10. A Reforma

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Kim Jongin despertou sorrindo. Pela leve dor que sentiu nos músculos das bochechas, acreditou que aquele mesmo sorriso devia ter enfeitado sua boca durante boa parte do tempo em que dormiu nos braços de Chanyeol. Com certeza, se pudesse, escolheria passar mais uma infinidade de horas ali, na cama com Park Chanyeol, fingindo que nada mais no universo importava.

A muito custo, livrou-se do aperto dos braços fortes em sua cintura e sentou-se devagar. No ato, tentou não acordar Park, que, conforme denunciava a boca entreaberta e o roncar baixinho, estava profundamente adormecido.

Jongin resolveu analisá-lo um pouco, e essa foi uma péssima ideia, porque quase se perdeu admirando a figura tranquila do seu amor. Queria marcar em sua memória aquela cena, sem dúvidas uma das mais belas que viveu: Park Chanyeol deitado de bruços na cama, entre os lençóis, com os cabelos bagunçados e a pele macia iluminada somente por raios de sol que, apesar de quase sumirem no horizonte do fim de tarde, continuavam avançando pelas paredes de vidro do quarto. Coisa de filme.

Kim, nem em seus melhores sonhos, tinha imaginado que acabariam tão bem assim. Por isso, demorou um pouco para conseguir tirar os olhos de Chanyeol. E, mesmo quando o fez, não teve coragem de acender nenhuma luz — para não interferir no espetáculo. Forçou os olhos e usou o tato apurado para conectar a mão direita de Park ao soro proteico, com muito cuidado. Quando obteve sucesso, levantou-se, ignorando completamente a dor entre suas pernas, e tratou de tomar um banho rápido, mas não sem antes catar o seu dispositivo portátil e enviar uma mensagem a Doh Kyungsoo, avisando que desceria em meia hora para irem à reunião.

Quando saiu do banheiro, Jongin foi assustado pela figura desperta de Chanyeol, que coçava os olhos e bocejava alto. Assim que viu Kim, Park perguntou:

— Você já precisa ir?

Jongin avançou em direção a ele, com uma toalha em volta da cintura e gotículas de água distribuídas em todo o corpo.

— Sim — inclinou-se brevemente sobre Park, deixando seus cabelos molharem o rosto dele —, e você vai comigo.

Um vinco surgiu entre as sobrancelhas de Chanyeol.

— Tem certeza de que eu posso participar? — Ele sentou na cama, já se sentindo mais acordado. Desejava muito ir àquela reunião e, quem sabe, sanar algumas das milhares de dúvidas que tinha, mas, honestamente, não sabia se estava pronto. Seria um desafio enorme assumir a sua nova identidade apenas horas depois de tê-la aceitado.

— Tecnicamente, só os membros da liderança podem participar de reuniões como essa — Kim explicou ao se afastar de Park. Enxugou-se rapidamente e vestiu suas calças, que antes estavam jogadas no chão do quarto. — Se alguém reclamar, eu trato de explicar o motivo de ter levado você.

— Que é?...

— Você não é alguém comum, Chanyeol. É um militar de alto nível — Jongin lembrou-o. — E, por causa disso, não será um Revolucionário comum. Acredite, quando eu propus que nós te aceitássemos, não foi porque eu queria ter uma boca para beijar no meio da guerra. — Pausou e estalou a língua. — Tudo bem, confesso que esse pode até ter sido o meu motivo. — Deu de ombros. — Mas os outros líderes só concordaram comigo porque reconhecem que nós precisamos de combatentes excelentes do nosso lado. Precisamos de alguém como você, Chanyeol, um ex-coronel, que domina todas as estratégias que podem ser usadas contra nós, que sabe de cor e salteado todos os procedimentos das Forças Especiais. Queremos que você atue na equipe tática, ajudando a elaborar os ataques. Então é óbvio que todos os líderes sabem que você precisa ter, pelo menos, uma visão geral dos nossos planos — Jongin frisou. — Agora me diga: que momento é mais oportuno para isso do que essa reunião?

Olhos no HorizonteWhere stories live. Discover now