Conflito Interno

243 29 1
                                    



Após o último pré-treino antes do jogo da semana contra o Japão, Carol acordou na madrugada com uma sensação estranha. Sentiu um mal-estar crescente e rapidamente correu para o banheiro, tentando não fazer barulho para não acordar sua colega de quarto, Rosamaria. Porém, ao alcançar o banheiro, a náusea se intensificou e ela vomitou, o som inevitavelmente ecoando pelo quarto. Rosa, alertada pelo barulho, despertou preocupada.

"Carol, está tudo bem?" perguntou Rosa, com uma voz trêmula de sono e preocupação, enquanto se aproximava do banheiro.

Carol, ainda ajoelhada ao lado do vaso sanitário, tentou esconder seu mal-estar. "Estou bem, Rosa. Volte a dormir. Só estou me sentindo um pouco enjoada", respondeu, sua voz traindo a fraqueza que sentia.

Rosamaria franziu a testa, claramente preocupada. "Tem certeza? Posso te ajudar em alguma coisa?" Ela ficou na porta do banheiro, hesitante, querendo ajudar mas sem saber como.

"Não, sério. Só preciso de um momento. Volte para a cama", insistiu Carol, tentando soar convincente. Apesar do tom firme, havia uma nota de exaustão em sua voz.

Rosamaria, relutante, voltou para a cama, mas não sem deixar escapar um comentário sarcástico que fez Carol sentir uma pontada de tristeza. "Certo, vou voltar para a cama. Afinal, parece que minha preocupação com você não é mais bem-vinda"

Carol sentiu o peito apertar, um misto de tristeza e frustração crescendo dentro dela. "Rosa, não é isso..." tentou explicar, mas Rosamaria já havia se afastado, claramente chateada, seu corpo tenso refletindo a mágoa que sentia.

O dia do jogo chegou, trazendo consigo uma mistura de ansiedade e excitação. O ginásio estava lotado, com torcedores vibrantes de ambos os países, agitando bandeiras e cantando hinos de apoio. A energia era palpável, e Carol, apesar da noite mal dormida, tentou focar no jogo. Sabia que precisaria dar seu máximo para contribuir para o desempenho da equipe.

Na entrada em quadra, ela cruzou os olhares com Rosamaria. Havia uma tensão silenciosa entre as duas, mas ambas sabiam que, dentro da quadra, precisavam estar unidas. Rosa deu um breve aceno de cabeça, e Carol respondeu com um olhar determinado. O apito inicial soou e o jogo começou com uma intensidade implacável. O Japão, com sua conhecida disciplina tática e agilidade, iniciou o jogo com uma forte pressão. As jogadoras brasileiras, por sua vez, demonstraram uma defesa sólida e contra-ataques rápidos, mostrando que não se deixariam abater facilmente.

O primeiro set foi extremamente disputado, com o Japão levando a melhor por uma pequena margem de 25-22. Carol, apesar de tentar se concentrar, sentia seu corpo pesado e a mente dispersa. No segundo set, a situação se complicou. Aos quinze minutos, sentiu uma forte tontura e cansaço extremo. Sua visão parecia embaçada, e por um momento, ela teve que se apoiar na rede para não cair. Percebendo a situação, a comissão técnica rapidamente solicitou sua substituição. A saída de Carol foi recebida com expressões de preocupação de suas companheiras, especialmente Rosamaria, que assistiu com o coração na mão enquanto Carol era levada para a lateral para receber atendimento médico.

"Carol, você está bem?" perguntou Gabi, ajudando-a a sair da quadra.

"Só um pouco tonta, não se preocupa. Vou ficar bem, Gabi, essas japonesas deixaram minha pressão no chão", tentou brincar Carol, mas sua tentativa de sorriso foi ofuscada por sua palidez evidente.

Rosamaria observava de longe, seus olhos não desviando de Carol nem por um segundo. Sentia-se impotente e ansiosa, uma tempestade de pensamentos passando por sua mente enquanto Carol era examinada pelos médicos.

Com a saída de Carol, a equipe teve que se reestruturar. O segundo set terminou com o Japão vencendo por 25-19, colocando o Brasil em uma situação difícil. No intervalo, as jogadoras se reuniram para uma rápida conversa motivacional. Gabi e Rosa assumiram a liderança, incitando o time a não desistir. No terceiro set, a equipe brasileira retornou com uma energia renovada. Jogaram com garra, Rosa se destacando em vários momentos com jogadas de ataque impressionantes. A torcida, que antes estava apreensiva, voltou a vibrar, especialmente quando o Brasil venceu o terceiro set por 25-20.

"Além das Quadras" RosattazOnde histórias criam vida. Descubra agora