roberto, claramente irritado. "Concentre-se ou vamos perder tudo pelo que trabalhamos! Eu preciso de você focada".

Rosa apenas abaixou a cabeça, sentindo o peso da reprovação do treinador e vários olhares. Ela sabia que precisava se recompor, mas os pensamentos sobre Carol e o bebê a consumiam. O ciúme também crescia dentro dela, um sentimento que ela achava mesquinho, mas que não conseguia controlar. "E se a gravidez mudar tudo? E se Carol decidir se afastar da equipe, ou pior, de mim? Eu preciso manter o foco. Carol me disse que estava bem. Eu não posso deixar minhas preocupações me distraírem na VNL. Carol é forte. Ela vai ficar bem".

Enquanto isso, Carol estava determinada a não deixar que sua gravidez interferisse nos treinos. No entanto, as companheiras de equipe começaram a notar seu comportamento estranho durante a semana de treinos. Ela frequentemente dava uma fugida para ir ao banheiro e, durante as refeições, tentava ser rápida e evitar as meninas para não ser vista passando mal. Mesmo com enjoos e tonturas, ela forçava um sorriso e se dedicava completamente.

"Carol, você está bem?" perguntou Roberta preocupada.

"Estou sim, Betinha, só um pouco cansada" respondeu Carol, escondendo a verdade com um sorriso.

Aquela manhã passou lentamente, Rosamaria lutava para manter o foco, enquanto Carol se esforçava para ignorar os sintomas da gravidez. Zé Roberto continuava a pressionar a equipe, exigindo nada menos do que a perfeição.

Carol, sempre atenta ao bem-estar das companheiras, notou o comportamento de Rosa e tentou se aproximar várias vezes, falhando, uma vez que Rosa fugia dessas tentativas, evitando conversas e momentos de confraternização após vitórias no manchetão. O afastamento de Rosa preocupava a todas, mas principalmente a Carol, que sentia a necessidade de ajudar a amiga.

O técnico Zé também percebeu a mudança em Rosa. Sabendo da importância de sua atleta para o time, decidiu chamá-la para uma conversa privada. Rosa entrou na sala do treinador com uma expressão de ansiedade. Zé, com um tom firme, mas compreensivo, começou a falar. "Rosa, eu sei que as coisas não estão fáceis. A pressão é grande, eu entendo. Mas você precisa se concentrar. Sei do seu potencial e do quanto você pode contribuir para o time. Precisamos de você no seu melhor".

"Além das Quadras" RosattazOnde histórias criam vida. Descubra agora