Prólogo;

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A neve caía incessantemente, cobrindo a vila em um manto branco e implacável. O vento gélido uivava pelas ruas desertas, levantando nuvens de neve que cegavam qualquer um que ousasse sair de casa. As árvores estavam pesadamente carregadas, seus galhos se dobrando sob o peso da neve acumulada. As construções, simples e robustas, estavam quase enterradas, com apenas os telhados pontiagudos se destacando contra o branco sem fim. O silêncio da nevasca era cortado apenas pelo som ocasional de portas se abrindo e fechando rapidamente, enquanto os moradores tentavam manter o calor dentro de suas casas.

No coração desta vila, uma cabana maior e mais robusta se destacava. Construída com toras grossas e equipada com lareiras sempre acesas, esta era a morada da família mais importante da comunidade.

O líder da vila, um alfa imponente, era conhecido por sua dureza e seriedade. Sua presença era dominante, e suas decisões raramente eram contestadas. Ele liderava com um punho de ferro, sempre priorizando a sobrevivência e a prosperidade da comunidade acima de tudo. Ao seu lado, sua esposa, uma ômega de coração generoso, equilibrava sua rigidez com compaixão e amor. Ela era uma figura amada e respeitada, sempre pronta para ouvir e cuidar dos problemas dos cidadãos com um sorriso gentil.

E havia o filho, Hong Jisoo. Sendo o único ômega e único herdeiro do casal, ele se destacava não apenas por sua posição, mas também por sua aparência distinta e graciosa. Com cabelos negros como o pai e olhos azuis cristalinos herdados da mãe, Jisoo era uma figura delicada e frágil, mas com uma beleza de se dar unveja ao povo. Na sociedade em que viviam, um ômega era esperado ser exatamente assim: delicado, submisso e gracioso.

Jisoo sentia profundamente as expectativas colocadas sobre ele, por ser o futuro líder, dúvidas sempre cercavam a vila, até porque não era comum um ômega liderar algo sozinho.

E era por esse motivo que a sua cabana maior estava repleta de uma tensão palpável. A conversa que permeava o ambiente era uma das que Jisoo menos gostava: casamento. Seus pais discutiam possíveis alianças e vantagens que poderiam surgir de um casamento bem arranjado, mas para o ômega, o tema era um tormento. Ele sempre evitara falar sobre isso, mas agora parecia inevitável. — Na reunião que tive com os líderes do Sul, — o alfa começou, olhando fixamente para o primogênito, que permanecia de cabeça baixa, — concordamos em uma união para alcançar a paz entre nós.

Jisoo sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Sabia o que viria a seguir, mas não queria acreditar. Com o coração pesado, ele murmurou, quase inaudível, como se pedisse aos deuses para que sua premonição estivesse errada:

— Por favor, que não seja um casamento, por favor...

O líder continuou, sem perceber ou ignorando o tormento no rosto do filho:

— A melhor maneira de selar essa aliança é através de um casamento. Você, Jisoo, será o elo que unirá nossas duas comunidades.

Jisoo levantou os olhos, incrédulo e desesperado. Seus pais pareciam tão certos da decisão, tão alheios ao turbilhão de emoções que ele sentia. A rainha, ao perceber o olhar de sofrimento do filho, tentou intervir, sua voz suave, mas firme:

— Querido, sabemos que isso é difícil, mas precisamos pensar no bem maior. Um casamento trará estabilidade e segurança para todos nós. Além disso, ouvir dizer que o filho deles é um bom alfa.

As palavras de sua mãe, embora gentis, não aliviaram a dor que Jisoo sentia. Ele se sentia traído, como se seu destino fosse selado sem qualquer consideração por seus próprios desejos. A sala, antes apenas tensa, agora parecia apertar-se ao seu redor, sufocando-o. Ele queria gritar, correr, fazer qualquer coisa para escapar daquela realidade que lhe parecia tão cruel.

Dynasty - JIHAN ABOOnde histórias criam vida. Descubra agora