𝟬𝟲| O desgosto.

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- É claro! Eu mesmo o acompanhei até a saída, ainda tenho bons modos. Ele só perguntou se você estava acordado e eu disse que não. Perguntei se deveria ir acordar você e ele negou, só disse para te deixar dormir. - ditou enquanto lavava a louça.

Fui imediatamente atingindo por uma onda de alívio, deixei meu corpo desabar na cadeira novamente e eu soltei um forte suspiro. Ele tinha visto com os próprios olhos que Jimin havia saído da casa, isso me tranquiliza.

- Só isso? Ele não disse mais nada?

- Não. Mas ele parecia péssimo, como se não dormisse há dias. Acho que você deveria ao menos ligar para ele, irmão. - disse e ofereceu-me um sorriso gentil, aquele que mostrava suas adoráveis covinhas.

Agradeci pelo café e levantei-me da mesa, indo checar disfarçadamente se as portas e janelas estavam devidamente fechadas, melhor prevenir do que remediar, certo?

Pensei por um tempo no que deveria fazer a partir de agora, eu não poderia ficar na casa do meu irmão para sempre. Não queria ir para casa, mas sinto que deveria ajudar Jimin. Eu não fiz um juramento dizendo amá-lo e respeitá-lo na saúde e na doença? Ele claramente estava doente da cabeça.

Se ele estivesse doente, eu tinha que conseguir a ajuda que ele precisava, mas eu nem sabia por onde começar. Eu não queria chamar a polícia, seria ridículo tentar explicar para os policiais o que estava acontecendo.

"Seu policial, meu marido está me espiando no banho!"

Ou.

"Meu marido está me dando sustos por aí!"

Até eu riria, Jimin não tinha cometido nenhum crime, pelo menos até agora. Eu sei que, como marido dele, eu tenho o direito de interná-lo, mas e se ele começasse a agir normalmente na frente deles? O internado seria eu. Ele conseguiu enganar a Namjoon, fazendo-o pensar que era apenas um marido preocupado. Eu me sentia perdido e sobrecarregado.

Então fiz o que qualquer homem casado na minha situação faria.

Chamei o adulto responsável. (Liguei para a mãe dele.)

Eu não queria, acredite, mas situações extremas, pedem medidas extremas.

A mãe dele, Jihye, e eu nunca estivemos nos melhores termos, mas também nunca brigamos. Ela simplesmente não era uma pessoa calorosa e com certeza não era agradável. Estava sempre na defensiva. Só a vi pessoalmente duas vezes e elas foram tão curtas quanto minhas férias. Sempre tive a impressão de que ela não aprova meu relacionamento com o seu filho, não sei se por homofobia ou por eu tirar o seu único filho homem de seus braços.

Jimin nunca nos deixava no mesmo cômodo por muito tempo porque não queria que eu me sentisse desconfortável, e eu era extremamente grato. Estar na companhia da mãe dele era insuportável, como andar sobre vidro, constantemente tomando cuidado com qualquer palavra proferida. Fiquei radiante quando nos mudamos para dois estados de distância, pois não a víamos com frequência. Mas agora, eu precisava da sua ajuda.

- Sim? - ela respondeu, o timbre de sua voz era rouco, provavelmente fruto do uso da nicotina desde seus doze anos antes de Cristo.

- Sogra, sou eu, Jungkook. Você tem um minuto para conversar? - perguntei e não deu um segundo após minha fala para que eu pudesse escutar sua língua estalando em irritação. Megera.

- No momento, estou assinando alguns cheques, mas se você insiste, acho que posso lhe ceder um momento de minha atenção. Sobre o que quer discutir, Jeon?

Como se eu quisesse saber o que ela faz ou deixa de fazer.

- É sobre o Jimin. Ele está...agindo de forma estranha e eu queria saber se você tem ideia se há algo...- fui rapidamente interrompido.

- É um pouco difícil te acompanhar se você for tão lento como está sendo, Jeon. Vamos, diga logo o que quer de mim. - ela disse e eu podia vê-la ali parada em seu salto fino e calças de alfaiataria, batendo as unhas impacientemente na mesa. Tal qual a advogada do Diabo.

- Eu queria saber se já notou algum comportamento estranho no seu filho, ou possivelmente algum problema de saúde mental. - indaguei e logo fui vítima de um silêncio desconfortável que eu não sabia dizer se era porque ela estava pensando ou outra coisa.

Finalmente, depois de mais alguns segundos, ela falou.

- Eu tenho quase certeza de que essa é uma de suas piadas, Jeon, mas se realmente for, eu não acho graça. Agora, se você já terminou, eu tenho muito mais o que fazer...- eu a interrompi.

- Jihye, eu não estou brincando! Estou profundamente perturbado com o estado atual do meu marido, com sua saúde mental. O comportamento dele tem sido muito errático e eu imaginei que, como a mãe, você faria o mínimo e também se preocuparia. - disparei, a frustração evidente no meu tom de voz.

- Se você está realmente preocupado, então sugiro ligar para um profissional de saúde, não para uma CEO de empresa muitíssimo ocupada que perde dinheiro a cada segundo fora dos assuntos de trabalho. - ela retrucou, afiada e insensível.

Eu podia dizer que ela estava prestes a desligar e, por algum motivo, eu estava desesperado para não deixá-la ir. Tinha a sensação de que ela sabia muito mais do que estava deixando transparecer.

- Por favor, Jihye. Se não for por mim, faça por Jimin.

Do outro lado da linha eu pude ouvir a sua respiração trêmula, como se tentasse manter sua personalidade de aço, mas não conseguindo. Ela sabia de algo. Eu tinha certeza.

- Sogra? O que foi que-

- Jungkook, eu não sei o que te dizer. Meu único conselho seria procurar ajuda profissional. Não ligue mais para mim. Adeus.

Ela desligou na minha cara.

- Baranga... - a amaldiçoei ao que apertava o aparelho em minha mão.

Tentei processar todo o conteúdo da ligação e falhei miseravelmente. Mesmo que ela não gostasse de mim, por qual razão iria se recusar a ajudar o próprio filho? Não entrava na minha cabeça. Repassei a conversa na mente, tentando achar algo que talvez tinha deixado passar batido, mas nada me aparecia.

Depois de um tempo, eu quase desisti, até que lembrei-me de suas últimas palavras "Procure ajuda profissional", ela disse com um pouco de urgência. Eu poderia estar apenas me agarrando a qualquer coisa, mas não, eu tinha certeza de que sua voz havia mudado um pouco quando ela disse isso. Como se fossem muito importantes. Eu ainda não estou louco.

Mas o que ela quis dizer com isso? Presumi que realmente fossem os profissionais de saúde, mas e se ela estivesse se referindo a outras pessoas? Quem? Um padre exorcista? Os irmãos Winchester? Alguém que ela, por algum motivo, não se sentia confortável em dizer diretamente. Ou talvez eu estivesse apenas desesperado.

Notas

Jimin saiu, galera! Todos calmos 🙌🏻

O que será que a megera da mãe dele quis dizer? Talvez isso nunca tenha resposta 🤷🏻‍♂️

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Beijinhos.

ESSE NÃO É MEU MARIDO. - JJK+PJMOnde histórias criam vida. Descubra agora