Human

Akaza

Sempre que concluía uma missão, Akaza retornava ao treino. Era de costume que procurasse outros demônios mais fracos para treinar, ou mesmo induzir alguns caçadores de demônios para que se tornassem onis e pudessem lutar juntos por toda a eternidade. A maioria de suas expectativas falhava, e ainda assim, Akaza treinava sozinho, incansável, imbatível.

Nunca lhe veio à cabeça uma razão para encontrar tanto prazer na luta. Não precisava de alguma explicação, na verdade. Ele apreciava a adrenalina, a força, o espírito e a determinação de cada impacto, cada golpe.

Akaza não se importava de verdade com o que Muzan o pedia, afinal. Ele o obedecia porque era o certo a fazer, ainda mais se isso significasse potencializar sua força e chegar ao topo dos luas superiores. Chegar ao ápice. Ficar cada vez mais forte. Lutar. Lutar.

Era o que cercava sua cabeça por mais de 200 anos. Treinar. Lutar. Sangue. Morte. Combate. Força.

Quem era ela?

Naquela noite, Akaza parou atrás de algumas árvores, notando que o amanhecer se aproximava. Os raios de sol já brilhavam no horizonte. Muzan tinha acesso ao que via, e provavelmente já deveria saber que Akaza falhara em sua missão. O oni nada pôde fazer além de observar o dito hashira e mais três caçadores se retirarem da área de um trem destruído.

Aquilo o havia atrapalhado novamente. Akaza conteu-se para não golpear a si mesmo, saltando floresta adentro, prevendo algum castigo.

Parecia invadir sua mente de uma só vez, violenta, como um tsunami. Memórias. Fogos. Garota. Dojo. Pai. Veneno.

Não. Akaza tinha que focar em lutar e treinar. Foi assim por mais de 200 anos. Não haveria trégua enquanto não superasse os outros luas à sua frente. Lutar o conferia determinação, afinal, então porque daquela vez sua cabeça não girava em torno disso? Em vez disto, faziam dias que sua mente girava em torno de memórias que ele nem sabia que tinha.

Ainda correndo em meio à floresta, seus pés o forçaram a parar. Nenhum aviso de Muzan veio à sua mente. Seu corpo começou a tremer, algo que não acontecia a décadas. Seus punhos cerrados afrouxaram o aperto. Suas sobrancelhas levantaram-se, fitando o chão de terra.

Lágrimas molharam os dedos de seus pés.

Hakuji lembrou-se.

***