Prólogo

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Antonis Novik

Setecentos anos antes...
Século XIV

Abro meus olhos recebendo os primeiros raios de sol que penetra pelas folhas, criando tons dourados nas árvores. O ar está impregnado com cheiro de terra úmida, sendo causado pela chuva passageira na madrugada, mas foi o suficiente para molhar a terra e as flores que enfeitavam a floresta. O silêncio é apenas interrompido pelo crepitar dos ramos, o vento, sons das espécies que habitam ali e pelo meu irmão Benius que para bem a minha frente estendendo a mão para me ajudar, tampando o pequeno raio de sol que esquentava meu rosto.

Levanto rápido. Batendo as mãos na minha roupa, retirando pouco de terra que insistiu grudar em mim. Benius como sempre, estar com seu arco e flecha atado em suas costas, com sua expressão séria indicando que não conseguiu convencê-lo, nosso pai daquela loucura.

— Você sabe que ele é obstinado. Foram horas da madrugada tentando conversar, chegar em algum consenso. Cezaris desistiu na primeira hora saindo de casa, retornando agora pela manhã. Danius não acha insanidade. Daina chorou e se trancou no quarto. Eu já não sei mais o que pensar, sinceramente Antonis. — Benius bufou passando a mão pelos cabelos castanhos como de nossa mãe, impaciente querendo uma saída com coerência.

— Eu não vou virar os que o Kazak virou! Isso é insânia! — Sou firme no que penso.

Lutar pelas nossas terras, conseguir aliados para não mexerem em nossas famílias é compreensivo. Agora desde do momento que concordaram em mexer com bruxaria negra para poder possuir super força que não é humano, virando um homem lobo. É inconsequente!

Não irei dizer que não pensei na possibilidade. Mas ainda continua sendo loucura para minha cabeça que sempre achou isso história, para criança ouvir em volta da fogueira.

Para completar meu desagrado avisto a fumaça do fogo ao longe. Meu pai queimando a lenha, assinalando que nos quer em casa.

— Eu consinto da sua mesma opinião! Ele nos quer em casa. — Benius aperta meu ombro de acordo comigo, e fomos avançando entre as folhagens caídas no chão.

A caminhada durou apenas cinco minutos, pois não fui longe, quando saí de casa ao ver a maldita bruxa em nossa mesa de jantar. Eu sabia que meu pai estava desolado e revoltado querendo vingança. Nossa mãe foi morta à sangue-frio quando invadiram nossa vila querendo nossas terras. Nos expulsando do nosso lar que meu pai e outras famílias encontrou sem dono.

E a cada invasão, membros da vila ia morrendo por sermos em menor quantidade e sem capacidade de luta necessária.

Nossa mãe querendo proteger Daina minha irmã mais nova, foi morta atraindo para nossa família a maior desgraça que poderia nos acontecer.

A pequena casa de madeira foi vista por nós, em meio às outras da vila que fazia um círculo tendo a floresta em volta como proteção e frescor em dias de calor como hoje. O cavalo de Adas Novik, um andaluz branco bebia água em frente à nossa habitação. Passei a mão pela sua pelagem e entrei encontrando meus irmãos em volta da mesa com meu pai na ponta, me dirigindo seu olhar colérico.

— Por Dievas, Antonis! Estava preocupada! — Daina ameaça levantar, porém meu pai agarra sua mão sobre a mesa, impedindo o gesto. — Pai ele...

— Sente Antonis. — Sua ordem é clara, quando me sento ao lado de Cezaris que impaciente, fica balançando a perna, como sempre. Sem nenhuma paciência para qualquer conversa.

Adas Novik, com seus sessenta e cinco anos, ainda continua com pele firme, apresentando algumas linhas de expressões e cabelos brancos que já insistem em aparecer indicando sua idade. No entanto, em seus olhos, é visto a revolta, a dor e o peso de instruir uma família a permanecer forte sobe qualquer circunstância.

— Estamos em tempo de guerra e aflição. Eu abomino a ideia que existam pessoas que podem nos matar, enfraquecer nosso lar em busca de nossa terra, tirando de nós aquilo que procurei tanto. A mãe de vocês não morreu em vão. E se para isso precisamos virar aquilo que odiamos, faremos isso. Danius chame Grazina. — Determina a meu irmão sentado ao lado de sua gêmea. Danius o único que aceitou tão facilmente, se levanta e sai de casa, trazendo logo em seguida a bruxa que adentra retirando seu capuz negro.

Olho para meus irmãos que estão tão incertos como eu, mas que diante de toda essa situação aceitamos esse destino.

Impossível ir contra quando Adas Novik decide algo. Seu olhar e voz deixa claro que tudo que diz é decreto a ser seguido.

Ela se senta a mesa conosco, se comunicando com meu pai com olhares, pois Adas se levanta e enche copos de vinhos, colocando sobre a mesa pedindo que a gente pegue. As mãos da bruxa se mexe. Ela fecha os olhos. Fala palavras em línguas estranhas, quando um vento gelado penetra nossa casa com um chiado alto e forte. Seus olhos que antes fechados se abrem e com isso o vento sai de nossa casa.

— Podem beber supremos. — A bruxa profere a última palavra, não entendendo do porquê, portanto mesmo assim bebemos todos, o vinho que tinha um gosto estranho de ferrugem. - A família de supremos nasce hoje.

Minha vista estava começando a escurecer. Meus irmãos foram baixando a cabeça e por último eu caí na escuridão.

Não sabendo eu, que a escuridão seria a eternidade para mim.

Não sabendo eu, que a escuridão seria a eternidade para mim

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Olá minha gente!
Feliz em receber vocês aqui novamente.
Não quero muito me prolongar aqui.
Quero que aprecie junto comigo essa nova família que está nascendo.
Bučiniai 💋

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