Capítulo 2

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Antonis Novik 

Depois de centenas anos, a mágoa e a aceitação do que você é, do que se tornou anda lado a lado dentro de você. Eu sabia naquele dia que a escuridão me tomaria por completo. Era inevitável nosso destino.

Ao acordarmos acreditando que seríamos homens lobos, nos tornamos aquilo que achávamos ser história de terror, para criança se assustar. Não acreditávamos que adrenalina e sede de sangue fossem tão fortes e normais na nossa transformação. Tínhamos uma vaga lembrança de como foi com a família Kazak, pois meu pai nos trancou em casa, impedindo de chegarmos perto. 

Não sabendo eu e meus irmãos, que sua ganância, orgulho nos tornaria aquilo de pior, criando uma rivalidade que se perpetua por centenas de anos. Tudo para a gente se tornar os supremos. A maior família na cadeia alimentar. Aonde não podemos ser mortos e a sede de sangue nunca acaba. 

A ambição foi forte, e as pessoas da vila pagaram com a vida. Foi um massacre ao acordarmos, sentindo uma sede desmedida, fora do normal. Não enxergamos pessoas, ou famílias ali. Apenas queríamos ser alimentar. A bruxa sorria ao nos ver. Abriu a porta e nossa família saiu, matando tudo. Os lobisomens naquele dia estavam fora, caçando. Na volta deles, foi uma luta. Alguns escaparão e o restante, morto. 

A bruxa desapareceu. Meu pai apenas completou o ciclo, indo para longe de nós. Nossas brigas eram intermináveis, e o novo estilo de vida incluía matar vários inocentes para aplacar sua fome. Eu nunca concordaria. 

Guardo as memórias, andando lentamente pela floresta que conheço como a palma da minha mão. As árvores altas e majestosas se erguem ao redor. O ar fresco é convidativo, e o barulho dos animais noturnos são um presente para quem admira. A medida que avanço para o castelo, a noite estelar ilumina, lembrando-me que será em breve noite de lua cheia, rituais e festa será feito pelos lobisomens. 

Minha audição avisa-me dos gêmeos. Daina rapidamente engata seu braço ao meu, beijando-me no rosto, enquanto Danius traja seu sobretudo preto, andando ao meu lado, trazendo um vento frio pela rapidez com que correu. 

— Perdido pela floresta novamente irmão? 

Danius um pouco mais baixo do que eu, lambe o dedo que continha gota de sangue, mostrando que antecipou o jantar. Daina se analisa, e vejo a mancha pequena sobre seu vestido. Bufa passando a mão. 

— Espero não ver na televisão notícias do jantar de vocês. — Deixo claro a minha insatisfação. — O reino funciona perfeitamente, para ter alimento quando quiserem. 

— Não seja hipócrita, irmão. Sabe muito bem que a caçada é melhor. 

— Não fazemos tanto Antonis. E ninguém morreu. — Daina justifica por ele, sempre tentando livrá-lo. 

Conhecendo os dois, Danius teve a ideia da caçada e Daina, tentando remediar notícias que me deixasse furioso, foi junto vigiar o irmão inconsequente. 

— A magia está sobre nosso reino. Temos o nosso espaço, a nossa comunidade, nosso alimento para não precisarmos ir lá fora e ficar ouvindo absurdos de humanos que não sabem de nada sobre nós, só aquilo que permitimos. 

— Quer dizer que devemos ficar preso aqui, enquanto você pode sair com a desculpa de estar olhando os Kazak? Se um não pode, ninguém pode. — Danius desafia olhando-me nos olhos. 

— Danius nosso irmão quer apenas nos proteger! 

— Não sou vampiro a centenas de anos à toa, Daina! Não podemos ser mortos. Por que não podemos ser livres? 

— Não questione meus atos e você sabe muito bem do porquê controlo você! 

— Ainda ressentido Antonis. Por que aceitei fácil a ideia do papai? — O sorriso de deboche infla meu peito, quando sinto a mão pequena de minha irmã apertando meu braço. 

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