Um

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Guerreiro

Meu olhar por baixo de uma máscara analisa a ação através do retrovisor do Volvo xc, onde carrega quatro bandidos fortemente armados, entre eles, eu. Minha respiração sai abafada pela boca e nariz por dentro da máscara. Mesmo obtendo o pequeno buraco na boca, é tenebrosa uma respiração pesada, saindo do meu pulmão. O tempo tem pressa e nesse momento a adrenalina percorre pelas veias em estar em uma fuga dentro de um carro, sendo perseguido por diversas viaturas policiais.

Posso dizer que a mente fria age nesse momento, a escolha minha é essa, no jogo de sorte, vida ou morte por estar dentro de um caminho fácil e ao mesmo tempo difícil, o crime.

— Acelera essa porra. — Minha voz rouca exclama a atenção do piloto.

Seguro o fuzil apertando firme traçado na frente do meu peitoral. A direção é ofuscada pelo tempo estar de madrugada, meu olhar passa mais uma vez pelos retrovisores a milhão dentro do carro sendo perseguido de uma forma frenética, que provoca uma adrenalina na mente de qualquer bandido, uma adrenalina que minha mente maluca sempre procura. Sentir a adrenalina de estar entre a vida e a morte, se der sorte, estaremos mais ricos do que somos, se a casa cair, cadeia ou caixão.

A neurose bate, mente apertando, a cada momento uma fita diferente passa na cabeça, parceiro. Pensamentos altos que nem eu mermo consigo resolvê-los. No porta-mala tem vários malotes pesados, dinheiro bolado do maior assalto a banco, papo de milhões. Deixamos tudo acabado nos caixas eletrônicos do banco localizado no Rio de Janeiro, detonado e explodido.

Ficamos um tempão elaborando esse assalto, foram convocados os quatro piores bandidos, cada um aqui carrega artigos pesados, da mesma hierarquia.

— Bate rádio para o patrão! — Ratinho, o piloto, reclama no banco ao meu lado.

Fico calado, ouvindo-os começarem a esbravejar pela adrenalina percorrendo a cabeça de cada um.

— Ele vai fazer o que? — Patatá, impaciente fala alto. — Os comédias denunciaram pra falhar nessa missão! Vai porra, você é treinado para ser piloto de fuga!

— Eu vou meter bala, caralho. — falo.

— Caralho, irmão... — Patatá reclama.

— O círculo já está formado, porra, vocês não são bandidos? Estão parecendo marionete do caralho! — Falo mais uma vez.

Minha mente não passa um segundo sequer em pensar desistir como eles pensam. Sou Guerreiro, tenho a mente firme, aqui foi onde cresci, combatendo e querendo ver sangue escorrer, que não seja o meu. Eu jogo logo o fuzil para o alto, minha mãe por questões de segundos abaixa o vidro ao meu lado. 

— Qual foi, somos bandidos. Bandidos nesse caralho, amarela não, porra! — Seguro o fuzil, terminando de baixar o vidro. — Vai logo, caralho.

No escalados, ergo meu corpo entre o vidro aberto, apoiando meu pé embaixo, não dei chance deles pensarem em atirar primeiro, quando o meu fuzil aponta para trás, na direção deles, começo a descarregar o pente nas viaturas que apareceram sobre meu campo de visão.

Na sagacidade, sou treinado.

O carregador de munição contém 30 cartuchos, tem um raio de ação de 1,5 quilómetros e é capaz de disparar até 600 tiros por minuto, tendo uma velocidade da bala de 72 metros por segundo.9.

O armamento do fuzil é segurado firmemente por meus dois braços, com apenas um pensamento: ser cauteloso e agir da maneira certa.

Descarrego o pente fácil. Sou bandido. Várias cenas passam pela cabeça quando tu está em uma cena como essa, encarando a escolha de frente. O barulho do descarregamento do fuzil entra a cada centímetro da minha audição, o que faz misturar com o barulho dos pneus deles deslizando pelo asfalto quando vão sentindo o impacto em perceber que aqui tem armamentos desviados do próprio exército.

Volto com uma rapidez para dentro do carro, sabendo que consegui acertar várias viaturas, o que causa algum impacto quando um deles é acertado por uma bala vindo de assaltantes. Nós não queremos matar ninguém, mas tem que colaborar com a nossa presença também. Queremos apenas os malotes de dinheiro, nosso objetivo é esse, foder com o sistema.

— Eu vou jogar o carro de lado e vocês metem fogo! — Aperto meu maxilar quando ele pede pela última vez antes de parar o carro, jogando de lado.

Meu corpo automaticamente corresponde pelo sinal de adrenalina, eu me envolvo na janela mais uma vez, mas dessa vez com o barulho dos fuzis de mais dois do banco de trás. Agora somos três no ação de uma peça, os tiros são trocados. Só quero sair daqui vivo.

Cerca de três minutos trocando tiros, foi o suficiente para não ter nenhuma chance deles revidarem novamente. A energia percorre quando todos nós voltamos para dentro do carro, fechando os vidros blindados com uma certa rapidez. Ratinho acelera o carro em meio a umas ruas, sem eles atrás dessa vez.

— É nosso, caralho. — Ratinho comemora. — Amanhã estamos no jornal.

Sinto minha mão suando. Meu peito sobe e desce em uma respiração pesada. Mesmo com o corpo todo quente de adrenalina, minha mente é fria.

— Toma no cú… — Patatá respira fundo quando fala.

Encosto minha cabeça no banco conforme minha respiração pesada com meu colete apertado no meu peito. Ainda precisamos de cautela, sempre seremos surpreendidos a qualquer momento por algo.

Dias seguinte| 9:00am...

— Vamos mergulhar no maior assalto a banco. Cê acha que estou aqui pra brincar? Madrugada de terror, cidade em surto, quatro bandidos entram mais armados que o rambo... mais armados que o rambo... dois polícias mortos e três feridos...

Alcanço meu copo de whisky, o líquido está na metade misturado com o energético. Sentado na minha cadeira, tomo o próximo gole.

Estou no meu canto enquanto o restante comemora entre si.

— Não falei pra você? — Patatá aponta o dedo na minha direção. — Que iríamos conseguir.

— Você foi o primeiro a amarelar — exclamo, sério. — E ainda acha que é o fodão?

— Qual foi? Momento de lazer entre nós, comemorar os milhões na nossa mão. — Gutie, o outro fala.

Fico calado, sou dessa forma, 99% estou calado, aqueles 1% estou falando o que me estressa. Não dou abertura para brincadeiras.

— Ficou estressado? — Patatá tenta brincar.

Apenas encaro seu rosto seriamente, o suficiente pra ele ficar calado novamente e voltar a fazer o que estava fazendo, beber.

— Relaxa... — Ratinho fala de longe. Percebo por sua leitura labial.

Ergo minha mão livre, fazendo um simples joia na sua direção e abaixo a mão, ficando na minha.

Amor Bandido Onde histórias criam vida. Descubra agora