Dynasty - JIHAN ABO

Alfa;

O clima antes frio dera lugar a uma temperatura amena, criando uma atmosfera acolhedora naquela manhã. Pequenos raios de sol, mesmo que leves, cobriam o rosto do pequeno ômega, trazendo uma sensação de conforto que contrastava com a rigidez da noite anterior. Seus olhos abriram-se lentamente, ainda ajustando-se à luz que penetrava pelas folhas das árvores. O brilho suave do sol refletia neles, criando um espetáculo de cores que misturava o azul profundo de seus olhos com os tons dourados da manhã. Era uma visão tranquilizadora, quase etérea, que parecia aquecer não apenas sua pele, mas também seu espírito, dissipando aos poucos o torpor que ainda restava em seu corpo.

Com um suspiro, Jisoo levantou lentamente o tronco, sentindo o calor de uma grande manta que cobria seu corpo. O tecido macio e pesado oferecia uma proteção que ele não recordava ter buscado. Conforme seus sentidos despertavam, a sensação de estranheza e desconforto tornava-se mais presente. Olhando para si mesmo, percebeu que estava completamente nu. A compreensão veio como um choque, lembranças fragmentadas da transformação lupina emergindo de sua mente. Lembrava-se de ter corrido pela floresta, fraco e prestes a morrer. Agora, ali estava ele, vulnerável e exposto.

Instintivamente, Jisoo puxou a manta para cobrir-se mais, envolvendo-a firmemente ao redor de seu corpo nu. Seus olhos, ainda ajustando-se à luz, começaram a examinar o ambiente ao redor. A cabana onde se encontrava era pequena e simples, mas estava claramente em estado de abandono. As paredes de madeira estavam desgastadas, com várias fendas por onde a luz do sol entrava timidamente. Teias de aranha adornavam os cantos, e uma camada de poeira cobria o chão e os móveis rústicos. Era evidente que ninguém havia habitado aquele lugar por muito tempo.

No entanto, o estado da cabana era o menor dos seus problemas. Um medo profundo começou a crescer em seu peito, alimentado pelas inúmeras possibilidades que sua mente ansiosa conjurava. "Será que fui sequestrado por uma comunidade rival? Estou sendo mantido aqui contra a minha vontade?", ele pensava, o coração batendo cada vez mais rápido. As histórias de rivalidades entre clãs e de conflitos territoriais inundaram sua mente, aumentando a sensação de pavor. Ele sabia que, como ômega, era especialmente vulnerável a essas ameaças, e a ideia de estar nas mãos de inimigos fazia seu sangue gelar.

ㅡ Calma, Jisoo, respire fundo... você estava na frente de uma cabana velha, não é? ㅡ ele murmurou para si mesmo, tentando organizar os pensamentos. ㅡ Então, com certeza, deve estar nela…? ㅡ Ele deixou o questionamento no ar, lembrando de ter realmente caído frente à porta de uma cabana na noite anterior, esgotado e à beira da exaustão. ㅡ Então eu estou aqui?

ㅡ Você sempre conversou sozinho? ㅡ Jisoo olhou rapidamente para a porta, sentindo um arrepio quando viu alguém, ou melhor dizendo, um alfa, parado. Ele pegou o manto grosso com pressa, cobrindo seu corpo até o pescoço. ㅡ Acho que o frio acabou com os resquícios de consciência...

ㅡ Q-quem é você? ㅡ Jisoo elevou mais a voz, fazendo um estudo rápido do alfa.

O alfa estava usando uma calça de couro escura que se ajustava perfeitamente ao seu corpo, destacando sua silhueta robusta. Ele vestia uma camisa de um tecido que o ômega reconhecia, pois era comum ele mesmo usar aquele tipo de material. Seus olhos negros carregavam um olhar penetrante, que deixava o ômega assustado pelo jeito intimidador. No entanto, o homem não tinha cicatrizes ou marcas em sua pele; para um alfa, ele tinha uma aparência surpreendentemente apresentável.

O aroma que emanava dele era inconfundível, o cheiro forte e dominador de um verdadeiro alfa. Havia algo selvagem e primitivo naquele cheiro, uma mistura de madeira queimada e ervas frescas, que fazia com que cada instinto de Jisoo gritasse alerta. A figura do homem, com suas roupas de couro e postura confiante, parecia ter saído diretamente de um conto antigo, e Jisoo não pôde deixar de sentir uma mistura de medo e fascínio.