5. Espírito revolucionário

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90° dia de treinamento

As atividades do treinamento chegaram ao fim. Os dois últimos dias no Centro de Treinamento foram dedicados às preparações para a Cerimônia de Formatura, na qual cada jovem descobriria o tipo de futuro que os avaliadores lhes designaram de acordo com suas competências. Kim Jongin achava fortemente que, após enfrentar tantos desafios, seria visitado pela sensação de dever cumprido. Mas não. Em suas horas finais ali, ele passou a noite em claro, contrariando o hábito que adquiriu de adormecer com facilidade, tendo as pernas entrelaçadas às de Park Chanyeol.

— No que você está pensando? — sonolento, o sessenta e um murmurou rente à orelha de Kim, que revirou na cama novamente.

— Desculpa te acordar. — Jongin suspirou alto. Eram quatro e pouco da manhã. Dali a pouco, Chanyeol abandonaria a cama quentinha para ir se exercitar. E Jongin esperava que esse momento não chegasse. Não queria largar o corpo morno.

— Vem cá. — Park também se remexeu na cama. Passou um braço debaixo da cabeça do oitenta e oito e o trouxe para se acomodar em seu peitoral. — Quer conversar? — perguntou, acariciando a bochecha do outro com a ponta dos dedos.

— Estou com medo, Chanyeol — contou, rápido, como quem não quer prolongar a dor de remover um curativo. Não tinha motivos para fazer rodeios. Buscou o olhar do namorado e continuou: — Medo de tudo isso acabar de repente.

— Como assim, amor? — Jongin se deleitou com o que ouviu. Antes, nos raros momentos em que trocou os livros de história e ciências por romances, considerou chamar alguém de amor como sendo a breguice mais antiga dos seres humanos, o costume milenar mais antiquado. Agora, imerso no romantismo de Chanyeol, admitia que estava errado.

— O treinamento, a nossa Toca 1 da Ala Leste... — Kim pausou para dar um selar nos lábios de Park. Então, ainda com os rostos milimetricamente próximos, declarou: — Eu gosto de dormir e acordar com você, gosto de competir com você, gosto de poder estar com você todos os dias. E se isso acabar hoje? O que faremos? Como podemos ter certeza de que vamos ficar juntos?

Chanyeol deu um sorriso pequeno, encantado com as preocupações de Jongin. Ainda meio lento por causa do sono, girou-os na cama, de modo a ficar sobre Kim, e revelou:

— Pensei sobre essas coisas também. — Apoiou-se com as mãos. — Eu não suporto a ideia de ficar longe de você, sabia? — Por uns instantes, ele abaixou a cabeça e cheirou a clavícula exposta de Jongin, deixando o aroma doce preencher suas narinas. — Eu te garanto que, não importa como — buscou o olhar do oitenta e oito —, nós vamos dar um jeito de ficar juntos. Combinado?

— Combinado... — Kim confiou nas palavras de Chanyeol, mesmo sabendo que aquilo não cabia somente ao controle dele.

Como membros das Forças Especiais, eles deveriam obedecer às ordens, acatar os superiores, seguir as vontades do Governo Universal. Era alta a probabilidade de acabarem se separando em algum momento, sabe-se lá quando e por quanto tempo. Por isso, deveriam aproveitar as certezas que tinham e deixar as dúvidas para depois.

Deveriam viver o presente.

— No começo, não vai ser difícil — Chanyeol tranquilizou Jongin —, já que nós dois vamos ser mandados para o mesmo esquadrão. — A menção a esse fato instantaneamente remediou Kim Jongin.

Ah, verdade! Nas últimas atualizações do ranking, o oitenta e oito recuperou o primeiro lugar e o sessenta e um voltou a ser o segundo (desta vez, sem detestar a ideia de ficar abaixo do filho do coronel). E, por serem os melhores, não era novidade o que aconteceria com eles na Cerimônia de Formatura. Os dez primeiros colocados sempre eram direcionados ao Primeiro Esquadrão.

Olhos no HorizonteWhere stories live. Discover now