Capítulo XVI

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Afobado, Loid chegou a recepção do hospital. Ele estava com o terno amassado e pouco sujo, mas com ferimentos em seu corpo que o incomodavam. Mesmo assim ele ignorou as dores.

— Yor Forger.

— Um momento. — Disse a recepcionista. — Segundo andar à esquerda, quarto 226.

— Obrigado.

Então ele saiu em busca do quarto em questão. O silêncio predominava aquela parte do hospital, o que quebrava ele era apenas o "pi" sequencial que as máquinas ao lado dos pacientes faziam.

— 218, 220, 222... — Loid lia o número das portas ao andar.

De repente ouviu uma das sequências de batimentos cardíacos registradas pelas máquinas parar. Um arrepio correu pela sua espinha, e sua ansiedade aumentava assim como barulho conforme se aproximava do quarto de sua esposa.

Para a sua infelicidade e desespero, o barulho vinha especificamente do quarto 226.

— Não... — Disse angustiado. — Não pode ser.

Adentrou o quarto às pressas, prestes a entrar em Pânico. Então a viu deitada, de olhos fechados e com uma enfermeira ao lado cobrindo-a.

— YOR, POR FAVOR, NÃO!! — Gritou.

— Quieto! Vai acordá-la. — A enfermeira o repreendeu.

— O que?

— Ela está descansando. — a mulher conecta um fio solto à máquina, que volta a marcar os batimentos cardíacos.

Loid ficou mais aliviado, mas achava aquela voz familiar, só foi quando a mulher se virou que a reconheceu de verdade.

— O que faz aqui?

Se tratava de Sylvia Sherwood, ou melhor, Handler, a superior de Twilight.

— Não entendi a pergunta. Não posso entrar no hospital?

— Certo, vou reformular a pergunta. O que faz aqui nesse quarto vestida de enfermeira?

— Eu estava preocupada com a Yor. Com a saúde dela e com possíveis perigos externos.

— Agradeço a preocupação. — Loid então finalmente se aproximou de Yor. — Mas achei que enviaria outra pessoa.

— E enviei, porém como a criança não poderia sair do berçário, eu fiquei ao lado da sua esposa.

— Quem está com o bebê?

— Fiona

—E a Anya?

— Está descansando perto do berçário.

— Franky?

— Disse para Yor que ela poderia apertar sua mão se sentisse dor e foi para a emergência com a mão quebrada.

— Como foi a operação?

— Muito bem.

— É um alívio. — Loid sorriu enquanto segurava a mão de Yor. — Me desculpe por não poder vir mais cedo. Mas... Você foi incrível, meu amor. — e então depositou um selar em sua testa.

— Quer ver o bebê? Eu fico aqui.

— Quero, mas eu volto logo. — acariciou o rosto de sua esposa e saiu em seguida.

Não teve dificuldade alguma em achar o berçário, e logo na frente da grande janela de vidro estava Fiona, séria como sempre e com o olhar fixo. Atrás dela estava Anya sentada em um banco lutando contra o sono.

— Ainda acordada? — Se aproximou de sua filha mais velha.

— Pa... o senhor chegou...

— Sim, agora pode dormir sossegada. — sorriu.

— Tudo bem... — Ela bocejou. — Mas pa...

— Sim?

— Essa mulher é estranha... — Disse baixo.

Anya estava com a cabeça doendo por conta dos pensamentos de Fiona. Revoltada pelo Loid não ter tido um filho com ela. Mas ainda assim achando o bebê lindo.

— Ela é.

Então Anya sorriu e se deitou no banco, Loid a cobriu com seu paletó e entrou no berçário.

— Loid. — Chamou Fiona. — O do Moisés verde, é seu filho.

— Certo.

Adrenalina correu pelas suas veias, pela primeira vez em muito tempo suas mãos tremiam. Ao se aproximar da criança notou que ela estava acordada.

Seus cabelos eram loiros como o seu, sua pele era clara e seus olhos vermelhos como rubi.

— Os olhos da sua mãe. — Sorriu novamente, sentia uma felicidade genuína e se arrependia amargamente de não estar presente durante o parto.

O garoto o olhava de forma curiosa e atenta para o homem à sua frente. Loid queria muito o segurar em seus braços, mas se sentia sujo para isso. Tanto por fora quanto por dentro.

— Oi bebê. — Disse Loid ao entregar seu dedo indicador para ele, que o segurou imediatamente. — Eu sou seu pai.

— Eu acho que ele te reconhece. — A morena balbuciou.

— Yor? Era para estar descansando.

— Eu estou bem, já descansei o suficiente.

— Ela queria vir andando, pelo menos cedeu a cadeira de rodas. — Handler a carregava.

— Não quero ser um incômodo, então logo voltarei para o quarto. Só queria vê-lo novamente, e fico extremamente feliz que esteja aqui também.

— Bom, vou deixá-los com o novo membro da família. Bye.

— Yor, eu... eu sinto muito. — Repetiu Loid com lágrimas em seus olhos. — Eu deveria estar aqui com você.

— Loid, não se preocupe. — Ela se levantou e limpou algumas lágrimas que caíram. — Você estava ocupado e não poderíamos saber quando aconteceria. O que importa é que está aqui agora. — Ela o abraçou. — Eu te amo, Loid.

— Eu também te amo, Yor. — E então se beijaram, com todo carinho e ternura que tinham. — Então, já escolheu um nome?

— Ainda não, queria que você também estivesse presente e desse sua opinião.

— Tem algum em mente?

— Keita.

— Keita Forger. É um bom nome. — Loid se virou para a criança com sua esposa ao seu lado. — Bem vindo a família, Keita.

Não sabem dizer se foi real ou não, mas tinham certeza de verem a criança sorrir para ambos.

Damian X AnyaOnde histórias criam vida. Descubra agora