Seis

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Guerreiro

— Já falei pra você dá um susto naquele filha da puta do Igor — olho seriamente para o semblante do Patatá.

— Colfoi, ele é irmão da minha mulher, pô. — Refere-se a Simone.

— O cara quer atrasar seu lado com a garota, se liga. Ele não quer vocês dois juntos.

— Ela gosta dele... É irmão, pô.

— Tu é bandido. Aja como um! Seja pra mulher ou para os filhos da puta da família dela, assim meu pai falava.

— Por isso está fodido assim, sem mulher… — Solta uma risada, negando.

— Nunca gostei de nenhuma. — Dou de ombros. — Ou seja, nunca amei ninguém, parceiro. Fé que nunca vou passar por essas desavenças de família — me ajeito na cadeira, relaxando.

— Depois que tu ama é diferente.

— Desde quando nós temos sentimentos? — Seu olhar tem uma expressão neutra.

— É raso, mas tenho um pouco ainda. Não tenho ninguém da minha família a não ser minha mãe que sempre batalhou, mané… — Dá de ombros. — Estou amando a minha Simone! Amo ela...

— "Parceira." — Me lembro de quando ele me falou sobre o churrasco. — Ela não era sua parceira?

— Era parceira e se tornou uma paixão…— reviro os olhos. — Tu não acredita em amor, tá gastando com minha cara aí, e eu dando ideia pra você. — Mando um jóia pra ele que se levanta.

Fico na brisa do meu baseado entre meus dedos. Favela está com vários playboy comprando drogas, e as patricinhas subindo para curtirem o baile. Eles vem até nós.

— Esse é o futuro do nosso Brasil. — Encaro o chefe do morro da Pedreira. — Guerreiro! Aquele moleque que eu ajudei quando o pai espancava ele e a mãe.

Engulo minha saliva. Odeio quando tocam coisas sobre meu passado. Guerreiro, um vulgo com vários significados. Foi esse apelido que os menores colocaram quando meu pai me espancava.

Pessoas viciadas com prazeres momentâneos. Não devemos confiar. Promessas não serão cumpridas, ainda mais quando a mulher apoia.

— Fiquei sabendo daquela fita… —Chico fala.

Me levanto da cadeira, pegando na mão estendida na minha direção. Ele cumprimenta Patatá com uma expressão séria no rosto.

— Vocês desenrolaram o banco, foderam com o sistema. — Fala.

Meu olhar sério analisa os soldados em volta dele. Apago meu baseado, o resto, guardo-o no meu bolso.

— Sou treinado pra isso. — Falo.

— A vida de bandido não é fácil! Por isso tenho que parabenizar.

Saber que o crime são vários superiores. São comandos em cima dos comandos.

— Sua família está firme? — Dou de ombros com indiferença. A risada irônica sai do seus lábios. — Seu pai está fechado no presídio ainda? 

— Ainda sim, mas não vai demorar pra ele sair. — Murmuro.

Mais tarde. Não consigo negar a sensação de pagar a Marcela pra poder gozar. Quase duas horas depois de me encontrar com o Chico.

— Guerreiro — a voz da Marcela entra na minha audição.

Com meus olhos fixos na minha mão, descarto a camisinha usada na descarga do banheiro. Quando piso no lado do quarto novamente, fechando minha bermuda, Marcela tenta se aproximar para beijar, mas corto o toque imediatamente.

A piranha se acha na intimidade apenas com um sexo entre nós dois.

— Quero gozar também... Última vez que você me fez gozar, estava bêbado, amor...

— Pra isso serve sua mão, caralho. Se masturbe. — Exclamo.

Enfio minha mão dentro do bolso da minha bermuda tirando algumas notas de cem e ofereço em sua direção.

— Me trata assim?

— Da forma que você é, puta. — Falo sério antes de sair do barraco.

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