Capitulo 7

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Exausta. Era assim que Faye se sentia; Edgar havia abusado de seu poder e feito Faye trabalhar muito mais do que o normal, incluindo ter que buscar café do outro lado do hospital para ele várias vezes.

Ela sabia que isso aconteceria, pois o senhor Evernever não estava lidando muito bem com o fato de ela, ainda não estando formada, pegar um caso tão raro e importante quanto o de Yoko. Yoko era um milagre da medicina e, apesar do pouco tempo que estava acordada, seu nome já se destacava nas principais manchetes por todo o país. Juntamente com seu nome, se destacava o nome de todos os médicos e envolvidos no tratamento, obviamente o sobrenome Peraya ficaria conhecido dentre o cenário da saúde e, certamente, Edgar gostaria de seu nome estar junto.

Faye fez o favor de deixar o homem ainda naquela lista, não por ele obviamente, senão por Yoko, mas o homem não parecia satisfeito com isso, afinal tantos anos de carreira não serviram para tirá-lo do cargo de auxiliar em uma manchete importante, ele se sentia humilhado provavelmente.

A menor tomou um banho rápido no próprio hospital e se dirigiu ao quarto de Yoko. Supannee a recebeu com a mesma gentileza de sempre e disse que já havia deixado na recepção a autorização para ela passar a noite com Yoko, explicou também que sobre a mesinha havia seu número anotado em um papel. Faye o anotou em seu celular por garantia, ela era desastrada havia tempo suficiente para saber que um pedaço de papel poderia ser facilmente destruído de várias formas.

Yoko não queria que sua mãe fosse, mas quando Faye explicou que Supannee precisava dormir em uma cama confortável e comer algo saudável Yoko acabou por concordar com Faye.

- Hey, Yo. Minha irmã tem algumas bonecas em minha casa. Ela não mora aqui, mas às vezes vem me visitar. Gostaria que eu trouxesse para brincarmos? - Yoko fez uma careta e negou.

- Eu não gosto de bonecas. - Faye riu e assentiu.

- Para ser sincera eu também nunca gostei. - Yoko assentiu sem sequer olhar para Faye. - Hey, o que você tem?

- Nada. - Yoko disse baixando seus olhos para suas mãos.

- E o que está gerando essa carinha triste, então? - Yoko começou a piscar rápido demais para Faye considerar algo normal. - Yoko, você está bem? - Os olhos não pararam de piscar, tendo Yoko os pressionando fortemente no momento seguinte e então Faye segurou sua mão. - Eu vou chamar um médico, espere.

- Fah... - Yoko disse, segurando sua mão apressadamente, fazendo a menor lhe fitar novamente - Não!

- Então respire. Tudo bem? Sente alguma dor? Algo fora do comum? - Faye perguntou, subindo na cama e embalando Yoko em seus braços. Yoko negou lentamente, começando a parar de piscar tão rápido. Faye ficou acariciando suas costas até a garota voltar ao normal.

- Desculpe. - Yoko pediu baixinho, afundando seu rosto na curva do pescoço de Faye.

- Não tem por que se desculpar, anjinho. - Faye disse calmamente. - Eu vou precisar comunicar o médico sobre isso, de qualquer forma, tudo bem para você?

- Não, por favor. - Yoko pediu, começando um choro baixinho. - Não me deixa sozinha.

- Shhh, tudo bem. Não vou sair do seu lado. Esperarei alguma enfermeira vir para a ronda noturna então, mas se algo mais estranho acontecer eu precisarei ir, tudo bem? - Yoko assentiu, virando seu rosto na direção de Faye, prestando atenção em cada detalhe.

- Eu não sou normal? - A garota perguntou subitamente, fazendo Faye olhar na direção de seu próprio ombro, que era onde o rosto de Yoko estava.

- Por que está me perguntando isso? - Yoko enrubesceu e Faye notou os olhos voltarem a piscar muito rápido, deixando a sensação de preocupação inundar seu ser novamente. Faye decidiu se virar e apertar o botão ao lado da cama, que era usado somente para urgências. Depois se desculparia por isso, mas precisava de alguém ali.

