𝟬𝟰| O naufrágio.

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Jimin havia saído para um reencontro de colegas de escola, e eu aproveitei a certeza de sua ausência para me divertir no lugar que eu chamava de lar. Fiz um bolo de limão, passei um café bem preto, joguei todos os jogos do meu PlayStation de maneira preguiçosa no meu sofá e até dancei Just Dance.

Me sentia leve, o sabor da paz após um dia super produtivo como mel em meus lábios. Meu corpo pesava menos que uma pena. A ansiedade que me consumia havia se dissipado, deixando espaço para uma tranquilidade há muito não sentida. O aroma doce do bolo esfriando se espalhava pela casa, e a música alegre do jogo pausado preenchia o ambiente, trazendo um sorriso ao meu rosto.

A ausência dele parecia devolver a normalidade ao meu mundo, e por algumas horas, esqueci completamente da sombra que havia pairado sobre mim nos últimos dias.

Olhei para o relógio na parede e era por volta das 21h. Respirei profundamente e permiti um sorriso abobalhado escapar, havia aproveitado o meu dia ao máximo e isso me deixava extremamente feliz. Lavei sem pressa a louça suja e subi as escadas para tomar um banho ainda mais relaxante, o cansaço acumulado nos últimos dias pesando em meus ombros.

A água quente escorria pela minha pele juntamente a fragrância fresca do sabonete, aliviando a tensão e trazendo uma sensação gostosa. Fechei os olhos e deixei que a tranquilidade do momento me envolvesse, sentindo cada músculo relaxar sob o calor do banho. Eu poderia ficar aqui para sempre.

Mas sempre após a calmaria, vinha a tempestade.

Voltei a me sentir observado.

Ele estava aqui novamente, eu sabia.

Estava de olhos fechados, enxaguando o cabelo, quando senti o primeiro arrepio atravessar minha espinha. Abri os olhos imediatamente, virando para trás de supetão, apenas para ver seu rosto me encarando de volta.

Jimin estava espiando por trás da cortina do chuveiro, sua cabeça inteira esticada para dentro do espaço, deixando apenas seu corpo do lado de fora. Seu curto cabelo loiro pendia contra a cortina, as pontas pingando água, e a visão era ainda mais perturbadora pela forma como sua boca estava aberta naquele terrível sorriso. Seus olhos estavam arregalados e vermelhos, como se não piscasse há um bom tempo, e o olhar parecia fixo.

Eu gritei e pulei contra a parede, o terror fazendo meu corpo tremer. Ele não se moveu, nem mesmo seu sorriso vacilou. A maquiagem escorria por suas bochechas em duas listras pretas, criando um contraste grotesco com a palidez de sua pele. O terror que eu sentia era palpável, quase sufocante. O choque e o medo se misturavam em uma onda avassaladora, tornando o ambiente ao redor uma distorção de horror e desespero.

O que era aquilo?

Ficamos assim por alguns momentos, nenhum de nós disse uma palavra. Finalmente, depois do que pareceu uma eternidade, Jimin lentamente puxou a cabeça para fora do chuveiro. Observei sua figura borrada através da cortina enquanto ele se movia para trás em direção à porta do banheiro.

Um segundo depois, a porta do banheiro bateu com força suficiente para sacudir o espelho. Gritei novamente e pulei do chuveiro para trancar a porta, enxuguei o corpo na velocidade da luz e vesti a samba canção que havia trago. Fiquei dentro do banheiro por mais de uma hora, me repetindo que não ia mais tolerar essa merda. Percorria o espaço pequeno, parando para ouvir na porta a cada poucos minutos, tentando decifrar qualquer som.

De repente, ouvi um som abafado e pressionei meu ouvido contra a porta, me esforçando para ouvir. O silêncio que se seguiu era perturbador, e eu imaginei Jimin parado do outro lado, rindo de sua brincadeira estúpida. A raiva começou a se misturar com o medo, uma onda de indignação subindo em mim. Sentia-me muito mais que irritado por me sentir assustado dentro da porra da minha própria casa e por ter me escondido no banheiro por uma hora. Se era uma piada, ele era um humorista de merda.

ESSE NÃO É MEU MARIDO. - JJK+PJMOnde histórias criam vida. Descubra agora