Supremo Amor

Capítulo 5

Ayla Dubois 

Abro meus olhos, piscando algumas vezes tentando focar onde estou. O silêncio reinava ao meu redor, quando lentamente a realidade começou a se infiltrar na minha mente com imagens conturbadas que presenciei.

Minha mãe virando lobo, sendo arremessada para longe, ficando de pé nos segundos seguintes como se nada tivesse acontecido. Haris atirando naquele homem, ao qual continuou de pé mesmo tendo recebido tiro no peito. Ele agarrando meu pai pelo pescoço, fazendo com que o desespero penetrasse em mim, pedindo uma atitude rápida que eu não conseguia tomar pensando de forma lógica. Porém, o momento pedia pela vida da minha família e a maior loucura fiz, me entreguei ao vampiro.

— Ayla. — Uma voz calma me chamou, tirando os pensamentos que estavam começando a me sufocar. 

Notei a mulher sentada ao pé da cama, no misto de preocupação passando por seu rosto, mas quando olhei ao redor, vendo que estava deitada numa cama em um quarto desconhecido, levantei rápido olhando para tudo em busca de uma porta.

— Quem é você? Onde eu estou? — Pergunto sentindo meu peito se apertar em angústia, medo pelo que está por vim.

A mulher cruza as pernas calmamente, mostrando a fenda na perna pelo vestido preto ao qual usa. Os fios castanhos vão até a base do busto, tendo um rosto fino e olhos da mesma cor dos cabelos. Seu olhar me analisa dos pés a cabeça, dando um ar de imponência. 

— Precisa se acalmar e sentar aqui. — Determina, batendo com a mão na cama. Nego continuando onde estou procurando uma brecha para escapar. — Sou Daina. Estamos no castelo aonde eu e meus irmãos moramos. Nossa comunidade está instalada no coração da floresta, em oculto. Respondi suas perguntas, agora preciso que sente. Estou escutando daqui seu coração frenético. 

Dou um passo para trás, encostando com as costas na parede, entendendo que ela é um deles. Respiro com dificuldade. Meu coração bate tão rápido como ela confirmou, causando um enjoo dentro de mim. Sinto minhas pernas trêmulas quando a vejo se levantar, e em um segundo ela está na minha frente segurando meus braços, olhando dentro dos meus olhos.

— Vão me matar? — Sussurro a única pergunta idiota que ronda minha cabeça, vendo o sorriso pequeno surgir em seus lábios. 

— Fique calma, nada vai te acontecer. Você vai se sentar comigo, conversaremos algumas coisas e vou te mostrar o castelo.

Sua voz é uma ordem, e quando proferida meu corpo entende se acalmando gradualmente, com sua mão segurando a minha, levando-me a cama novamente. 

— Como fiquei tão calma, sentindo que posso te ouvir sem nenhum medo? — Questiono, sentando em frente a ela. 

Analiso tudo em volta, observando como o quarto é espaçoso. As paredes são pintadas em tons escuros, como um sofisticado cinza carvão, que adicionam profundidade e um toque de modernidade ao ambiente. O piso de madeira escura complementa as paredes. Os móveis são minimalistas em tons neutros, como um sofá cinza-claro encostado perto da grande janela que agora está aberta, arejando o local. As cortinas em tom de vinho vão do teto ao chão, deixando o quarto elegante. A cama é grande de casal com os lençóis preto dominando, dando um ar obscuro. 

— Escolhi o melhor quarto da ala sendo ao lado do meu. Tudo de higiene pessoal se encontra no banheiro. — Aponta a porta perto do sofá. — Tem umas duas mudas de roupa que são minhas no closet. Não tive tempo de preparar pela pressa do meu irmão. — Sua menção ao homem, causa um desconforto em mim. 

— Ainda não entendo como não me levantei a procura da saída. Eu deveria estar chorando. Querendo sair daqui o mais rápido possível.
Eu caí de paraquedas em um lugar, que coisas acontecem aonde sempre ouvi nos filmes ou em livros. Aquele homem levou tiro no peito e não foi afetado. Assisti minha mãe virar lobisomem. Vi o meu pai ser quase morto na minha frente e ainda não entendo como estou sentada, sem sentir nada apenas que devo ficar aqui com você. Estou enlouquecendo! — Constato ao sentir suas mãos segurar as minhas. Respiro fundo pelas palavras apressadas que coloquei para fora.