Meu corpo estava cansado e apoiado em uma base de madeira. A neve tocava meu casaco enquanto eu me sentia completamente em paz. "Essa sensação... Não demorou para me acostumar com ela. Esse conforto, essa calmaria..."
— Chara!! — Mas minha cabeça logo se levantou com o berro de um pequeno garoto cabra mascarado à minha frente.
— Tô acordada! — Meu cabelo estava meio embaralhado, e sua voz era claramente raivosa. Isso aconteceu há uma semana, eu acho.
— Tá nada! Eu te avisei que, se dormisse no seu ponto de novo, eu ia te dar ração no lugar de comida!
— Que sorte a minha, então. Os seus biscoitos doces são bem bons. — Nem se passou tanto tempo, e meu conforto já voltou.
— Chara...!! — Que contraditório, não? Algo tão bobo. Ele nem fez isso para ser gentil, estava tentando ser cruel, como sempre fazia. Mas, ainda assim... o Asriel era a melhor companhia que eu podia ter no subsolo. Bom... até os rumos mudarem e... eu fazer o que fiz, por uma humana que eu matei logo na primeira vez em que vi. Que contraditório... não?
...
A cabeça estava pesada, mas os pensamentos e a dor finalmente haviam cessado. As flores permaneciam, não podiam ser removidas, mas o conforto de ter mais uma pessoa para ajudar era acolhedor, o que fazia sua determinação na jornada aumentar ainda mais.
Frisk passou cerca de uma hora desmaiada, repousando em um banco. Ela foi acordando aos poucos, tentou abrir os olhos, mas... "Ah, as flores, verdade..." sua visão já havia desaparecido. Ela tocou ao redor e entendeu em que estava deitada, dando um breve impulso para ficar sentada.
— Ufa, você acordou. — A voz que escutou, vindo logo à sua frente, era de Boogie, que estava plantado no chão, provavelmente de guarda para o caso de algum monstro se aproximar.
— Acabei ficando preocupado. Nossa, eu nunca imaginaria que a luta contra o Asriel fosse ser tão difícil... Afinal, você conseguiu passar pelo Papyrus bem fácil.
— É... estranho... — Frisk não sabia como explicar ao monstro-flor seus poderes, era algo fora do comum até para ela.
— Onde estamos?
— Estamos em Waterfall, em um local mais escondido. Era nossa próxima parada depois de Snowdin.
— Entendi. E onde está a Chara?
— Ela disse que ia buscar uma coisa importante e que já voltaria. Inclusive, Frisk, eu ainda não tenho certeza se devemos continuar seguindo com ela...
— Agora não temos muita escolha, Boogie. Mas não precisa se preocupar, ela é uma boa pessoa. — A humana sorriu e o monstro-flor abaixou a cabeça, fazendo uma careta desacreditada. "Você fala isso sobre todo mundo."
A humana se levantou do banco em que estava e começou a dar alguns passos com a mão estendida, tentando identificar uma parede ou objeto. Quando o fez, pôde sentir a maciez e a pelugem da superfície em que encostava. "É uma parede de terra, onde um pouco de grama curta cresceu... que fofo." Ela deu algumas batidinhas e caminhou seguindo essa direção.
— Cuidado, tem um riozinho cinco passos à sua frente. Se quer seguir por aí, então pise no caminho de flores que a Chara usou para chegar aqui... ah, e não me deixe para trás! — Boogie avisou, com o final da frase fazendo a garota dar algumas risadinhas. Ela voltou alguns passos e foi em direção ao banco, mas sua mão encostou em algo antes. Algo delicado e fino, uma sensação já conhecida.
— Uma flor?
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StoryFlowerFell
FanfictionHá muito tempo atrás, duas raças dominavam a terra: monstros e humanos. A relação entre ambas as raças era conflituosa, hostil e difícil, pois os humanos temiam os monstros, tanto por suas aparências quanto pela grande força que eles poderiam ter ao...