- O moço da TV falou de vida amorosa, que era normal na minha idade, mas eu... - Os olhos não paravam de piscar e Faye começou a balançar lentamente as duas, como se estivesse ninando a garota. - Eu não sou normal? - A voz saiu baixa e triste.

Faye não pôde responder àquela pergunta, pois o quarto fora invadido por toda uma equipe de médicos, com equipamentos prontos para uso. Faye sorriu sem graça e desceu da cama.

- Então, eu precisava de alguém aqui. - Faye começou sua explicação, um pouco envergonhada. - Mas eu não podia sair do quarto então eu... oh, céus, sinto muito. - Ela disse enrubescendo. Algumas pessoas reviraram os olhos e saíram, mas um médico ficou.

- Pois não? - Ele perguntou gentilmente.

- Estávamos conversando e, de repente, ela começou a piscar muito rápido e às vezes pressionava os olhos fortemente. Eu fiquei preocupada, isso não é normal. - Faye disse.

- Era para tentar parar. - Yoko disse e então o médico se aproximou da cama.

- Tentar parar o quê? - O doutor perguntou, acendendo sua pequena lanterna nos olhos da garota. - Siga meu dedo com os olhos. - Ele pediu e Yoko o fez.

- De piscar. - Yoko replicou. - Eu apertei os olhos fortemente para tentar parar de piscar.

- Sentiu algo? Tontura, dor, mal-estar? Algo diferente? - Faye pareceu pensar e logo assentiu.

- As minhas bochechas arderam. - O médico assentiu, olhando para Faye.

- Sobre o que falavam?

- Fah, não! - Yoko pediu com veemência, enrubescendo; seus olhos começaram a repetir o mesmo de alguns minutos antes ao piscarem rapidamente. Yoko apertou fortemente eles e negou com a cabeça. - Não param! Argh! - Yoko disse.

- Vou levá-la para uma ressonância e precisarei que você toque neste mesmo assunto com ela quando estivermos lá. - Ele disse, fazendo Faye assentir.

- Devo ligar para a mãe dela? - Faye perguntou aflita, cruzando os braços. O doutor apenas sorriu e negou.

- Se for o que eu estou pensando então não tem com o que se preocupar. - Ele disse calmamente. - Vamos fazer a ressonância, hm? Depois disso se o resultado for algo negativo você chama a mãe dela, mas eu acredito que não será necessário. - Faye assentiu, vendo o homem acariciar seu braço sem malícia, apenas a confortando.

- Hey, princesa... - Faye chamou assim que o médico saiu, se debruçando sobre a cama. - Vamos fazer um exame rápido em você, tudo bem? Eu vou estar lá com você.

- Vai doer? - Yoko perguntou assustada.

- Não. O médico só vai tirar uma foto do seu cérebro. - Ela disse, sentindo os dedos de Yoko se entrelaçarem nos seus.

- Igual o moço da TV? - Perguntou curiosamente e Yoko negou com a cabeça.

- De jeito nenhum. O moço da TV é um homem bobo. Não quero que pense que você tem algum problema ou que é anormal, tudo bem?

- Mas eu não sou igual a maioria da minha idade. Eu deveria ser. - Ela disse, sentindo Faye acariciar seu rosto.

- Vou contar um segredo. - Ela disse baixinho. - Ninguém é igual ninguém. Não quero que se sinta triste com o que ele disse, tudo bem?

- Você promete que não liga? - Faye sorriu e assentiu.

- De dedinho. - Faye respondeu, entrelaçando seu dedo mindinho com o de Yoko.

- Então eu deixo o médico tirar foto do meu cérebro. - Yoko disse sorrindo, fazendo Faye sorrir também, porém internamente ela sentia um medo avassalador. Mesmo com o médico achando não ser algo preocupante, Faye só se acalmaria quando soubesse do que se tratava aquele piscar de olhos.

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Em um piscar de olhos| FayeYoko versionOnde histórias criam vida. Descubra agora