Uma Nova Companhia

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Após tantas e tantas mortes, tantos projéteis destruindo seu corpo, tantos ossos a perfurando, tanta dor... um momento de conforto finalmente surgia, vindo de uma mão que parecia se importar mais que as outras. A curiosidade por seus motivos te enche de determinação.

— Ei! Se afasta dela. — Boogie ameaçava, enquanto Chara mantinha a mão tocando a bochecha de Frisk. Ela pareceu se perder um pouco nos pensamentos enquanto o fazia, se afastando como pedido sem notar.

— Hum... é ciúmes? Você não precisa se preocupar, "Boogie", não vou mostrar meus espinhos para ela hoje. — Frisk olhava para ambos sem entender direito. O clima daquelas falas parecia ter um viés pessoal, pois a humana do subsolo deu bastante ênfase no nome do monstro flor.

— Ugh, nós não sabemos seus motivos para ter ajudado, então é natural não confiarmos logo de cara! — Boogie se justificou, mas ele parecia um pouco mais exaltado que o habitual. Outra coisa a se citar era o cenário atual... mas antes disso, Frisk estendeu a mão para o chocolate quente, não pensando em nada que poderia ter na bebida. Ela tomou enquanto a discussão dava uma breve pausa, a temperatura do chocolate quente parecia passar para o resto do corpo enquanto aquilo se transformava na temperatura ambiente, uma casa quente e aconchegante, meio bagunçada, com algumas coisas jogadas e, ou, quebradas por aí. Essa parecia ser a sala de estar; à esquerda havia uma escada para o segundo andar, onde tinha três cômodos, e à direita, uma entrada para a cozinha, onde também haveria a porta de saída em frente a essa entrada.

— Está bom? Isso é uma das poucas coisas que sei fazer, então se não estiver...

— Está bom sim, não precisa se preocupar. — A flor em frente ao olho de Frisk incomodava, mas ela olhou na direção de Chara e sorriu gentilmente, deixando as bochechas dela meio avermelhadas.

— Que bom, se está conseguindo engolir normalmente, então talvez melhore logo com repouso. Você desmaiou do nada na ponte... se não fosse por Chara, talvez você não tivesse sobrevivido à queda. — Boogie explicava a situação enquanto a citada dava um sorriso orgulhoso, como uma criança que foi elogiada pela mãe.

— É, se eu fosse te deixar cair em uma queda, não seria de modo literal. — Ambos olharam para a garota e... não entenderam. Ela suspirou e só abanou a mão para deixar pra lá.

— Hum... não sei se é meio grosseiro perguntar... — Frisk ergueu as mãos e pôs a xícara sobre a mesa suja, voltando os olhos para Chara.

— Mas por que está me ajudando e... sendo tão gentil? — Claro que essa pergunta viria, Chara sabia. Ela deu uma leve pausa, abaixando o sorriso, para assim se levantar.

— Aqui não é o melhor lugar para falar disso, florzinha. Vem, me segue, vamos para um lugar mais... tranquilo, por assim dizer. — Ela se virou e caminhou até a porta de saída, ficando escorada na parede próxima a mesma. Boogie e Frisk se entreolharam por um instante.

— Acho que não há muita escolha...

— Ah, sim, agora que lembrei. Tem que ser a sós, não quero uma flor irritante gravando nossa conversas.

— Que!? — Boogie demonstrou uma clara insatisfação quanto a isso.

— Queijo, levanta o rabo da gato e... ah, você sabe. É uma conversa de garotas, é errado ficar escutando junto. — Ela dava uma piscadela boba enquanto o monstro flor se recusava com todas as forças a aceitar isso.

— Está tudo bem, Boogie.

— Mas... Frisk, é perigoso...

— Eu sei, mas ela não vai me machucar, tenho certeza disso...

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