03. Paciente(zinho)

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Yoongi

Corredores cheios, sons frenéticos de máquinas, muita gente falando ao mesmo tempo, com certeza era segunda-feira. Por que diabos as pessoas deixavam para começar um tratamento nesse dia, ou simplesmente se machucavam aos domingos? Nesse dia da semana eu dava graças a Deus por operar somente na parte administrativa desse hospital.

Assim que cheguei, fui direto para minha sala que era separada dos consultórios no segundo andar, sentei-me à mesa grande que ficava no centro e depois de ligar meu computador, comecei a trabalhar. Eram números e planilhas para tudo quanto é aba, mas depois de alguns poucos minutos concentrado naqueles documentos sem fim, fui interrompido por três batidas na porta.

— Entre! — Grito sem tirar os olhos do computador.

— Com licença, senhor. — Era um enfermeiro da equipe de pediatria, acho que era Jinyoung. — Sou Park Jinyoung, auxiliar do Dr. Kim — Acertei — mas dessa vez quem me mandou aqui foi o Dr. Wang.

— Sim, sim, algum problema? — Lá vinha bomba.

— Bom, o convênio do orfanato Santa Rosa com o hospital expirou no mês passado, mas ainda assim nos mandaram um paciente... zinho. — Jinyoung falava calmamente, mas acho que ele estava um pouco receoso por não ser acostumado pela minha expressão séria.

— E Mark, a todo modo, quer atendê-lo gratuitamente, acertei? — Questiono o óbvio, tão previsível.

— Sim, senhor. Quer dizer... — O Park se embolou um pouco, não queria entregar seu superior de bandeja, mas esse não seria o problema, pois eu conhecia Mark muito bem. — Digo, nã-não é isso, o doutor Mark apenas pediu para que o senhor fosse até a sala dele, por favor.

Respirei fundo e sorri amargo, liberando o enfermeiro em seguida, assim levantei-me logo depois para ir em direção a sala do Mark. Eu sabia o que estaria por vir e usava o tempo do pequeno trajeto para organizar meus pensamentos, Mark sabia como me convencer a relevar suas caridades. Não que isso fosse ruim, ou não fosse do meu agrado, mas o hospital estava entrando em alerta com uma ponta de crise.

Enfim, agora era tudo ou nada.

— O que você arrumou dessa vez? — Entrei de uma vez na sala, sem bater na porta.

— Não te ensinaram a bater antes de entrar, hm? — Suspirou pesado com um olhar bravo que foi ignorado por mim, pois outro olhar me chamou a atenção naquele consultório claro.

Ele estava sentado em uma poltrona grande demais, usando roupas simples demais, tinha um olhar triste e muito assustado que era quase coberto pela grande franja castanha. Conforme eu me aproximava, mais imóvel ele ficava, com as bochechas infladas e um biquinho choroso nos lábios.

Ah! Eu o tinha assustado.

— Hyung, podemos conversar lá fora? — Mark interrompeu nosso contato.

— Ham... Claro. — Saí do meu transe e praticamente corri em direção a porta.

Antes de me acompanhar, Mark falou algo com ele, talvez avisando que não ia embora, ou algo do tipo, provavelmente tranquilizando o pobre menino que deveria ter medo de ficar só. Somente depois de tê-lo convencido que veio ao meu encontro.

Assim que nos posicionamos do lado de fora do consultório, fui posto contra a parede, claro, no sentido figurado. Mark me encheu de perguntas e imposições.

— Temos que ajudá-lo e você sabe disso, não sabe? — Falou de uma vez, com uma postura autoritária que ele só tinha em momentos delicados. — Ele está em observação desde ontem à tarde.

HAPINESS - NAMJINOnde histórias criam vida. Descubra agora