Charlie

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As faixas incomodavam-lhe um pouco a cada vez que mexia suas asas ou tentava esticá-las. Se fosse sincero consigo mesmo, ele poderia dizer que se sentia como um passarinho preso em uma gaiola e não gostava daquela sensação.

Azazel era poderoso e tinha grande conhecimento, o demônio havia deixado claro em cada uma de suas ações. Entretanto, o que realmente lhe incomodava era o fato deste ter desaparecido e não aproveitado seu estado atual para atacar. Não houve qualquer tentativa de invasão após aquela fatídica noite, algo incomum em sua visão e experiência e que poderia significar que algo maior poderia estar lhes esperando. Algo muito bem-planejado e lutar sozinho não era uma opção a ser cogitada desta vez.

O anjo sabia que não poderia proteger quem amava sozinho naquelas circunstâncias.

E para piorar, Gabriel estava desaparecido há um ano e, apesar de sentir falta de seu irmão, a última mensagem que recebera do brincalhão foi um pedido para que não fosse procurá-lo, para evitar serem alvos novamente de outra caçada dos céus ou do inferno e que o mesmo voltaria assim que as coisas se resolvessem.

Não gostou daquela ideia na época, como também ainda odiava a distância e a falta de comunicação com o irmão de consideração, apesar de saber que era necessário. Quase fora atrás do arcanjo muitas vezes, não porque não confiava em Gabriel ou duvidava de sua capacidade, mas sim, por medo de algo acontecer e ele não poder estar lá para ajudá-lo.

E, mesmo tendo consciência de que suas orações não seriam respondidas por questão de segurança, ainda assim, rezava para o brincalhão quase diariamente, contando sobre o que estava acontecendo consigo e não foi diferente quando Azazel apareceu ameaçando o nefilim. Castiel contou cada detalhe ao arcanjo, até mesmo sobre seus sentimentos conflituosos que lhe estavam machucando severamente naqueles dias.

O mais velho sempre tivera uma visão diferente dos demais anjos e arcanjos, todos sabiam disso. "Um libertino, apaixonado pelo pecado e pelos humanos" como era citado muitas vezes. Porém, Gabriel foi o primeiro a não lhe julgar e abrir ainda mais seus horizontes para que conseguisse o livre arbítrio e descobrisse o que era viver.

Sentado no colo do Winchester, a espaçosa poltrona se tornara pequena para acomodar ambos os corpos sobre si. O loiro havia sugerido mais cedo uma nova sessão de filmes depois de guardar o kit médico e ele logo aceitou, querendo distanciar certos pensamentos de sua mente.

Como um bom amante de filmes de terror, Dean tinha escolhido Sexta-feira 13 para eles assistirem antes de dormir. Porém, depois de quase três filmes seguidos, o anjo levantou-se de sua própria poltrona, avisando que iria checar o nefilim e que logo voltaria. O que o moreno não estava prevendo eram as mãos atrevidas do caçador enrolando em sua cintura num ato de coragem enquanto passava pelo mesmo, puxando-lhe para baixo e fazendo com que caísse no colo do mais alto.

Suas bochechas queimaram em surpresa quando fitou o rosto do humano. Encarando as iris tão verdes quanto esmeralda, Castiel se lembrou do irmão perturbando-o sobre seus possíveis sentimentos pelo Winchester mais velho.

Sentimentos que naquela época eram estranhos demais para sua compreensão, mas analisando sua situação naquele momento e tudo o que passou antes disso, ele tinha que admitir que o mais velho sempre esteve certo. O arcanjo notou antes de qualquer pessoa, antes mesmo dele mesmo notar o que acontecia em seu coração e em sua alma.

O anjo gaguejou, tentando reforçar que somente iria checar Jack. Contudo, o loiro, tão envergonhado e sem jeito quanto ele, pediu para que o mesmo fizesse silêncio e se concentrasse no longa-metragem, aumentando o aperto dos grandes dedos em sua cintura para que não pudesse sair dali.

Little Jack - DestielOnde histórias criam vida. Descubra agora