Loop

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Ahoy Amigos!!!!
A desagradável surpresa do capitulo anterior será esclarecida para Stephen, e nossos heróis devem se mover constantemente, uma vez que, com a Corrente de um lado e o Conselho do outro, não existe nenhuma garantia de segurança.




Damage done to the flesh, what they said, in the name of the...

Damage done to the heart, is the start, of the end

Damage done to my soul, I know, it knows where my...

Damage done to my life, cursing loud, at the chaos

Akira Yamaoka, One More Soul To The Call


Por uns preciosos momentos, enquanto Stephen se julgava morto, esteve em paz.

Não era como a sensação de deixar seu corpo... sim, ele estava livre de pesos – porém de TODOS os tipos de peso: sem sofrimento, frustração, culpa ou arrependimento; sem nervos, sem entranhas, sem sangue, sem ossos; sem sentidos, sem mente. Liberdade doce, fluindo pelo ar. Sem apegos. Alívio por ter tudo acabado. Por suas responsabilidades para com a Terra terem terminado. Por não ter mais dívidas com ninguém.

Ele se perguntou se o Além reservava de fato uma espécie de Campos Elísios, ou Paraíso, ou Valhalla, e se ele era digno de tal.

Em sua mente, ele se visualizava no topo de uma colina dourada e alta, sob um belo dia de sol, com um céu tão azul que brilhava. Ele estava deitado sob a sombra de uma solitária arvore de algodão, nascida ao acaso, e havia duas cabeças descansando em seu peito: uma de longos cachos castanhos vívidos e brilhantes, como madeira de cerejeira, outra de cabelo tão preto que chegava a emitir um brilho azulado, como o dele; uma de uma linda menina de cílios fuliginosos, com o terno sorriso de uma criança que sabe que está segura no rosto, a fina penugem que cobria os braços, as unhas viçosas e brilhantes; outra de um garotinho no auge de seus onze anos, de sobrancelhas grossas, joelhos ossudos e ralados, pele bronzeada pelas pedaladas frenéticas de bicicleta ao ar livre e quente de verão, as mãozinhas sujas repousando sobre a camiseta cinza. Sob o braço que Stephen tinha envolvido a garota protetoramente, ele sentia seu coração pulsando, fazendo os pelos de seu braço farfalharem; escutava o som de chuva que vinha do peito do menino enquanto ele ressonava. Ele os amava tanto. Os amava e jurara que nunca ia amar mais ninguém da mesma maneira.

Havia mais alguém, lá embaixo. Uma mulher rodopiando, fazendo grilos e mariposas selvagens saltarem para segui-la como os servos e damas de honra de uma princesa, o Sol se fazendo refletir em seu cabelo de um castanho muito mais suave que o da irmã e no seu vestido branco, apaixonado por ela, talvez mais que o próprio Stephen; ela voltou seus olhos verdes por um instante na direção dele, sorriu e acenou. Stephen sorriu para ela de volta, aguardando que Christine voltasse a dançar para eles...

A brisa quente trouxe o cheiro da sua mãe e seu toque carinhoso; trouxe o gosto do orgulho do seu pai, em forma de bombom.

Não havia saudades, pois aqueles tempos bons nunca tinham acabado...

Então... então ele sentiu o ar deixando seus pulmões, e sentiu-os puxando-o de novo – mas como era possível respirar, se estava morto? – e sentiu seu coração irrigando sangue fervente pelo seu corpo inteiro, sentiu os baques mecânicos de seus intestinos, o formigamento já familiar nos dedos das mãos e – por último – sentiu seu espírito perguntando, meio decepcionado, para sua própria essência: então eu estou vivo, afinal?

Doutor Estranho: A AprendizaOnde histórias criam vida. Descubra agora