Retrato em Branco e Preto

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A manhã seguinte chegou com uma leveza suave. O sol entrava pelas frestas da cortina, iluminando o quarto com um brilho dourado, e o silêncio era quebrado apenas pela respiração calma de Rosa, ainda enlaçada a Carol. Os corpos das duas estavam relaxados, e o calor do abraço compartilhado as envolvia em uma sensação de segurança, depois de uma noite de emoções tão intensas.

Carol foi a primeira a despertar, seus olhos piscando lentamente até se ajustarem à luz suave da manhã. O calor de Rosa ao seu lado a fez sorrir involuntariamente, lembrando os momentos de carinho que compartilharam. Ela se afastou com cuidado para não acordar Rosa, e ficou ali, apenas observando o rosto tranquilo da mulher ao seu lado. No entanto, à medida que a realidade do dia começava a se instalar, o sorriso deu lugar a uma expressão mais séria. A semifinal se aproximava, e com ela, a pressão que parecia crescer a cada minuto.

Decidida a não deixar o nervosismo tomar conta, Carol se levantou silenciosamente, sentindo o frescor do chão debaixo de seus pés descalços. Foi direto ao banheiro e tomou um banho rápido, esperando clarear as ideias e afastar a ansiedade. Quando saiu, vestida em um moletom confortável da seleção, a decisão estava tomada: começaria o dia com um toque de leveza.

Carol dirigiu-se ao refeitório e preparou um café da manhã simples. Queria trazer algum conforto, algo que pudesse, ainda que por um breve momento, afastar a ansiedade crescente. Preparou uma bandeja com frutas frescas, pães, e uma caneca de café forte, tentando colocar em cada detalhe uma dose extra de carinho. O aroma doce das frutas e o cheiro reconfortante do café encheram o ar, criando uma ilusão temporária de normalidade.

De volta ao quarto, Carol encontrou Rosa ainda adormecida, o rosto sereno e tranquilo. Aproximou-se silenciosamente, admirando a beleza suave da mais nova, e sentiu o coração aquecer. Colocou a bandeja ao lado da cama e sentou-se suavemente, observando Rosa com um olhar de afeto. Com um toque suave, ela a despertou com um beijo leve na testa.

Rosa acordou lentamente, abrindo os olhos com um sorriso ao encontrar Carol ao seu lado. "Bom dia, dorminhoca!", murmurou, com a voz ainda rouca de sono, mas cheia de ternura. "Senta aí, eu preparei algo especial para nós". Ainda sonolenta, Rosa se espreguiçou e olhou para a bandeja ao lado da cama. "Tô com fome!", comentou, os olhos brilhando com uma mistura de surpresa e gratidão.

Carol sorriu, sentindo o coração se aquecer pela visão de Rosa com uma carinha manhosa e encantadora. "Achei que você merecia. E também... é uma forma de me redimir pelos meus momentos de tensão pré-jogo". Rosa se sentou, aceitando a bandeja e admirando as delícias que Carol havia preparado. "Meu Deus! Tá maravilhoso! Tu realmente sabe como fazer qualquer momento ser especial, velha!"

Elas começaram a comer e conversar, o ambiente no quarto era descontraído e leve. As risadas fluíam naturalmente, e a cumplicidade era palpável. Rosa, entre uma mordida e outra, lançou um olhar provocador para Carol. "Então, Caroline, como é essa história de você querer ficar sozinha no quarto? Porque, sinceramente, já é a terceira noite que durmo aqui contigo"

Carol soltou uma risada, balançando a cabeça. "Pois é, parece que meus planos de solidão falharam miseravelmente. Mas, sinceramente, estou adorando esse fracasso"

Rosa fingiu surpresa, arqueando uma sobrancelha. "Ah é? Que mudança de discurso... Mas bom saber que a companhia está agradando"

Carol deu de ombros, um sorriso travesso dançando em seus lábios. "Bom, você é uma companhia bem melhor do que o travesseiro vazio"

Rosa gargalhou e, sem perder o tom brincalhão, completou: "Ainda bem que eu tô aqui, porque vou te contar, a Betinha é sonâmbula e me dá cada susto lá no quarto. Eu nunca sei se ela vai aparecer no meio da noite me encarando!"

"Além das Quadras" RosattazOnde histórias criam vida. Descubra agora