Quatro

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Guerreiro

Escolha ou a única alternativa? Tu prefere vê e passar fome ou fazer do seu jeito?

Ser mais um no crime é uma parada onde seu único guia tem que ser a porra da própria mente. Vender é diferente de usar. A maioridade escolhe ser mais um nesse mundão, já eu quero ser diferente, quero ser privilegiado não apenas pela luta de chegar onde quero dentro do tráfico.

Cada dia nessa porra é uma escadinha, cada dia você sobe um degrau por mais pequeno que seja.

Hoje sou visto como um dos maiores traficantes da comunidade. Tenho gerência dentro da boca de fumo principal, e também 157.

A sensação da primeira arma e do primeiro radinho não tem igual. Nós nos sentimos poderosos.

— O que tu quer, menor? — A voz do Gutie atinge minha audição. Ele se posiciona para o moleque que se aproxima.

— Pô, eu preciso de dois pinos. — a voz baixa e cautelosa é prevalecida dos lábios do moleque.

Do meu canto, com meu boné no rosto admiro a cena, minha íris séria observa o exato momento que o moleque de tom de pele negra e baixo enquadra Gutie. Jogo mais ou menos uns doze anos pra ele.

— Quantos anos tu tem, menor? — Gutie investiga.

— Doze... — a voz na defensiva mais uma vez fala.

— Está nessa há quanto tempo?

— É pro meu pai...

— Aí, só vende e para de fazer essas porra de perguntas. — minha voz grossa sai entre meus lábios, Gutie vira o pescoço, me olhando por cima do ombro e balança levemente a cabeça.

Gutie entrega dois pinos de cocaína para ele, sem muita enrolação o menor entrega o dinheiro trocado, fazendo Gutie guardar no bolso.

Sobrepõe várias táticas e uma delas é ser um escravo de família drogada, assim como ele está sendo. Pais são rasos, qualquer relacionamento que um dia pode sentir ódio da sua própria família é raso. Amor de família talvez seja a porra de uma maldição, cresci com isso na minha mente, sempre fui influenciado por meu pai e ele sempre prevaleceu essa parada desde quando fui menor. 

— Precisamos de lazer, tem uma conhecida minha elaborando um churrasco na laje, vou brotar...— Patatá se aproxima.

Analiso Gutie jogar os pacotes dentro da mochila, calado.

— Coé, vamos brotar! — Mais uma vez Patatá chama olhando na minha direção e na direção do Gutie.

Permaneço calado.

— Vou brotar para aqueles lado mermo. — Ouço Gutie afirmar.

— E você? — Patatá olha firme no meu rosto.

— Não. — apenas essa palavra é o suficiente para responder da minha boca.

— Qual foi, tu só fica aí, precisa de uma piranha pra te satisfazer, bebida e ouro.— Patatá fala e solta uma risadinha debochada. — Precisa de mais que isso?

— Brota você, falei que não tô afim. Tá surdo?— murmuro, ajeitando minha corrente de ouro fina por cima da minha camiseta escura.

— Tú é amarelão mermo, não brota em lugar nenhum, faz quanto tempo que não transa? — Impaciente, encaro Patatá.

— Pergunta pra sua mãe que ela vai saber te responder...

— Se liga nesse teu papo — aponta o dedo na minha direção — Mas a sua mãe é mais gostosa, coroa gostosona pra caralho. — Com um tom de ironia, Patatá tenta me provocar.

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