Cinco

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Jéssica

Olho novamente para onde minha energia emana. Mais uma vez meu olhar se encontra com os olhos do mesmo rapaz. Um sentimento estranho enraíza na minha mente, como se perguntasse o que ele quer comigo.

Umedeço meus lábios quando seu olhar desce por meu corpo, encarando cada centímetro do meu corpo.

— Jéssica? Pô, o que você está fazendo aqui? — a voz do Alan desperta minha atenção.

— Estou acompanhando minha irmã.

Em pé no meu canto, eu encaro Alan com uma expressão de interrogação.

— Isso não é lugar para um moça como você estar.

Respiro fundo antes de respondê-lo.

— Toma. — Jasmim, minha irmã empurra um copo de bebida em minha direção.

— É o que te pedi? — Questiono quando ela se aproxima.

Alcanço o copo da sua mão, sabendo que o líquido é um drink doce. Acho que a última vez que bebi algum tipo de bebida alcoólica faz mais de um ano.

— Tú está bebendo bebida alcoólica, cara. — Alan nega, decepcionado.

— Você é o que dela? — Jasmim encara Alan. Ele nega envergonhado. — Então para de encher o saco, caralho, e deixa ela beber o que quiser.

— Jasmim, não precisa falar assim… — Repreendo.

— Pela-saco esse rapaz, eu em! — Reclama.

— Modos, modos… — a voz do Alan soa ironia. — Me acompanha? Jéssica?

Através das conversas e som, Alan me oferece seu braço. Eu não nego seu ato amigável e passo meu braço no seu, segurando minha bebida com o outro copo.

— Sua sorte é que em meio tantas pessoas estranhas, eu me salvo… — Diz.

Depois de sentarmos em umas das cadeiras com mesas, eu sinto o minutos passando e cada gole, um pouco da minha onda soba.

— Eu acho que não sirvo pra beber… — Tomo mais um pouco.

— Para de beber, cara. — Tenta tirar o copo. Porém, seguro firme. — Olha pra isso… — Aponta com a cabeça em direção ao pessoal.

Algumas mulheres dançam, alguns rapazes bebem e fumam.

— Tu quer isso? — Pergunta.

— Eu não estou lá, ou seja, se eu estivesse também, as consequências seriam minhas, assim como as consequências é deles. Cada um cuidando da sua vida, já tenho a minha. — Dou de ombros.

— Seu pai sabe disso? — Aponta o dedo para meu copo. Nego. — Imagina quando souber...

Passo a maior parte do churrasco escutando esses "conselhos" de Alan. A voz entra em meu ouvido e saí no outro.

— Vou ao banheiro. — Deixo meu copo em cima da mesa, me levantando.

Eu tento desviar meu olhar, mas foi direto ao mesmo homem. Seu semblante sério e fechado me faz imaginar o que passa na cabeça dele. Sua camisa segura os músculos dos bíceps e peitoral. Mas corto logo minha atenção, pois agora tem uma mulher no seu colo, e a forma que me olha quando nota que eu o olho, não é uma das melhores.

— Crente em um churrasco? — Ouço a voz da mulher conforme meus passos são perto deles.

— Qual problema? — Questino.

Paro no caminho, olhando-a.

— É algo... Bizarro. — Solta uma risada à mercê do rapaz.

— Pelo o que eu sei a dona da festa não colocou regras de quem entra ou deixa de entrar em relação a religião… — Antes de sair, falo mais um pouco. — Aliás, prazer, meu nome é Jéssica!

Mesmo sem revidar o olhar, sinto que os olhos do homem estão na minha direção.

— Desprazer, Marcela! — Abro um sorriso forçado, dessa vez descendo as escadas.

Não é algo assustador a crítica em ser crente a Deus, e ser criticada. Mesmo com uma roupa mais casual, uma calça e uma camiseta social feminina, somos motivos de olhares estranhos.

Nos próximos minutos, faço minhas necessidades. E com as mãos lavadas, eu saio do banheiro. Abro a porta do banheiro saindo devagar, assim que dou meu primeiro passo para fora, a presença da figura masculina me faz oscilar na respiração.

É a primeira vez vendo-o de mais perto. Agora com poucos passos de distância, consigo enxergar o quão ele é bonito: seu cabelo preto por baixo de um boné preto, olhos escuros, maxilar e boca desenhada. Algumas tatuagens são visíveis por seu braço, e conforme olho-o, consigo ver sua camisa estar envolvida no músculos do bíceps e peitoral.

— Ah — respiro fundo. — Oi...

— Jéssica… — Sua voz grossa me faz arrepiar. É mais grossa do que pensei. — Sou Guerreiro.

— Tudo bem… aconteceu algo?

— Posso te fazer uma pergunta? — Olho curiosa, confirmando.

– Sim?

— Acompanhada?

Quando minha voz está prestes a sair, sinto o corpo do Alan entrar do meu lado, e sua voz dizer.

— Sim! — Alan diz alto.

— Como assim? — Pergunto.

Guerreiro me fita por um tempo, com poucos segundos, seu olhar muda para o rosto do Alan.

— Perguntei pra garota, mané. — Fala sério, voltando me fitar.

— Eu estou acompanhada...

— Suave! — A voz grossa mais uma vez sai dos seus lábios desenhados.

Antes de sair, seus olhos são direcionados no Alan. A mão na cintura por cima do cós da calça mostra o volume de uma arma. Continuo calada, isso aflora meus sentimentos, eu me sinto uma ingênua que não está acostumada com isso.

Antes de sair, olha pela última vez no rosto do Alan e oferece as costas em direção a saída dos banheiros.

— Isso foi algum tipo de ameaça? — Baixo, questiona ao meu lado.

— Eu não sei. Se for...

— Morto, estou morto, caralho — exclama. — Ainda bem que te acompanhei até o banheiro, ou esse cara iria fazer o que quisesse contigo...

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