Capítulo 23

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De todas as coisas que Faye já havia feito em sua vida, essa definitivamente era uma das mais corretas, julgada por ela. Seu dedo voltou a pressionar a campainha e no segundo seguinte Supannee abriu a porta.

- Olá! - Supannee recepcionou com um enorme sorriso. - Por favor, entrem. - Ela disse para Faye e seus amigos. Todos haviam sido convidados para a ceia de Natal, afinal quanto mais gente melhor para Supannee. Este seria o primeiro natal que passaria em sua casa desde que se acidentaram anos atrás. O primeiro natal que passaria longe do hospital.

- Eu gostaria de agradecer por ter convidado meus amigos. - Faye disse, entrando na casa. Faye apresentou Ploy à Supannee e todos retiraram seus casacos, dando uma boa olhada pela casa. Os olhos de Faye se prenderam em Yoko, mas ela os desviou rapidamente. Primeiro tinha algo que fazer. - Podemos conversar um minuto a sós, Supannee?

- Bem... - Supannee disse arqueando uma sobrancelha. - Claro, me acompanhe até a cozinha. - Pediu. - Vocês fiquem à vontade. Já voltamos.

Faye acompanhou Supannee até o cômodo, sentindo o delicioso cheiro de algumas coisas que já estavam sendo preparadas. A empregada estava cozinhando, porém Faye não se importou com sua presença, afinal a mulher usava fones de ouvido e dançava feito louca enquanto cortava algumas batatas.

- Pois não? - Supannee perguntou e Faye suspirou, vendo a mais velha se debruçar sobre o balcão.

- É sobre a Yoko. - Disse, vendo Supannee piscar ainda calada, esperando por algo a mais.

- O que tem ela? - Perguntou naturalmente.

- Hm, ontem ela... Digo, isso já veio de antes, desde o assunto das flores. - Supannee franziu o cenho, segurando o riso pelo aparente nervosismo de Faye. - A massagem também foi um sinal, mas talvez ela nem saiba o que esteja passando.

- Compreendo. - Supannee disse, balançando a cabeça, fazendo Faye gargalhar no momento seguinte.

- Desculpe. Não falei nada coerente, é que estou muito nervosa. - Disse, enxugando o suor das mãos na calça jeans.

- Tudo bem, querida. Não se preocupe. - Supannee disse com gentileza.

- Eu não sei bem como isso aconteceu, mas eu gosto da sua filha de um jeito mais intenso do que eu creio que deveria. Eu peço perdão por isso, eu realmente não sei como controlar e eu não quero que a senhora pense que eu estou me aproveitando dela, porque eu não estou.

- Gosta dela romanticamente, você quer dizer? - Supannee perguntou e Faye assentiu um pouco hesitante.

- Ontem ela meio que, hm, me beijou. - Confessou temerosa. - Não foi um beijão, foi um simples esbarrar de lábios, mas eu definitivamente não queria te esconder isso. Se a senhora achar que devo me afastar eu entenderei, apesar de realmente querer ficar por perto.

- Eu já sabia sobre o beijo. - Supannee disse, vendo Faye a olhar surpresa. - E não quero que se afaste de Yoko, Faye. De onde tirou isso?

- Não sei. Só entendo que ela tem coisas para lidar: A fisioterapia, as aulas, a readaptação com tudo.

- E você faz tudo isso ser mais fácil para ela. - Supannee disse. - Olhe, criança, se você for paciente e não for machucar a minha menina, estou mais do que de acordo com isso. - Confessou. - Conversei com a Yoko ontem, ela está confusa e acha que você está brava com ela. - Compartilhou. - Isso não será fácil, ela ainda é, na maioria das vezes, a Yoko ingênua.

- Eu sei. - Faye disse, ligeiramente mais aliviada. - Eu não pretendo acelerar as coisas. Eu sequer sei como agir, para ser sincera. - Confessou envergonhada.

- Que tal agir como sempre, hm? - Supannee propôs. - Isso realmente soa agradável para todos.

Após a conversa com Supannee, ambas voltaram à sala. Todos estavam sentados no sofá devorando algumas jujubas que Yoko havia oferecido. Os olhos de Faye focaram em Yoko, ela usava um vestido vermelho com as bordas pretas rendadas.

- Oi. - Faye disse docemente assim que se aproximou de Yoko. A pequena estava ao lado da árvore de natal com Yoshi sobre as pernas, na cadeira de rodas.

- O Yoshi sentiu saudades, Fah. - Yoko disse, vendo Fay sorrir e se abaixar diante dela.

- Só o Yoshi? - Yoko olhou para os pisca-piscas da árvores de natal um pouco hesitante.

- A mamãe também. - Faye não resistiu em rir.

- Eu também senti saudades. - Disse, apesar de ter passado apenas vinte e quatro horas. - E de você mais ainda. - Os olhos castanhos de Yoko encontraram os castanhos de Faye e Yoko sentiu seu coração saltar em seu peito.

- Você não ficou brava? - Ela perguntou e Faye negou com a cabeça.

- Não fiquei. - Confessou. - Acho que te devo um pedido de desculpas.

- Por quê?

- Por ter saído daquele jeito ontem e, provavelmente, ter te deixado confusa. Não foi a minha intenção. - Yoko piscou algumas vezes antes de dizer algo.

- Você caiu na neve? - Faye riu e mordeu seu lábio inferior.

- Sim. - Disse, vendo os olhos de Yoko percorrerem seu corpo em busca de algum hematoma. - Não se preocupe, a blusa amorteceu a queda.

- Fah.. - Yoko chamou com o dedo indicador, fazendo Faye se inclinar para que ela pudesse dizer algo em seu ouvido. - Me desculpa?

- Por quê? - Faye perguntou confusa.

- Por ontem. - Confessou acariciando o ursinho em seu colo. - Por tudo. Eu não quero que você vá embora porque eu sou uma boba.

- Você não é uma boba, Yoko. Eu que fui. - Faye disse.

- Você não, Fah. - Yoko disse com veemência. - Eu prometo não fazer de novo. - Os olhos de Faye foram atraídos pela alta risada de Big, que comia um cachorro quente que uma das empregadas estava servindo enquanto conversava com Supannee e seus amigos.

- Eu gostei do que você fez, Yoko. Eu só... Não estava preparada. - Faye informou, vendo Yoko começar a acariciar sua mão, que estava sobre sua perna.

- Não ficou brava mesmo? Jura de dedinho?

- Juro, princesinha, mas me diz, por que fez aquilo? - Yoko pareceu pensar por alguns milésimos de segundos.

- Não sei, parecia certo. - Disse brincando com os dedos da menor. - Eu gostei, mas você foi embora.

- Prometo nunca mais ir embora assim, tudo bem? - Faye disse, se levantando e deixando um demorado beijo na testa de Yoko.

- Tudo bem. - Disse, tendo o início de um sorriso nascendo em seus lábios. - Fah, adivinha quantos dedos tem aqui? - Disse, tampando os olhos de Faye com uma mão e estendendo outra com três dedos esticados.

- Hmm, deixa eu ver... cinco. - Faye chutou e Yoko retirou sua mão da frente do olho de Faye para que ela pudesse ver.

- Errou! - Disse rindo.

- Não errei não. Tem cinco dedos, dois abaixados e três esticados. Você não especificou. - Yoko entortou a boca e franziu o cenho, parecendo verdadeiramente pensativa.

- Tem razão. Não valeu! - Disse, repetindo a situação enquanto Faye ria.

Ah! Como ela adorava estar por perto de Yoko.

Em um piscar de olhos| FayeYoko versionOnde histórias criam vida. Descubra agora