Little Jack - Destiel

Uma conversa franca

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Dois dias. Haviam se passado mais de 48 horas e, até aquele momento, ele não conseguira ter uma conversa franca com o anjo como tanto desejava. Não foi por falta de esforço de sua parte. Tinha perdido a conta de quantas vezes havia insistido. No entanto, sempre que se aproximava para tentar estabelecer uma conversa mais profunda e duradoura com o mesmo que não fosse a rotina com o bebê ou quando tentava ser carinhoso enquanto cuidava dos ferimentos em suas asas, Castiel se afastava envergonhado e desconfortável, praticamente fugindo dele.

Claro que, desde o começo, Dean possuía plena consciência de que não seria uma tarefa simples e, para piorar sua situação, também era péssimo em ser sincero sobre seus sentimentos ou ser romântico... Porém, eles somente dispunham de mais três dias sozinhos com Jack antes que os outros chegassem e tornassem sua missão de chegar no moreno quase impossível. E sua mente lhe atormentava para que tomasse medidas drásticas e agisse de uma vez.

Rowena após uma conversa com Sam, se prontificou a ajudá-los e havia-lhes ensinado um antigo feitiço forte o bastante para proteger o quarto da criança. Ele mesmo preparara todo o ritual com o auxílio de Castiel há um dia e, felizmente, o feitiço parecia funcionar muito bem contra os demônios, além de não ser conhecido por Azazel ou qualquer um dos seguidores de Lúcifer.

E, como se o universo estivesse conspirando a seu favor pela primeira vez em anos, o nefilim pegou no sono mais cedo que o comum. Ainda eram somente oito da noite quando deixou o bebê em um sono profundo no berço junto do urso-polar de pelúcia e saiu do cômodo, deixando a porta encostada para que ouvisse caso Jack chorasse, antes de rumar em direção ao quarto do anjo. Decidido a tentar novamente.

— Cas? — Bateu na porta levemente. Após jantarem e o loiro assumir a responsabilidade de cuidar da criança até que este dormisse, Castiel disse que iria se deitar para descansar. O anjo estava passando bastante tempo trancado em seu quarto quando não estava com Jack e parecia mais quieto que de costume em sua visão. Algo que estranhou de imediato, se antes o mesmo não saia de perto do bebê, agora parecia fugir dele, ficando em seu próprio quarto e evitando qualquer contato. Nem as maratonas de filmes que pretendiam fazer chegaram a acontecer. — Cas? Você está bem?

Não houve resposta alguma. Por mais que preferisse pensar que talvez o moreno somente estivesse dormindo para conseguir se curar mais rápido, sabia que a possibilidade era improvável, já que o menor raramente dormia e se recusava a aceitar que necessitava daquilo. Dean fechou os olhos, encostando-se na parede atrás de suas costas, cansado e imaginando que não fosse o melhor momento para aquilo. Talvez nunca fosse e Bobby poderia ter errado desta vez. Mas antes que pudesse se afastar, a porta foi aberta devagar.

— Aconteceu alguma coisa com Jack, Dean? — Perguntou, deixando o rosto pender para o lado e as sobrancelhas franzidas. Ele levantou seu rosto quando a voz chegou aos seus ouvidos, encontrando os olhos oceanos lhe fitando em confusão. Se não conhecesse Castiel como conhecia, não teria notado o leve brilhar úmido nas iris cristalinas e as bochechas mais rubras que o habitual, indicando que o anjo havia chorado por um bom tempo. Foram raras as ocasiões em que viu seu melhor amigo se derramar em lágrimas e, em todas elas, ele sentiu seu coração ferver de raiva e angústia por vê-lo tão vulnerável. Deveria ser um pecado fazer Castiel chorar daquela forma e o que mais atormentava o Winchester era saber que também já fora o culpado por deixá-lo assim algumas vezes. Muitas vezes... — Vou ficar com ele...

— Jack está dormindo, Cas. — Disse rapidamente, impedindo-o de sair do lugar. Ele limpou a garganta, nervoso, quando os olhos azuis lhe fitaram em plena confusão. — Precisamos conversar. — Falou com firmeza, ainda parado de pé no corredor.