Forever is just the beginning

Sussurros da Liberdade

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**Pov Narrador**

Camila amanhecera tranquila, após conseguir pegar no sono pela segunda vez. Talvez a presença de Lauren tivesse trago um alívio inesperado. Já estava na terceira semana naquela mansão, quase completando o primeiro mês. Apesar de não precisar se preocupar com sua família no momento, os pesadelos persistiam, arrastando-a para lembranças de um passado e presente horríveis.

As manhãs na mansão eram marcadas por um silêncio profundo, interrompido apenas pelo canto dos pássaros e pela luz suave que filtrava através das cortinas pesadas. Camila e Lauren estavam sentadas perto da sacada, observando o céu azulado. O contraste entre a serenidade do exterior e a tempestade interna de Camila era quase palpável.

— Conseguiu achar algo no diário de Maria Estrabão? — Lauren perguntou, sua voz etérea carregada de uma melancolia antiga. Seus olhos claros, normalmente tão brilhantes, estavam agora ofuscados pela intensidade da luz. Ela parecia lutar contra a claridade, como se a luz do dia fosse uma agressão física.

— E você, já tentou sair dessa casa? — Camila rebateu, ignorando a pergunta da mais velha. Sua curiosidade era misturada com uma preocupação sutil, um reflexo do desejo de entender mais sobre a situação de Lauren e a sua própria.

— Assim como você, fui amaldiçoada. — Lauren estreitou os olhos, um gesto que transmitia sua frustração e tristeza. — Não posso sair das redondezas. Já tentei de todas as formas possíveis, mas é como se houvesse uma barreira invisível me impedindo. — A frustração em sua voz era clara, marcada por anos de impotência. Ela suspirou profundamente, a dor visível em cada gesto, como se cada tentativa fracassada fosse uma ferida aberta.

Camila sentiu um aperto no peito, a dor de Lauren ressoando com suas próprias angústias. Embora Camila não estivesse fisicamente presa na mansão, sentia-se confinada por suas próprias limitações e o peso dos eventos recentes. A mansão parecia se fechar ao redor delas, um labirinto de paredes e sombras que refletia a sensação de aprisionamento emocional que Lauren enfrentava.

Camila e Lauren estavam sentadas em silêncio, o clima pesado entre elas enquanto o sol filtrava-se através das cortinas. O silêncio foi interrompido quando Camila, com um impulso repentino, se levantou e foi até uma mesa ao canto do quarto. A mesa estava cheia de livros e papéis, frutos da sua busca incessante por respostas.

Com mãos trêmulas, ela puxou um livro encadernado com capa de couro. Era o diário de Maria Estrabão, o livro que a pertubara todas as noite. Camila o abriu, seus olhos correndo pelas páginas amareladas e gastas. Ela começou a ler em voz alta, sua voz rouca quebrando o silêncio.

Data não informada local não informado

— “Eu vim deixar uma mensagem, uma mensagem que deve ser escutada e mantida em segredo...” — A voz de Camila tremia, as palavras pulsando com um peso ancestral.

Lauren, observando atentamente, se aproximou, sua presença etérea pairando sobre Camila. Seus olhos, normalmente frios, mostravam uma centelha de curiosidade e preocupação enquanto Camila continuava a ler.

— “Eu sou Maria Estrabão Noceda e vou te contar sobre ela, a temida Jauregui...” — Camila fez uma pausa, os olhos arregalados enquanto reconhecia o nome familiar. — “Ela não é tão má assim. Ela é meu amor e estamos bastante encrencadas, no caso eu estou.”

Lauren franziu a testa, a revelação causando uma agitação em seu interior, mas ela manteve-se em silêncio, permitindo que Camila continuasse sua descoberta.

— “Michelle tem um progenitor que digamos não é nada bom. Um vampiro sanguinário. E eu, por ser de uma linhagem de caçadores, não sou a nora favorita.” — A cada palavra, Camila sentia o peso da história envolvendo sua família e a de Lauren se entrelaçando, como fios de um destino já traçado.